Muitos querem obter uma qualidade de som acima do que é fornecido na maioria dos celulares, notebooks e desktops com suas placas de circuito integrado (possuem todas as etapas necessárias para a reprodução de áudio soldadas com outros componentes). A solução para isso é conectar um dispositivo externo ao que se está utilizando. Normalmente a conexão é feita via cabo USB ou S/PIDF (coaxial) ou TOSLink (optico). Caso queira saber mais sobre cabos digitais e suas conexões acesse aqui.

Ao conectar um dispositivo externo ao aparelho utilizado para a reprodução de músicas, a "placa de som" onboard (soldada a placa mãe) ou a placa off-board (no caso de um desktop) será desabilitada para processar todo o áudio externamente no hardware dedicado a função. Com isso teremos uma série de benefícios, pois haverá peças trabalhando exclusivamente para que a reprodução de som tenha menos interferências possíveis e possua componentes de melhor qualidade.

O que muitos confundem e chamam erroneamente de DAC externo ou DAC dedicado, é o dispositivo que possui um DAC e um amplificador integrados em uma mesma placa, o DAC/amp. Isso acontece pelo fato de os fabricantes não deixarem de forma clara o produto que vendem, pois um dispositivo dedicado somente a conversão do sinal analógico para o digital não é capaz de fazer um fone de ouvido funcionar sem um amplificador ligado a ele. Mas isso não quer dizer que um DAC/amp já não ofereça uma qualidade acima de uma placa onboard, muito pelo contrário, é uma solução excelente, assim como um DAC dedicado, que é o tema deste artigo.

O que é um DAC?

DAC Chord Qutest. Fonte: audiostream
DAC Chord Qutest. Fonte: audiostream

Um chip DAC (Digital to Analog Converter) é responsável por converter um sinal digital em um sinal elétrico analógico, necessário para fazer com que o fone de ouvido emita algum som. Porém, somente este sinal não basta para fazer com que o driver funcione e reproduza as ondas sonoras. Ou seja, um DAC sozinho não irá fazer o fone de ouvido funcionar, é necessário amplificar o sinal através de um sistema de amplificação (amplificador).

Mas um aparelho DAC dedicado é muito mais do que somente um chip DAC, pois ele possui uma fonte de energia própria e uma seção analógica que é onde são soldados os conectores RCA ou XLR (no caso de conexões balanceadas). Caso queira saber mais sobre cabos e conexões analógicas acesse aqui.

Um DAC que suporta 24 bits/192khz é pior que o que suporta 32 bits/384Khz?

DAC Topping D10. Fonte: Forum polkaudio
DAC Topping D10. Fonte: Forum polkaudio

Ao contrário do que muitos pensam, não é isso que fará com que um chip DAC seja melhor que o outro. Isso irá depender do projeto do próprio chip que pode ser normal ou FPGA (entenda o que é um chip deste tipo aqui) e de como foi feito o sistema de alimentação de energia do aparelho, da seção analógica após o sinal digital ser convertido e dos conectores utilizados (tanto digitais quanto analógicos). Além disso, dificilmente uma pessoa irá conseguir ouvir em um fone de ouvido diferenças entre uma música que esteja em 24 bits e outra que esteja em 32 bits (veja mais sobre formatos de músicas e o que influencia em sua qualidade aqui).

Um DAC capaz de reproduzir arquivos DSD é melhor que um que não é capaz?

DAC PS Audio NuWave DSD. Fonte: audioasylum
DAC PS Audio NuWave DSD. Fonte: audioasylum

Sendo curto e grosso, não é melhor. Isso ocorre porque o determinante da qualidade de um DAC, não é a capacidade de leitura de um tipo de arquivo, e sim o seu projeto como um todo, como foi dito acima. Além disto, ainda temos o fato de que o formato do arquivo não trará diferenças significativas em comparação com o FLAC, servindo somente para ocupar uma grande quantidade de espaço no SSD ou HD. Para entender melhor sobre os formatos de música, leia este artigo.

O que influencia na qualidade de um dispositivo dedicado a converter o sinal digital para analógico?

Como já foi falado acima, um DAC dedicado não se resume somente ao chip DAC dentro de uma carcaça de metal. É importante que haja um bom sistema de alimentação de energia para que o chip possa trabalhar com boa eficiência e sem interferências, com uma energia "limpa", "sem oscilações" e para isso, geralmente um bom DAC externo possui a parte de alimentação separada do conector de transmissão de dados (para a transferência dos dados de reprodução da música). Após o sinal digital chegar ao chip DAC e converter o sinal para o formato analógico, há de ter um circuito de qualidade para transmitir este sinal até os conectores RCA ou XLR, onde estes também deverão ser de qualidade e bem soldados.

É importante que a placa de circuitos do DAC externo seja de qualidade, com soldas de qualidade e com as seções digital, analógica e de energia bem organizadas, para que não haja interferência entre uma e outra. Além disto, é necessária uma carcaça com um mínimo de qualidade, para que haja uma melhor dissipação de calor, gerado pelos componentes, e isole contra interferências externas.

Fontes com DACs internamente

Existem fontes digitais (leitores de CD/DVD) que possuem internamente um chip DAC, porém sem amplificador interno. Ou seja, estes aparelhos possuem a necessidade de serem ligados através de um cabo RCA ou XRL a um amplificador externo para ser possível a reprodução de músicas em fones de ouvido ou caixas de som. Porém, como estes meios de reprodução estão cada vez mais sendo menos utilizados (pela maioria), surgiu outra categoria de aparelhos, os DACs com capacidade de streaming.

Observação: para saber mais sobre os tipos de fontes, acesse este artigo.

DACs com capacidade de streaming

Auralic Vega G2. Fonte: the-ear.net
Auralic Vega G2. Fonte: the-ear.net

Como hoje praticamente todas as pessoas que gostam de escutar música seja para, por exemplo, relaxar ou para focar no trabalho, através de serviços de streaming de música (Spotify, Deezer, Tidal, Amazon Music, Apple Music, Qobuz), por proverem uma grande quantidade de músicas (40 milhões ou mais dependendo do serviço), as fabricantes de dispositivos reprodutores de áudio, para acompanhar o mercado, lançaram DACs com capacidade de streaming. Tecnicamente estas empresas, como por exemplo a Auralic, simplesmente substituíram as fontes que possuíam leitores de CDs (sinal digital) por HDs ou SSDs conectados a um circuito que possui um processador, uma placa de rede, uma placa Bluetooth, com um chip DAC. Ou seja, estes dispositivos são capazes de eliminar a necessidade de se utilizar um desktop, notebook ou smartphone para a reprodução de música, e ao mesmo tempo entregando uma melhor qualidade nos componentes utilizados para a transmissão dos sinais.

Conclusão

O DAC dedicado traz benefícios por utilizar componentes dedicados para a conversão do sinal digital para analógico e transmissão deste sinal para um amplificador. Porém, as melhoras são obtidas através do conjunto do projeto e não somente do chip, sendo necessária uma boa pesquisa (ou audições) para saber os benefícios reais que o dispositivo irá trazer. Ou seja, dependendo do projeto feito, mesmo que se utilize chips iguais, a sonoridade produzida poderá ser diferente dependendo de como foi construído o aparelho.

O mesmo que foi dito acima vale para os DAC/amp de mesa e portáteis, ou seja, tanto o DAC dedicado quanto o DAC/amp são influenciados pelas variáveis citadas, que podem afetar tanto o DAC quanto o desempenho do amplificador na placa integrada. Para saber mais sobre alternativas portáteis acesse aqui e aqui.

Observação: É importante lembrar que um DAC/amp é um dispositivo composto pelo DAC, pelo sistema de amplificação, pela fonte de alimentação e pelos conectores digitais e analógicos (não confunda com um DAC dedicado). Cada um deles influenciará de maneira diferente no resultado final. Além disso, o resultado poderá ser diferente dependendo das características de impedância, sensibilidade e até de sonoridade do fone de ouvido utilizado (confira aqui se o seu fone precisa de amplificação).

Esse artigo é feito em parceria com o Grupo Fones de Ouvido High-End: