A Sharkoon é uma marca fundada em 2003, focada na produção e distribuição de produtos para computadores, mais especificamente periféricos. Ela vem entrando cada vez mais em evidencia por oferecer muitos produtos baratos que costumam apresentar ao menos o mínimo de qualidade aceitável para agradar seus consumidores, no entanto, somente testando vamos descobrir se isto realmente é uma verdade.

Aqui no Brasil, a marca é conhecida por seu teclado Sharkoon Skiller SGK1, que aparentemente é um produto com um excelente custo/benefício, por ser mecânico e possuir iluminação. O único motivo que cria certa incerteza nos consumidores se dá pelo fato dele utilizar switches Kailh, que são conhecidos por terem uma durabilidade muito baixa. Em breve vamos receber um SGK1 para testes.

A linha SKILLER surgiu em 2014, com o teclado de membrana Skiller Pro, e acabou evoluindo somente em 2015, com o lançamento do teclado mecânico SGK1 e posteriormente do mouse SGM1, o qual vamos conhecer hoje neste review. Este é um mouse que me chamou muito a atenção porque é o primeiro produto com um sensor PMW3336 que pude testar, portanto, acho que este será um review muito interessante.

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DESIGN

Se existe uma maneira de começar mal um review do SGM1 é falando sobre o seu design. O mouse lembra muito os modelos chineses defasados vendidos por uma média de R$50 e, embora isto não fale muito sobre a qualidade geral do produto, é um ponto bastante negativo para quem esteja procurando um bom mouse na faixa de preço dele.

O formato do SGM1 é até confortável, mas suas curvas e cortes são tão erradas que nem sei por onde começar: Os botões na lateral esquerda são relativamente bem posicionados, mas o maldito botão M5 fica em uma posição extremamente chata, pois você ficará sentindo a presença dele a todo momento.

A lateral direita tem uma curvatura terrível no compartimento de pesos, que exclui completamente qualquer possibilidade de uma pegada finger ter o mínimo de conforto, e até mesmo para pegadas palm e claw ela é bastante desconfortável.

Outro aspecto que me incomodou bastante foi o formato da carcaça sobre o scroll. Se você gosta de rolar a página deixando o dedo na parte da frente da peça, vai sentir as malditas pontas destacadas na imagem abaixo roçando no seu dedo. Cara, como isso é desconfortável...

De maneira geral o mouse até poderia ser confortável se não fosse pela sua lateral direita. A curva acentuada segue a tendência de alguns mouses em oferecer um descanso para os dedos anelar e mínimo, mas a ideia não funciona quando a parte superior do mouse é baixa como a do SGM1.

Algo que também me incomodou bastante foi o plástico do mouse, que deixa muitas marcas de dedos e suja com facilidade, isto sem falar na aparência de fragilidade que ele passa. Sinceramente? Isso não é algo que absurdamente ruim em um mouse de R$140, mas é algo que deve ser entendido pelo consumidor, pois ele não estará livre de sofrer com problemas de quebra da carcaça.

ESPECIFICAÇÕES

Especificações fornecidas pelo fabricante:

  • Sensor: PixArt PMW3336
  • Polling Rate máximo: 1,000 Hz
  • Lift-Off Distance: 2 mm
  • Pesos ajustáveis: 6x 4 g
  • Peso sem o cabo: 104 g
  • Dimensões: 122 x 82 x 42 mm
  • Tamanho do cabo: 180 cm

SOFTWARE

A Sharkoon disponibiliza um software exclusivo para o mouse, ele pode ser instalado pelo CD que acompanha o produto ou pode ser baixado do site da marca, na página do SGM1. No programa, é possível alterar os valores dos 7 níveis de DPI, escolher uma cor para cada nível, modificar os efeitos de iluminação e escolher uma taxa de atualização. Você também pode configurar a função de cada botão do mouse e ajustar a sensibilidade de cada eixo do sensor.

É possível modificar a velocidade do mouse, dos cliques e também a velocidade de rolagem do scroll. Para finalizar, existe também a possibilidade de ligar ou desligar o angle snapping (que é basicamente o prediction).

O Gestor de macros é simples e bastante fácil de usar, ele funciona muito bem, mas tem um número de comandos máximo bem limitado.

De maneira geral o software atende as expectativas para um produto de preço baixo, mas ele é extremamente simplificado e pouco intuitivo, qualquer mudança feita deve ser salva clicando em "Aplicar" e, caso você esqueça de fazer isto, todas as modificações serão perdidas.

COSNTRUÇÃO INTERNA

Abrindo o SGM1 vemos mais um motivo para dizer que o mouse é frágil: A sua carcaça é extremamente simples, apenas duas camadas do plástico frágil compõem a sua construção, portanto, é bem provável que usuários corram o risco de quebrar alguma parte constantemente.

Os switches principais do mouse são Omron China, que possuem uma durabilidade muito boa, principalmente para um mouse deste preço.

O switch do scroll é um modelo pequeno da Kailh, uma marca que possui a fama de ter uma das piores durabilidades do mercado, mas que, de acordo com alguns rumores, andou melhorando o seu controle de qualidade.

Um aspecto interessante do SGM1 é que ele possui switches laterais no scroll, ou seja, você dispõe de dois "botões adicionais" clicando para os lados com o scroll.

Os switches dos botões de macro e de troca de DPI são todos modelos táteis genéricos, eles costumam ser bem ruins, mas é difícil criticar este aspecto em um produto de preço tão baixo.

O sensor do mouse é talvez o que me deixou mais empolgado para este review, ele utiliza o novo Pixart PMW3336 e, ao que tudo indica, este sensor é uma versão mais barata do PMW3360 (atualmente o melhor sensor do mercado) ainda que com um desempenho bom.

A MCU do mouse é uma Holtek HT68FB560, a mesma de alguns mouses baratos bastante conceituados no exterior, como o Nixeus Revel. Este componente é uma variação do mesmo utilizado em outros mouses, como o Finalmouse, que utiliza uma HT68FB540.

O codificador do scroll é um modelo TTC mecânico, que é muito bom e costuma ter uma boa durabilidade. Mais um ponto positivo para a Sharkoon.

Os LEDs do mouse são todos SMD, o único LED convencional que ele utiliza é o da sua parte inferior e, para a minha surpresa, ele cumpre sua função tão bem quanto o SMD RGB do scroll. Isto mostra que os problemas de cores diferentes presentes nos LEDs de mouses da Ducky provavelmente poderiam ser consertados.

O SGM1 é realmente surpreendenteDe maneira geral podemos dizer que a construção interna do SGM1 é muito boa para um mouse de sua faixa de preço, seus componentes são algumas das melhores opções presentes em mouses mid end e, aliado ao cuidado nas soldas e organização dos componentes, o SGM1 é realmente surpreendente.

TESTES

Se você tem alguma dúvida a respeito de termos técnicos, recomendamos que leia nosso artigo sobre o que um bom mouse precisa ter clicando aqui.

MS Paint

Com o Microsoft Paint fazemos dois testes muito importantes, os de jitter e prediction que são, respectivamente, avaliações que verificam se o sensor do mouse sofre com alguma distorção (o que deixa as suas linhas "tremidas") e também se ele tem algum tipo de sistema que tenta simular linhas retas perfeitas, o que você certamente não quer em um jogo de precisão, pois os movimentos humanos não são perfeitos.

O mouse funciona bem na maioria das faixas de DPI, no entanto, é possível perceber uma certa taxa de jitter em todas as resoluções. A partir de 8200 DPI o jitter começa a ficar um tanto acima do aceitável, mas ainda assim está muito longe das distorções horríveis presentes em outros mouses. É interessante ver como um sensor mid end mais atual já é capaz de manter uma resolução tão alta com tão pouco jitter.

Bom, como este é o primeiro teste que faço em um PMW3336, não posso dizer com certeza que é assim que o sensor funcionará em outros mouses, pois esta é apenas uma implementação que a Sharkoon utilizou nele. Vou deixar aqui um review de outro mouse que utiliza o mesmo sensor quando eu fizer um.

Enotus Mouse Test

No Enotus realizamos mais dois testes, a frequência com que o mouse se comunica com o computador, o que nos dirá também o tempo de resposta dele com a máquina, e também a velocidade máxima que o sensor é capaz de captar. Bons resultados devem mostrar um Polling speed acima de 500Hz (2 milissegundos de atraso) e no mínimo a 2m/s em Max speed.

O PMW3336 do SGM1 se saiu muito bem no Enotus, ele conseguiu atingir um tempo de resposta muito próximo de 1ms e ainda conseguiu suportar velocidades de até 6.78 m/s, números tão bons quanto os dos melhores sensores do mercado.

Mouse Tester

O Mouse Tester nos mostra resultados um pouco mais técnicos e muito importantes, a consistência do sensor e o teste de aceleração para sabermos se o mouse possui algum tipo de alteração em seu rastreio em relação à velocidade que o movemos.

Consistência

No teste de consistência vamos verificar se o sensor possui algum tipo de alteração em seu rastreio, portanto, as linhas são o trajeto percorrido pelo mouse em relação ao tempo e as bolinhas são os registros do mouse sobre sua posição, quanto mais próximas da linha, mais preciso é o sensor.

Novas implementações deste sensor no futuro vão nos mostrar o quão melhor um PMW3336 pode ser

O rastreio do SGM1 é bastante consistente, ele tem apenas algumas poucas distorções esporadicamente, mas a maioria delas é corrigida pelo próprio mouse. Acredito que novas implementações deste sensor no futuro vão nos mostrar o quão melhor um PMW3336 pode ser.

Aceleração

A aceleração é um problema comum apenas em mouses de baixíssima qualidade, no entanto, é extremamente importante verificar se ele possui algum tipo de alteração em relação a velocidade que é movimentado, pois taxas altas podem atrapalhar seu desempenho em jogos que exigem precisão, como Counter Strike, por exemplo.

O SGM1 se sai muito bem no teste de aceleração, mostrando que o PMW3336 tem muito futuro no mercado. Certamente veremos muitos mouses baratos com desempenho excelente nos próximos meses.

DESEMPENHO

é praticamente impossível encontrar uma boa posição para os dedos anelar e mínimoO Sharkoon SKILLER SGM1 me mostrou o quão chato pode ser um mouse mal desenhado. Eu já vi e testei muitos mouses que pareciam ser desconfortáveis, mas nenhum deles conseguiu me causar dores como este, principalmente pela lateral direita, na qual é praticamente impossível encontrar uma boa posição para os dedos anelar e mínimo, principalmente para uma pegada finger. Por incrível que pareça, me pareceu mais confortável utilizar o mouse com a mão esquerda do que com a direita.

Gostei de jogar com o mouse, a precisão do PMW3336 surpreende e torna a jogabilidade do SGM1 bastante interessante, portanto, não tive nenhum problema relacionado a desempenho enquanto jogava com ele.

O LOD do mouse fica entre 1 e 2 CDs, no entanto, a Sharkoon informa em seu site que este valor é de 2mm, ou seja, quase 2 CDs, um nível que ainda é bastante aceitável para um mouse mid/low end. Acredito que seja possível diminuir o lift off distance do PMW3336 para que ele fique abaixo de 1 CD, assim como na implementação dos mouses da Zowie, que conseguem atingir este nível em um PMW3310.

O peso do SGM1 é um aspecto que me surpreendeu, afinal, quando vemos estes mouses cheios de botões e curvas, eles costumam ser bastante pesados, mas isto não acontece com este mouse, ele tem um peso excelente, o que torna ainda mais inútil os seus pesos extras. É provável que alguns usuários gostem mais de mouses pesados, mas não acredito que 24g sejam o suficiente para mudar completamente a experiência de um usuário.

Como visto nos testes, o PMW3336 é realmente incrível e, como ainda é pouco utilizado, sua implementação ainda tem muito o que melhorar, vide utilização do PMW3360 há alguns meses atrás, ele só era bem implementado pela Logitech em sua versão exclusiva do sensor.

VEREDITO

É difícil dizer que um mouse com um desempenho e componentes tão bons não é recomendável somente por seu design. Eu diria que o SGM1 até merece uma chance se você não vai utilizá-lo por muitas horas consecutivas, mas ele está muito longe de ser uma opção barata para jogadores hardcore.

O SGM1 certamente é uma boa opção por menos de R$150, mas ele ainda perde muito em ergonomia para um Xornet II (R$110) ou um G302 (R$120), que são mouses tão bons quanto ele. Se a Sharkoon tivesse investido em um design mais simplista, que é a atual tendência do mercado e a melhor escolha no quesito, o SGM1 provavelmente seria uma opção muito melhor.

Gostei de ver o interesse da Sharkoon em trazer produtos de baixo custo para o mercado brasileiro e nos mandar diretamente da China um exemplar do seu mouse. Espero ver mais novidades da Sharkoon, corrigindo seus erros e trazendo tanta qualidade quanto já temos no SGM1. Não esqueça, em breve teremos um review do teclado SGK1! ;)

Veja alguns preços aqui

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