O Gustard X16 é um DAC (Digital to Analog Converter ou conversor digital para analógico) que vem sendo muito comentado no meio audiófilo. Segundo o site ASR (Audio Science Review), este conversor de sinais possui uma das melhores medições, deste tipo de equipamento, que já passaram por lá. Entretanto, será que ele se sai bem em qualquer sistema? Bom, é o que veremos neste review.

Antes de mais nada, queria agradecer ao Daniel por proporcionar a oportunidade de realização deste review. Para realizar essa análise de maneira mais justa, senti a necessidade de comparar o Gustard X16 com outro DAC de mesa de mesmo patamar de preço (US$500 à US$700). Coincidentemente, a avaliação deste conversor foi o primeiro contato que tive, de maneira mais aprofundada, com um DAC de mesa. Devido a grande diferença na qualidade de áudio que senti em meu sistema, comparado com o que era utilizado antes (DAP, ou Digital Audio Player, FiiO X7 Mark II no modo de DAC conectado via USB no amplificador FiiO K5, que possui saída RCA), acabei adquirindo o Topping D70S.

Observação: O modo DAC (Digital to Analog Converter) de players funciona ao ligar o dispositivo a um notebook, desktop ou smartphone através da conexão USB. Desta forma, é possível reproduzir as músicas do PC ou celular utilizando o DAP (Digital Audio Player) para obter uma maior qualidade (o modo USB, quando utilizado, desabilita a placa de som do computador). No caso do FiiO X7 II, devido a utilização em conjunto com o FiiO K5, foi possível utilizar o DAC de forma isolada da seção de amplificação do DAP e ainda conectar com cabos RCA a um amplificador a parte (tanto a saída de fones do FiiO K5 quanto a do outro amplificador utilizado funcionavam, ou seja, é possível ouvir dois fones de ouvido simultaneamente desta forma).

DAC Gustard X16. Fonte: Vitor Valeri
DAC Gustard X16. Fonte: Vitor Valeri

Conexões e funcionalidades

Em termos de conexões e funcionalidades, o Gustard X16 é um DAC bem completo, possibilitando a ligação com uma ampla gama de dispositivos. Além disso, funcionalidades como a do Bluetooth facilitam muito sua utilização de forma mais versátil do que a de outros conversores. É interessante notar que através da conexão sem fio, é possível utilizar codecs de áudio Bluetooth como LDAC e aptX HD, algo que faz a diferença quando se quer ouvir com o máximo de qualidade possível utilizando, por exemplo, o celular como fonte de músicas.

Um ponto que achei interessante é o fato de ter conseguido ativar via Bluetooth no Gustard X16 a transmissão "Hi-Res Lossless" no Apple Music. Teoricamente, quando se está utilizando este tipo de transmissão no app da Apple, quer dizer que está havendo a reprodução de um arquivo em ALAC (Apple Lossless Audio Codec) com resolução de, por exemplo, 24bits/192Khz, podendo chegar até a 24bits/192Khz.

Conexões do DAC Gustard X16. Fonte: Vitor Valeri
Conexões do DAC Gustard X16. Fonte: Vitor Valeri

Como dito acima, o X16 possui diversas conexões digitais, além de saída balanceada (XLR) e single ended (RCA). Nas entradas digitais temos as seguintes conexões:

  • Óptica (S/PDIF ou Sony/Phillips Digital Interface) com uma entrada Toslink (Toshiba Link) e uma Coaxial.
  • USB (USB-B).
  • AES (AES3): conexão digital de dois canais que foi desenvolvida pela Audio Engineering Society (AES).
  • I²S (I2S ou Inter-IC Sound) via HDMI (identificada como IIS na carcaça do DAC): especificação desenvolvida originalmente para conectar leitores de CD (CD Players) aos DACs (Digital to Analog Converters).

Em termos de interface e funções, não senti grande dificuldade em navegar através da estrutura de roda, semelhante a que temos no iPod Classic, onde há com um botão central também. Entretanto, achei ruim nos momentos em que acessei o menu de filtros e funções, pois se eu parasse de dar comandos por alguns segundos, a tela já voltava a exibir as informações relacionadas à reprodução das músicas. Porém, felizmente achei as opções da conexão Bluetooth interessantes, onde ao selecionar "select", a antena só será ligada quando eu realmente colocar o DAC neste modo de transmissão (algo que não é possível no Topping D70S, que possui somente a opção de "sempre ligado" ou "sempre desligado", ou seja, ao ligar o DAC, seu celular irá se conectar automaticamente, mesmo estando, por exemplo, no modo de conexão USB ou Coaxial).

A diferença ao utilizar um DAC dedicado (de mesa) e um DAP ou dongle (DAC/amp USB)

Ao mudar do FiiO X7 II (modo DAC USB), o qual utilizei por anos, para o Gustard X16, percebi imediatamente uma melhoria significativa do som em diversos aspectos (isso é válido também para dongles (DAC/amp USB), onde há um projeto ainda mais simples do que o utilizado em DAPs). O primeiro aspecto que notei foi uma facilidade maior em perceber os sons dos instrumentos, como se eu estivesse em uma sala mais silenciosa e pudesse ouvir mais claramente a música tocada. Logo em seguida, senti que o espaço onde a apresentação da faixa reproduzida é renderizada (palco sonoro) estava maior, havia mais "ar" entre os instrumentos.

Outra mudança que percebi nesta mudança de DAP para DAC de mesa foi um detalhamento maior em algumas frequências. O mais notável no X16 foram os agudos, que agora tinham uma extensão e controle melhores. Entretanto, sentia que faltava algo nos graves e médios, apesar de uma nitidez maior nos sons reproduzidos (explicarei o porquê mais adiante).

Gustard X16 vs Topping D70S - Comparativo

DACs Gustard X16 (acima) e Topping D70S (abaixo). Fonte: Vitor Valeri
DACs Gustard X16 (acima) e Topping D70S (abaixo). Fonte: Vitor Valeri

Não há como descrever o desempenho do Gustard X16 sem compará-lo com outros DACs. O conversor escolhido para haver uma base para esse comparativo foi o Topping D70S. Para realizar a análise, passei aproximadamente 1 mês utilizando o X16 em conjunto com o amplificador valvulado Woo Audio WA3 e os fones de ouvido Sennheiser HD600 e Grado RS2e. Já o D70S, faz cerca de 2 semanas que venho testando suas capacidades.

Após um bom tempo ouvindo o X16 e o D70S, notei que o conversor desenvolvido pela Gustard possui um som mais linear, onde nada se destaca. Apesar do grande detalhamento, separação e palco sonoro, senti que faltava algo no Gustard X16. Isso seria desvendado com a chegada do DAC da Topping.

DAC Gustard X16. Fonte: Vitor Valeri
DAC Gustard X16. Fonte: Vitor Valeri

Quando liguei o D70S percebi instantaneamente que havia algo diferente na apresentação comparado ao X16. Os graves tinham mais peso, mais extensão, os médios eram doces e saltavam aos meus ouvidos. Ao mesmo tempo, os agudos tinham mais brilho, mais vivacidade e até um pouco mais de extensão.

DAC Topping D70S. Fonte: Vitor Valeri
DAC Topping D70S. Fonte: Vitor Valeri

Não me entenda mal, o Gustard X16 é um excelente DAC, super correto, detalhado, competente. Porém, dependendo do restante do sistema (fones de ouvido e amplificador), ele pode "matar" a música. Utilizando o HD600 e o RS2e em conjunto com o D70S, eu senti arrepios diversas vezes, algo que em nenhum momento cheguei a ter com o X16.

Conclusão

Creio que o DAC Gustard X16 sirva para aqueles que possuem um fone de ouvido que tem uma grande ênfase nos graves e querem dar uma "amansada" nesta região para ouvir com mais nitidez os médios e agudos. Já o conversor Topping D70S é uma solução mais equilibrada e que traz mais eufonia à música, além de uma dinâmica e naturalidade que são incríveis em minha opinião.

É importante salientar que o Gustard X16 custa em média US$500 enquanto o Topping D70S está em torno de US$650. Entretanto, caso você não queira gastar toda essa quantia em um DAC de mesa e tem vontade de ter um que tem uma boa variedade de conexões e parece entregar um bom resultado (nunca testei), uma boa alternativa na faixa dos US$200 é o Soncoz LA-QXD1.