Quando o assunto é smart TVs OLED, inevitavelmente o termo "burn-in" aparece. Há quem evite uma TV com esse tipo de tela devido aos receios associados a esse problema, enquanto outros argumentam nunca terem encontrado burn-in. Afinal, burn-in existe? Dá para evitar completamente esse fenômeno na minha TV OLED? E quanto às atualizações de pixels, elas realmente afetam a vida útil do painel? Confira as respostas neste artigo!

ÍNDICE

O que significa OLED?

OLED significa "Organic Light Emitting Diode", em português, "Diodo orgânico emissor de luz". Um painel OLED é formado por milhões desses diodos orgânicos, cada um representando um pixel da imagem. Diferente das telas LCD, esse tipo de tecnologia não precisa de um backlight traseiro iluminando o painel, já que cada pixel individual emite e regula sua própria luz. As telas OLED são capazes de gerar imagens extremamente coloridas e nítidas, mais que qualquer outro tipo de painel comercial.

LCD vs OLED, observe que uma TV OLED possui bem menos camadas, resultando numa imagem mais pura. Fonte: LG
LCD vs OLED, observe que uma TV OLED possui bem menos camadas, resultando numa imagem mais pura. Fonte: LG

Mas nem tudo são mil maravilhas. Assim como todas as tecnologias, OLED tem pontos positivos e negativos:

✅Pontos positivos da tecnologia OLED:

  • Cobertura de cores: as imagens ficam profundas e realistas, principalmente o tom de preto;
  • Economia de energia: já que telas OLED não tem backlight, tendem a gastar menos energia que as outras telas, principalmente ao utilizar aplicativos no modo noturno.

❌Pontos negativos da tecnologia OLED:

  • Preço elevado: ainda é mais barato fabricar uma tela LCD do que OLED, principalmente em SmartTVs;
  • Durabilidade questionável: muitas evidências são empíricas, mas teoricamente, os painéis OLED duram menos tempo que telas LCD, pela própria natureza orgânicas dos diodos.

Em quais dispositivos encontramos tela do tipo OLED?

Aqui no site, estamos o tempo todo testando esse tipo de tela em dispositivos portáteis, como Smartphones e Smartwatches. Também analisamos o OLED nas telonas de Smart TVs. Esses paineís estão ficando cada vez mais populares: antes só apareciam em aparelhos caros, como iPhones, mas hoje em dia é comum encontrar telas OLED até mesmo em celulares intermediários, como os recentes Galaxy A34 e Redmi Note 12.

Tela LCD do Samsung Galaxy A14 vs tela OLED do Xiaomi POCO X5. Fonte: Oficina da Net
Tela LCD do Samsung Galaxy A14 vs tela OLED do Xiaomi POCO X5. Fonte: Oficina da Net

Os dispositivos menores conseguem aproveitar bem dos benefícios das telas OLED, já que o custo do produto não aumenta tanto assim (telinha pequena) e a economia de energia é considerável.

Tela OLED do TicWatch Pro 5. Fonte: Oficina da Net
Tela OLED do TicWatch Pro 5. Fonte: Oficina da Net

O preço da tela OLED aumenta muito conforme o tamanho da tela. Para celulares e Smartwatches, o custo de fabricação não aumenta muito o preço do produto final. Já nas Smart TVs, o preço é consideravelmente mais caro. Apesar disso, os preços vem caindo conforme os processos de fabricação são optimizados. Ou seja, é questão de tempo até as TVs OLED chegarem num preço mais acessível, assim como ocorreu com os celulares.

LG A1 OLED na parte de cima VS Samsung Neo-QLED QN85B, duas TVs incríveis, mas repare que só a OLED consegue o preto verdadeiro. Fonte: Oficina da Net
LG A1 OLED na parte de cima VS Samsung QN85B Neo-QLED, duas TVs incríveis, mas repare que só a OLED consegue o preto verdadeiro. Fonte: Oficina da Net - Clique aqui para conferir o video completo.

O que é burn-in?

Já que os pixels da tela OLED degradam com o tempo, burn-in nada mais é que a degradação irregular da tela. Esse fenômeno é visível quando temos vários pixels desgastados ao lado de pixels saudáveis, resultando numa tela com aspecto sujo e desigual.

Exemplo de Burn-In numa TV OLED da marca Vizio. Fonte: RTINGS
Exemplo de Burn-In numa TV OLED da marca Vizio. Fonte: RTINGS

Na imagem acima, por exemplo, temos uma TV OLED que ficou por aproximadamente 5.000 horas sintonizada no canal CNN. Observe que, ao exibir uma imagem 100% vermelha, partes da interface e o logo da CNN estão permanentemente gravadas no painel da TV. Essa retenção de imagem permanente é chamada de burn-in.

Estamos acompanhando todas as atualizações publicadas pelo RTINGS no teste de longevidade das TVs. Aqui no Oficina nós não temos recursos para testar em massa a longevidade das TVs, mas felizmente, o site RTINGS vêm fazendo exatamente isso. Já que eles estão testando TVs que também são vendidas aqui no Brasil, podemos trazer os resultados deles para o nosso cotidiano, descobrindo quais paineis tem maior durabilidade.

Nem toda mancha na tela OLED é burn-in

Existem três tipos de retenção de imagem nas telas OLED, duas delas são temporárias e uma é permanente (burn-in).

  • O primeiro tipo de retenção temporária é causada por temperatura: a distribuição de calor na tela pode alterar a forma como os pixels OLED emitem luz. Neste caso, para resolver é simples, basta desligar a TV por alguns minutos até esfriar que a retenção da imagem vai sumir.
  • O segundo tipo de retenção de imagem ocorre na fina camada de transistores responsáveis por ligar e desligar os pixels OLED. Acontece que, após algumas horas de uso, esses transistores se movimentam, gravando a imagem na TV. Essa retenção temporária é a mais comum e é muitas vezes confundida com o temido burn-in. Entretanto, esse fenômeno é normal e ocorre em toda tela OLED.

Limpeza de Pixels encurta a vida útil da TV OLED?

Os fabricantes de OLED estão cientes dessa retenção temporária de imagem e instalam em suas TVs ferramentas para "limpar os pixels". Cada marca de TV tem o seu próprio nome para esses ciclos, mas geralmente ficam na aba de configurações com o nome de Atualização de Pixels, Limpeza de Pixels, Pixel Refresh, etc.

Painel OLED Care da LG C3. Fonte: Oficina da Net
Painel OLED Care da LG C3. Fonte: Oficina da Net

Existem dois tipos de ciclo de limpeza de pixels, curta e longa:

  • A limpeza curta é executa automaticamente de 4 em 4 horas cumulativas nas TVs da LG e Samsung. Por ser cumulativa, mesmo que você use a TV poucos minutos ao dia, assim que totalizar 4 horas, a TV fará um ciclo de limpeza assim que for desligada;
  • Já a limpeza longa é mais intensa e ocorre com menos frequência, entre 500 e 2000 horas de uso. Só pode ser manualmente ativada quando a TV concluir esse tempo de uso, variando entre fabricantes.

Durante ambas as limpezas, a TV detecta e compensa mudanças na camada de transistores, retornando-os ao estado normal. Também detecta mudanças na degradação dos pixels, diminuindo a luminosidade dos demais pixels para acompanhar o mais fraco, mantendo a uniformidade da imagem

Atualizar Pixels na aba Cuidados com o Painel na Samsung S90C. Fonte: Oficina da Net
"Atualizar Pixels" na aba Cuidados com o Painel na Samsung S90C. Fonte: Oficina da Net

Apesar de podermos executar ambas as limpezas manualmente na maioria das TVs OLED, isso não é necessário, já que os ciclos são executados automaticamente após as horas cumulativas de uso, garantindo que o usuário médio nunca chegue a presenciar manchas na tela. Caso você queira limpar manualmente, basta ir nas configurações, cuidados OLED, limpeza de pixels (nomes variando conforme fabricante). Diferente do que muitos dizem, executar a limpeza manual não prejudica a vida útil total do painel. Fonte: LG/RTINGS.

Como prevenir o burn-in do jeito certo:

Muitos acreditam que as TVs OLED precisam de diversos cuidados para prevenir o burn-in, mas isso não é verdade. Segundo a Sony, uma das melhores formas de prevenir o burn-in é bem simples - desligando a TV quando ela não está sendo usada. De resto, as TVs possuem diversas ferramentas automáticas para combater esse desgaste irregular. São elas:

  • Limpeza de pixels: Esse é um processo que a TV faz automaticamente após ser desligada. Elimina praticamente toda a retenção de imagem causada por alterações na camada de transistores;
  • Pixel shift: Função que movimenta a imagem periodicamente para impedir que elementos estáticos fiquem tempo demais no mesmo lugar;
  • Protetor de tela: Quem lembra dos protetores de tela do Windows 98? Eles estão de volta nas OLEDs e com o mesmo objetivo, impedir a retenção permanente de imagem. Naquela época, não eram telas OLED mas sim CRT, onde o material fosforescente responsável por gerar luz podia gastar de forma irregular;
  • Brilho do Logotipo: Algumas TVs OLED possuem uma ferramenta que vem ativada por padrão e automaticamente diminui o brilho de placares e logotipos dos canais;
  • Ajuste de brilho automático: Também chamado de ABL, se o painel da TV estiver apresentando uma imagem estática por muito tempo, o brilho será reduzido gradualmente para evitar o burn-in. Essa função não pode ser desativada na maioria das TVs OLED.

Tudo isso é feito automaticamente por padrão nas TVs, mas existem algumas ações que o usuário pode tomar para prevenir o burn-in na tela OLED. A Sony, por exemplo, recomenda o seuginte:

Desligar a TV: Depois de assistir a TV, não deixe ela ligada sozinha por várias horas. Além de poupar energia, você aumenta a vida útil do seu aparelho. E esse conselho não vale apenas para OLEDs, mas sim para todas as TVs;

Preencher as bordas pretas: Muitos filmes estão em proporções diferentes do padrão 16:9 das TVs. A solução é ir nas opções e optar pelo modo de imagem "zoom" ou "wide-zoom";

Evitar imagens estáticas: As TVs contam com proteções contra isso, mas é importante evitar assistir conteúdos com elementos estáticos por várias horas, como esportes e notícias.

Devo me preocupar com Burn-In?

Em todas análises de Smart TVs OLED que fazemos, sempre reservamos um momento para falar sobre o burn-in. É um fenômeno que o dono de OLED deve ter consciência, mas não é algo que deva gerar preocupação constante.

Uma comparação que pode ilustrar isso é pensar nas TVs OLED como carros de luxo: têm um preço elevado, oferecem conforto e performance, porém, assim como você não levaria um carro de luxo para dirigir em estradas de terra ou lama, você não deve deixar a TV OLED ligada o dia inteiro com o brilho no máximo num canal de notícias ou esportes, por exemplo. Se você planeja fazer isso, saiba que o burn-in é inevitável.

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LG CX após 5.000 horas assistindo CNN num período de 10 meses. Fonte: RTINGS

Agora, se você utiliza a TV normalmente (conteúdos diversos, menos de 12 horas de uso por dia, brilho normal), é muito improvável que você tenha problema com burn-in.

Algum comentário sobre OLED ou burn-in? Escreva aí embaixo, vamos conversar!