Sempre que um novo smartphone é lançado, as fabricantes procuram inovar e adicionar mais recursos para chamar a atenção do público. Vez após vez, as empresas precisam usar a sua criatividade para se destacar frente aos seus concorrentes, e o departamento de câmeras dos smartphones é um amplo campo para isso.

É possível que o seu próprio smartphone se enquadre nesta relação de dispositivos que esbanjam uma configuração com duas, três e até quatro lentes em sua traseira. Alguns dos dispositivos encontrados no mercado, conseguem até mesmo inserir duas câmeras na parte frontal, mostrando maior versatilidade até mesmo durante as selfies e videoconferências.

Mas por que tantas câmeras? Qual a diferença entre elas? A qualidade das fotos está literalmente ligada ao maior número de lentes? Para responder a essas perguntas, o Oficina da Net preparou este artigo para explicar a utilidade de cada um desses sensores e ainda indicar alguns exemplos de celulares disponíveis no mercado atualmente que apresentam eles em sua configuração.

Diferença entre os vários tipos de câmera do celular

Câmera principal

Câmera principal do realme 7 Pro. (Imagem: Oficina da Net / Márcio Bohrer)
Câmera principal do realme 7 Pro. (Imagem: Oficina da Net/Márcio Bohrer)

Como seu próprio nome sugere, a câmera principal é aquela que é acionada naturalmente quando você abre o aplicativo da câmera. Por ser a responsável pela maioria das coisas que se pode fazer com a câmera de um celular, a lente principal tem, em boa parte dos casos, uma resolução maior do que as outras lentes que compõem o conjunto fotográfico do aparelho. Os aparelhos mais recentes possuem uma lente principal de 48, 64 e até 108MP, graças ao sensor ISOCELL Bright HMX da Samsung, a única fabricante atualmente que possui esta tecnologia.

O que é megapixel (MP)?

O Pixel é o menor elemento visual de uma tela, seja de celular ou de monitor, em que é possível atribuir uma cor. Ele também é o menor ponto da foto que forma a imagem. Já um megapixel corresponde a um milhão de pixel.

Na prática, uma câmera que possui 5 megapixels é capaz de reunir aproximadamente 5.000.000 de pixels na imagem quando se tira uma fotografia. Este número total é alcançado por meio da multiplicação da largura pela altura da imagem capturada. Como exemplo, uma foto com 2.560 pixels de largura por 2.048 pixels terá exatamente 5.242.880 pixels, o que chamamos de 5,2 MP.

A tecnologia de 108MP tem se tornado cada vez mais comum no mercado atualmente, e alguns dos modelos mais famosos estão o Moto G60, um dos melhores smartphones já fabricados pela Motorola, além do realme 8 Pro e o Redmi Note 10 Pro Max, ambos de duas fabricantes chinesas e que ainda não chegaram ao Brasil. Em solo brasileiro já temos o Galaxy S21 Ultra, modelo parrudo que também ganhou diversos elogios sobre o seu pacote de câmeras.

Câmera ultrawide (ou grande angular)

A câmera ultrawide, ou também conhecida como grande angular, também tem conquistado o seu espaço no mercado de smartphones. A sua utilização tem como objetivo oferecer um campo de visão mais amplo em relação à câmera principal. Ela é muito utilizada para dar impressão de que o usuário está mais afastado do que realmente está.

Veja a diferença de fotos com a câmera principal e com a câmera ultrawide. (Imagem: Oficina da Net / Nícolas Müller)
Veja a diferença de fotos com a câmera principal e com a câmera ultrawide. (Imagem: Oficina da Net/Nícolas Müller)

Dito isso, a grande vantagem de possuir essa lente no seu smartphone, é que ela consegue mostrar mais do ambiente, melhorando a ação da foto e a facilidade de manter o foco. Ela é perfeita, por exemplo, para tirar a foto da família toda, ou em ambientes grandes como um parque, um prédio visto de cima para baixo e assim por diante.

Outro exemplo de foto ultrawide. (Imagem: Oficina da Net / Nícolas Müller)
Outro exemplo de foto ultrawide. (Imagem: Oficina da Net/Nícolas Müller)

Mesmo assim, é preciso ter cuidado ao utilizar a câmera ultrawide quando se quer enquadrar muita coisa em uma imagem. Por conta do tamanho da proporção, as bordas da imagem podem ficar distorcidas e apresentar uma aparência bem esquisita. Na hora de tirar a foto com a turma toda, aí vai uma dica: evite deixar pessoas muito próximas dos cantos da imagem. E isso vale para qualquer modelo disponível no mercado, desde o básico Moto G10 até o poderoso ASUS Zenfone 8.

Câmera macro

Com a lente macro, é possível captar os diversos detalhes. (Imagem: Reprodução / Shutterstock)
Com a lente macro, é possível captar os diversos detalhes. (Imagem: Reprodução/Shutterstock)

Ao contrário da ultrawide que pode ampliar o campo de visão, a proposta da câmera macro é tirar fotos bem de pertinho, aproveitando o máximo de detalhes do objeto fotografado. O seu uso depende de uma distância mínima de aproximadamente cinco centímetros entre o objeto e o celular, e com isso, ela pode capturar os mais variados detalhes oferecidos ali.

Para aproveitar toda a proposta da lente macro, basta ter criatividade. Ela pode impressionar ao tirar fotos sutis da natureza, como de um inseto, por exemplo, ou de outros objetos comuns do nosso cotidiano, como a costura de um tecido. A lente macro geralmente tem uma resolução menor do que as outras lentes que podem ser encontradas em um smartphone, mas seu resultado surpreende e nos ajuda a entender que nem sempre muita resolução está ligada a boa qualidade de imagem.

A título de exemplo, a Motorola costuma utilizar um sensor macro de 2MP, como no caso do recém lançado Moto G 5G. Já a Samsung concede uma resolução de 5MP, como no caso do Galaxy A52 e A72, ambos já disponíveis no mercado brasileiro.

Alguns celulares que não contam com a lente macro em seu pacote de câmeras vem integrado com uma opção no software chamada "modo macro", que basicamente simula o tipo de fotografia do sensor físico, mas com um resultado não muito legal quando comparado com os que contam com a lente macro integrada. Um desses exemplos é o Moto E7 Plus, anunciado em 2020.

Câmera de profundidade

Foto com efeito Bokeh. (Imagem: Reprodução / Julián Amé por Pixabay)
Foto com efeito Bokeh. (Imagem: Reprodução/Julián Amé por Pixabay)

Também inserido na maioria dos smartphones como um sensor adicional, a câmera de profundidade é responsável por realizar o famoso Modo Retrato (ou efeito Bokeh), as populares fotos com o fundo desfocado que vemos nas redes sociais. Em celulares mais modestos, o sensor de profundidade é mais comum do que a lente macro, onde geralmente é acompanhado com mais uma lente principal.

A sua utilização pode ser bem aproveitada em serviços e aplicativos que usam realidade aumentada, como no Pokémon Go ou naqueles aplicativos que colocam máscaras e efeitos nas pessoas, como o Snapchat por exemplo.

Devido ao avanço da tecnologia, os softwares hoje em dia já são desenvolvidos para reproduzir esse efeito de profundidade mesmo que uma lente não esteja instalada no smartphone. Com isso, celulares com lente de profundidade estão cada vez mais raros, mas ainda há bons exemplos disponíveis no mercado. O próprio Moto G100 possui esse sensor de forma nativa, assim como os recém lançados Honor Play 5 e Xiaomi POCO M3 Pro 5G.

Câmera teleobjetiva (ou telefoto)

Foto tirada com o auxílio da lente teleobjetiva para zoom óptico. (Imagem: Reprodução / Peter H por Pixabay)
Foto tirada com o auxílio da lente teleobjetiva para zoom óptico. (Imagem: Reprodução/Peter H por Pixabay)

A câmera teleobjetiva, que também pode ser chamada de telefoto, é encarregada de oferecer zoom óptico para a câmera do smartphone. Não é de hoje que os celulares contam com a opção de dar zoom na câmera para tirar fotos mais próximas. No entanto, esse zoom digital proporcionado pelo software da câmera ainda fere a qualidade das imagens quando se está muito longe do objeto a ser fotografado.

Mas com a lente teleobjetiva integrada ao smartphone, é possível capturar imagens mesmo que de uma distância relativamente distante, mas sem perder os detalhes que podem ser visualizados por um local mais próximo. É claro que o zoom óptico e o zoom digital tem suas vantagens e desvantagens, mas para quem procura mais qualidade em fotos a distância, uma lente teleobjetiva pode fazer a diferença.

Não é à toa que as câmeras de flagships mais avançados recebem tantos elogios do público e da crítica especializada, como é o caso do Galaxy S21 Ultra e do Huawei Mate 40.

Câmera periscópica

Veja os detalhes capturados mesmo distante do objeto em foco. (Imagem: Reprodução / FoneTech)
Veja os detalhes capturados mesmo distante do objeto em foco. (Imagem: Reprodução/FoneTech)

No caso da lente teleobjetiva, nós entendemos que ela é uma solução interessante para evitar utilizar o zoom digital do smartphone que pode deixar as imagens borradas, com um aspecto feio e sem nenhum detalhe. Agora no caso da lente periscópio, sua utilização se baseia em praticamente unir os dois tipos de zoom, óptico e digital, para criar um zoom com mais aproximação e manter uma qualidade aceitável, muitas vezes podendo chegar em um zoom de até 100x.

A lente periscópio é posicionada de forma perpendicular ao sensor principal, e com isso, é possível aumentar a imagem usando a refração de luz, sem a necessidade de ter um sensor maior do que ele realmente é. Ela pode ser muito bem utilizada para enquadrar objetos distantes como a Lua, por exemplo.

Modelos que integram esse recurso também podem ser muito úteis para quem procura um câmera completa, como é o caso do Huawei P30 Pro e do Galaxy S20 Ultra, assim como mostra o tweet abaixo;

Câmera ToF (Time of Flight)

O sensor ToF, sigla para Time of Flight (Tempo de Voo, em tradução livre), também é conhecido como sensor 3D. Sua premissa é oferecer mais precisão em imagens no modo retrato, similar ao efeito bokeh que é concedido por meio da lente de profundidade. O seu funcionamento, basicamente, consiste em determinar a distância entre objetos a partir da emissão de feixes de luz.

Por meio de um pulso de luz infravermelho, o sensor é capaz de calcular o que está no "plano de fundo" da imagem, assim como o tamanho do objeto em foco e entendendo a profundidade de campo da fotografia ao utilizar o popular Modo Retrato.

Formação do sensor ToF no LG G8 ThinQ. (Imagem: Reprodução/ LG)
Formação do sensor ToF no LG G8 ThinQ. (Imagem: Reprodução/ LG)

Tal sensor foi uma novidade interessante entre os dispositivos da Samsung com a chegada do Galaxy A80, dispositivo que tem um sistema de câmera flip, que se ejeta quando é acionado pelo usuário. Além dele, o LG G8 ThinQ e o Huawei P30 Pro também são integrados com o sensor 3D.

Câmera de ação

Conhecida como câmera de ação, essa lente é exclusiva em celulares da Motorola, e tem um propósito bem parecido com as câmeras GoPro, que são utilizadas para gravar vídeos em movimento, como em esportes radicais ou no capacete de um motoqueiro.

Motorola One Action. (Imagem: Reprodução / Motorola)
Motorola One Action. (Imagem: Reprodução / Motorola)

Por ser exclusivo, esse tipo de câmera foi inserido neste artigo como um bônus e que também pode gerar dúvidas sobre o funcionamento. A Motorola afirma que sua utilidade envolve oferecer mais conforto ao usuário durante as gravações de vídeos e depois reproduzir em diversos formatos de mídia. Com a possibilidade ainda de ser utilizado na vertical, o recurso marca presença no Motorola One Action, celular da Motorola voltado para gravações de vídeos em ação.