Desde que foi lançado, o jogo Pokémon Go tornou-se febre, conquistando gamers de todas as idades. O uso da tecnologia de realidade aumentada para capturar pokémons, monstrinhos de bolso que fizeram muito sucesso na década de 90, devido ao anime de mesmo nome, parece ter dado certo, fazendo com que o game da Niantic em pouco tempo virasse sucesso. Nos Estados Unidos ele chegou a se tornar mais popular que o Tinder, uma das mais famosas plataformas de relacionamento online.


Reprodução/Exame Abril

Antes de o jogo ser lançado, muita gente sequer havia ouvido falar sobre a realidade aumentada ou dado alguma importância à esta tecnologia. É graças a ela que o mundo real e o virtual se misturam, sendo este o maior atrativo do jogo. Contudo, a tecnologia já existe a bastante tempo e, inclusive, já vinha sendo utilizada em outros jogos, na publicidade e até mesmo em procedimentos cirúrgicos a distância. 

Mas é com o Pokémon Go em alta que esta tecnologia passou a estar presente nas rodas de conversas, despertando a curiosidade de muitos. Afinal, como pode um bichinho que não é de verdade aparecer na porta do quarto, na minha casa ou no meu local de trabalho? De que modo eles conseguem se misturar aos ambientes reais? Para responder a estas e outras perguntas, precisamos entender o que é a realidade aumentada e como ela funciona. Para isso, é só seguir a leitura.

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A realidade aumentada (RA) combina a captura de imagens com a projeção 3D, permitindo, através dos elementos gráficos criados a partir desta mistura do que é real com o virtual, uma maior interatividade entre o homem e a máquina. Na atualidade, grande parte das pesquisas em RA, está ligada ao uso de vídeos transmitidos ao vivo que são digitalmente processados e "ampliados" pela adição de gráficos criados pelo computador.

Para deixar o conceito mais simples, vamos pensar em como funciona o jogo Pokémon Go. O game utiliza dados do Google Maps para espalhar os bichinhos, PokeStóps e ginásios pelas cidades. Ao chegar próximo ao local onde há algum Pokémon, o usuário é alertado por uma mensagem no celular. Para visualizar onde o monstrinho está escondido, é necessário olhar por meio da câmera do smartphone. E é aí que a tecnologia de realidade aumentada entra em ação. Graças a ela é possível colocar os pokémons sobre o ambiente real. O app processa uma imagem virtual dos pokémons sobre o sinal obtido via câmera fotográfica dos aparelhos, desta forma é como se o monstrinho realmente estivesse em cima da mesa do trabalho, no sofá da sala ou atrás de algum arbusto no Parque.


Reprodução/Knowyourmobile

Mas, como isto é possível?

Para que a realidade aumentada funcione é necessário uma webcam ou outro dispositivo que permita a interpretação e criação de um objeto virtual. Por meio da câmera, será transmitida a imagem que vai ser combinada com a animação. A partir daí entra em ação o software ou aplicativo capaz de interpretar o sinal transmitido pela câmera. A imagem capturada será projetada com uma imagem em 3D previamente incluída no aplicativo responsável pela renderização das ilustrações.

Devido ao fato de a câmera estar capturando as imagens em tempo real e misturando-as com animações, esta junção causa o efeito de realidade aumentada.

Aplicações

A indústria de games utiliza-se da realidade aumentada há um bom tempo, com o objetivo de proporcionar aos jogadores cenas mais reais e com maior interação. Um exemplo é o Clandestine Anomaly. Disponível para Android e iOS, no jogo o gamer deve proteger a humanidade de alienígenas que estão invadindo a Terra. Para isso, ele deverá utilizar armas supertecnológicas. E onde a realidade aumentada se encaixa nisto? Bem, utilizando a câmera do celular o jogador consegue mirar e atirar nos inimigos mais difíceis, que se misturam ao ambiente onde ele está inserido.

A publicidade também já faz uso da realidade aumentada. Exemplo disto foi uma campanha da PepsiCo, onde nas embalagens do salgadinho Doritos foram inseridos códigos de RA, que, ao ser ativados no site da marca, liberavam monstrinhos que pulavam das embalagens para a tela do computador, realizando uma série de ações.

Em dispositivos móveis a realidade aumentada pode ser usada em aplicativos que operam em conjunto com a câmera ou GPS, que podem servir de indicadores de vários locais, como bares, restaurantes, entre outros estabelecimentos comerciais. O Route 66 é um exemplo de GPS baseado em RA. Neste app, disponível para Android e iOS, o serviço de localização é disponibilizado através de mapas em 3D.

Através da realidade aumentada é possível fazer simulações com muita segurança. Por isso ela está ganhando destaque no ramo comercial. Um exemplo da aplicação desta ferramenta para aprimorar o negócio é a multinacional sueca Ikea, que vende móveis domésticos de baixo custo.

A empresa disponibiliza a tecnologia em um aplicativo de celular, para que os clientes possam projetar os móveis nos ambientes que desejam em tamanho real e assim visualizar como eles ficam no local, antes de finalizar a compra. Segundo a professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Martha Terenzzo, a possibilidade de visualizar o móvel dentro de casa, como se fosse real, aumenta as chances de vendas.

No exterior, lojas de roupas também estão utilizando a tecnologia de realidade aumentada. Pela tela do computador é possível ver como uma roupa ficará no corpo sem precisar experimentá-la.

A Sony lançou um aplicativo com efeito de realidade aumentada. Por meio dele é possível adicionar diversos efeitos em seus vídeos e fotos, como por exemplo, adicionar ao ambiente dinossauros, fadas ou máscaras nos rostos, entre outros. Algo que também está presente no Snapchat. Você certamente já deve ter visto a imagem de algum amigo com as orelhas e o focinho de um cachorro. Este é apenas mais um exemplo da aplicação de realidade aumentada em uma fotografia.


Efeito de realidade aumentada foi lançado em aplicativo pela Sony

Apesar de novidade, Pokémon Go não invovou ao utilizar a tecnologia de realidade aumentada, pois este conceito já está presente em diversos outros games, entre outras áreas. Contudo, isto não tira o mérito do game da Niantic, que mesmo investindo em uma tecnologia já conhecida, conseguiu fazer a diferença, atingindo um grande sucesso.