Richard Yu, diretor executivo e CEO do consumidor do Business Group da Huawei, em entrevista com o site theinformation disse que a linha de notebooks corre o risco de ser desativada caso não seja possível a utilização de processadores da Intel e sistema operacional Windows.

Por conta da fala de Richard durante a entrevista, a equipe do theinformation chegou a entrar em contato com um porta-voz da Microsoft, porém ele se recusou a comentar sobre o possível bloqueio da chinesa Huawei de utilizar o Windows nos notebooks da fabricante.

Apesar de não se ter nada concreto, de acordo com o "andar da carruagem" após a declaração de emergência nacional do presidente Donald Trump, presidente dos EUA, tudo leva a crer que mais cedo ou mais tarde a Microsoft provavelmente emitirá um comunicado acerca do uso do seu sistema operacional em notebooks Huawei bloqueando o seu uso.

Notebooks Huawei (Foto por equipe do site istoedinheiro.com.br )
Notebooks Huawei (Foto por equipe do site istoedinheiro.com.br )

É algo natural acontecer após o Departamento de Comércio dos EUA ganhar poderes para colocar qualquer empresa de telecomunicações chinesa que afete a segurança nacional na lista negra de negociações. Agora, qualquer empresa dos EUA que quiser negociar com as empresas chinesas que estiverem na lista (Huawei está), precisam de autorização do governo americano.

A primeira empresa americana a abandonar a Huawei foi a Google retirando o suporte ao sistema operacional Android e à sua loja Google Play dos futuros lançamentos da fabricante chinesa de smartphones. Logo em seguida houve comunicado de corte de negociações por parte da Intel, Qualcomm, Broadcom e Xilinx. Por fim, o último comunicado que tivemos foi a ARM (que não é americana, mas possui escritórios em território americano) se recusando a compartilhar produtos, tecnologia ou qualquer idéia com a Huawei.

A Huawei já vinha desenvolvendo hardware e software próprios (sistema operacional próprio) para a não dependência de produtos de empresas dos EUA, mas agora mais do que nunca a chinesa está tentando acelerar ambos os projetos por conta dos cortes recentes. A empresa chegou a fazer um estoque de peças de produtos de empresas americanas além de ganhar um período de 90 dias antes do corte total de todas as empresas que anunciaram o encerramento das negociações. Como pode ver o tempo está muito curto para a fabricante de smartphones.

O governo chinês vem incentivando há anos o desenvolvimento de chips próprios para depender cada vez menos de produtos dos EUA e a Huawei já vinha fazendo isso com seus chips de processamento Kirin desenvolvidos pela sua subsidiária Hisilicon. Porém, a empresa HiSilicon ainda depende de parte da tecnologia da ARM para a fabricação de seus chips fazendo com que a Huawei seja obrigada a "desenvolver do zero" um novo chip.

Há alguns anos também a Huawei vem desenvolvendo o Projeto Z que é o desenvolvimento de um sistema operacional próprio com um novo ecossistema de aplicativos. Porém, esse sistema estava sendo feito somente para o mercado doméstico chinês, não se planejava expandir o sistema para ser utilizado nos mercados estrangeiros.

O objetivo do projeto sempre foi desde o seu início o mercado doméstico, onde a empresa chinesa espera que seu novo sistema operacional forneça suporte para todos os tipos de dispositivos - de smartphones à werables (smartwatches) e aplicações - quando a China migrar para a rede 5G. Provavelmente o suporte à rede 5G que a Huawei estava oferecendo para os EUA, Brasil e Europa fazia parte do plano para realizar testes com os seus aparelhos na rede 5G e posteriormente implementar no mercado chinês. Porém, após o escândalo nos EUA de possível espionagem feita por empresas chinesas, as negociações foram muito prejudicadas como, por exemplo, a operadora de telefonia EE na Europa.

Os bloqueios dos EUA e de empresas americanas podem prejudicar de forma devastadora a Huawei acabando com a esperança de se tomar a maior fabricante de smartphones do mundo. A divisão de eletrônicos de consumo da empresa, que inclui smartphones, respondeu no ano passado a quase metade da receita total da empresa chinesa, com uma geração de US$107 bilhões. 

As sanções dos EUA podem esmagar as esperanças da Huawei de se tornar a maior fabricante de smartphones do mundo. A divisão de eletrônicos de consumo da empresa, que inclui smartphones, no ano passado se tornou sua maior fonte de receita, respondendo por quase metade da receita total da Huawei, de US$ 107 bilhões. Durante a entrevista do site The Information, Richard Yu informou no mês passado que a empresa havia estabelecido uma meta interna de triplicar sua receita em 2023 para US$150 bilhões.

A receita total da Huawei em 2018 foi de 108,5 bilhões de dólares. Para se ter uma noção melhor do que isso significa, no mesmo ano a coreana LG faturou US$ 54 bilhões, Samsung, outra coreana, faturou aproximadamente o valor de US$200 bilhões e por último a gigante americana Apple chegou a faturar seus US$265 bilhões (Obs: esses valores são referentes ao total de operações de todos os produtos). A Huawei conta com mais de 180 mil funcionários em 170 países e regiões pelo mundo. Além disso, recentemente a chinesa havia se tornado a segunda maior fabricante de smartphones do mundo.

A Huawei iniciou as suas vendas recentemente no Brasil e esperamos que a empresa evolua no país, mas parece que é algo difícil de ocorrer com a atual conjuntura de acontecimentos.

Imagine se tudo isso acabar? Será uma grande perda para a China e o pior, uma derrota para um governo que age de forma desonesta para atingir seus objetivos não medindo esforços para tal por conta de uma ideologia xenófoba.

Update da notícia: A Microsoft retirou os notebooks da fabricante Huawei da sua loja online. Segundo a CNN, a empresa não comentou nada sobre a ação de retirada dos produtos da fabricante chinesa de sua loja online. Ao pesquisar o nome da marca no site, aparecem mensagens de que aquele endereço é inexistente e erros no link de acesso.