A situação piora cada vez mais para a chinesa Huawei e isso ocorreu justamente no momento de sua vinda ao Brasil. As vendas dos seus smartphones já iniciaram no Brasil, será possível comprar os modelos atuais de celulares da marca por agora, mas não se tem mais garantia de que futuramente seja possível comprar novos modelos.

Depois que ocorreu a declaração de emergência nacional de Donald Trump para expulsar as empresas chinesas de telecomunicação do país, em especial a Huawei, os acontecimentos para a fabricante de telefones asiática ocorreram de uma forma brutal que agora a empresa realmente corre o risco de fechar as portas.

As portas começaram a se fechar para a Huawei com o anúncio da gigante Google que disse que não irá oferecer mais atualizações e nem a Google Play, sua loja de apps, para os futuros lançamentos de smartphones da fabricante. Em seguida a Intel, Qualcomm, Broadcom e Xilinx soltaram um comunicado falando que não irão mais fornecer mais peças para os celulares da chinesa. A partir daí a Huawei começou a tentar correr atrás do prejuízo.

Como meio de segurança a empresa já desenvolvia um sistema operacional próprio que embora ainda não esteja completamente maduro, é possível ser usado e agora mais do que nunca será necessário investir de maneira pesada. Porém, esse era somente um dos problemas para a independência da empresa dos fornecedores de software e hardware dos EUA. Agora quem não irá fornecer mais nada à Huawei é a ARM que tem sua sede no Reino Unido e é matriz da Softbank (empresa japonesa), que explicaremos abaixo os motivos para tal ação.

De acordo com o site de notícias BBC, a empresa ARM ordenou aos seus funcionários que suspendam "todos os contratos ativos, direitos de suporte e quaisquer compromissos pendentes" com a Huawei e todas as suas subsidiárias que estiverem na Lista de Entidades dos Regulamentos de Administração de Exportação dos EUA (a lista negra do Departamento de Comércio para vetar todas as empresas chinesas de telecomunicação que estão nos EUA).

Segundo a BBC, a ARM ainda disse a seus funcionários para que "não forneçam suporte, tecnologia de entrega (seja software, código ou outras atualizações), participar de discussões técnicas ou discutir sobre assuntos técnicos com a Huawei, HiSilicon ou qualquer outra entidade relacionada".

Você deve estar se perguntando por que a ARM faria isso já que tem sede no Reino Unido e seja matriz de uma empresa japonesa, a resposta é que a empresa é uma multinacional e possui diversos escritórios nos EUA. É possível que nestes escritórios haja algumas de suas tecnologias de arquitetura que foram projetadas dentro do país e talvez seja possível que estes projetos estejam sujeitos às novas regulamentações que o presidente dos EUA impôs ao mercado chinês.

Chip com tecnologia ARM
Chip com tecnologia ARM

Os chips dos smartphones da Huawei tem alta dependência do IP da ARM. A maioria de seus celulares e de sua submarca Honor possuem chips da Hisilicon, subsidiária da Huawei. O design dos chips da Hisilicon são baseados na arquitetura ARM. Vamos exemplificar para ficar mais fácil, o último processador da HiSilicon lançado, o Kirin 980, possui os mais recentes processadores da série Cortex-A da ARM. Além disso, a HiSilicon também possui licença de arquitetura de CPUs V8 da ARM que é utilizada para criar novos designs de chips para servidores.

Deu para notar que a Huawei é muito dependente da ARM, e embora o ocorrido não seja sentido imediatamente pela empresa por conta do armazenamento de peças para 3 meses como forma de antecipação à proibição de comércio que houve nos EUA, a fabricante terá que correr atrás para desenvolver os próximos chips "do zero". Mas, pelo menos, segundo o site BBC, a Huawei e a HiSilicon podem continuar por enquanto a fabricar os chips existentes (já lançados) usando a tecnologia ARM, portanto smartphones atuais da marca (já lançados), como a nova série Honor 20, não devem ser afetados. Entretanto a construção do zero de um novo chip pode levar anos para ser desenvolvida e até lá, não sabemos se a empresa terá forças para continuar.

A chinesa Huawei por enquanto está sem fornecedores de sistema operacional e nem de hardware e não há nenhuma pista de como ela fará para contornar a situação. A única alternativa que muitos pensam ser a mais promissora é mandar uma petição ao governo chinês para resolver a disputa comercial com os EUA o mais rápido possível, pois do contrário a China perderá uma grande empresa que chegou a se tornar a segunda maior fabricante de smartphones do mundo.