Abrir uma nova empresa no Brasil é sempre um grande desafio e, no caso de uma empresa de periféricos, a dificuldade é ainda maior, não apenas pela situação econômica do país, mas pelas diversas barreiras a serem enfrentadas com relações internacionais, como a importação e negociação com OEM’s.

As Original Equipament Manufacturers (OEM) são as empresas que fazem a manufatura de produtos para as marcas, elas são muito importantes porque a qualidade da construção geral de um produto será determinada pela competência e equipamentos que ela utiliza. Uma das mais conhecidas é a Solid Year, que fabrica teclados de grandes marcas como a Corsair, e outra bastante famosa é a Foxconn, que inclusive tem representação no Brasil.

A Hawkon é uma empresa brasileira que vende periféricos desde 2015 e, até o momento, ela lançou poucos modelos de seus produtos, sendo eles um mouse, o Hawkon Severus; um headset, o Hawkon Volcano; quatro mousepads, o Pange Blood, Vermilion, Classic e Smoke; e um teclado, o Hawkon Juggernaut, o qual nos foi enviado por ela para este review.

Ao entrarmos em contato com a Hawkon para saber mais sobre seus produtos, ela nos informou que eles são fabricados na China, mas não pode informar qual a sua OEM.

Fiquei bastante surpreso com o visível interesse de muitos membros do grupo Periféricos High End do Facebook em conhecer os produtos da Hawkon, postei uma foto na comunidade mostrando o Juggernaut assim que ele chegou aqui na redação do Oficina da Net e na hora já surgiram vários comentários pedindo por primeiras impressões. Aí eu te pergunto, Hawkon, precisa de maior incentivo para melhorar cada vez mais?

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Avaliar o design de teclados é um tanto ou quanto difícil, seus cortes e curvas costumam não influenciar muito em ergonomia (a não ser no apoio de mãos), no entanto, gosto de deixar claro em meus reviews que prefiro muito mais um design simplificado do que um transformer. Inclusive, um dos comentários que ouvi aqui na redação é que o próprio Juggernaut parece um painel de uma nave. (hahaha)

Não é exagero dizer que o teclado tem cortes e encaixaes demais, no entanto, temos que reconhecer que este é um recurso muito bem utilizado por marcas menos conhecidas, pois são estes teclados "diferentões" que chamam a atenção de usuários com pouco conhecimento sobre o assunto, afinal, não seria infinitamente melhor ter um produto compacto que economize espaço na sua mesa para um periférico que você movimenta sobre ela, como um mouse?

O posicionamento das teclas de macros foi o maior erro da Hawkon (ou da OEM dela), afinal, é praticamente impossível não utilizar o teclado por uma primeira vez sem pressionar diversas vezes a tecla "Rec" enquanto você tentava pressionar "Esc", assim como a tecla "G5" quando buscava a "Ctrl". Além de macros serem pouco úteis em teclados (afinal, já podemos tê-las em mouses), no caso do Juggernog, elas são ainda piores por atrapalharem horrivelmente a usabilidade dele.

Outro aspecto que me incomodou bastante foram os detalhes em metal de sua carcaça, acabei emprestando ele para um amigo aqui da redação enquanto estive em um período de férias e, quando o recebi de volta, dois destes pinos haviam sido perdidos e meu colega sequer sabia explicar como eles sumiram. Mais tarde, enquanto dissecava o Juggernaut, também acabei perdendo mais um pino sem nem ao menos ter encostado neles.

O Juggernaut é um teclado full size, pois possui teclado numérico e teclas de função e navegação. O layout dele é ABNT e não possui nenhuma versão ANSI para quem possa preferir, o que nem seria necessário, afinal, ele ainda precisa ganhar muito terreno no Brasil até poder pensar em expandir o mercado da marca.

A iluminação do teclado é pouco convincente, ela é tão fraca que é possível ver a white plate atrás das keycaps. E falando delas, as keycaps não são retroiluminadas, ou seja, a luz não passa por elas, e isso acaba tirando um pouco do sentido de ter um teclado com iluminação.

Aparentemente o Juggernaut deveria ter um efeito de iluminação pulsante além do modo ligado ou desligado, afinal, no manual do usuário (que é apenas uma pequena folha) uma fita foi colada sobre uma parte do texto onde os efeitos são explicados. Se isto não explica uma falta do efeito, talvez fato de você precisar pressionar o botão de iluminação duas vezes para desliga-lo seja o suficiente.

As keycaps do teclado são em plástico ABS, um material consideravelmente resistente, que dificilmente te dará dores de cabeça. O conector delas é do formato padrão de teclados de membrana, portanto, removê-las pode não ser uma boa ideia, pois as presas que mantém elas no lugar aparentam certa fragilidade.

Os pés do teclado parecem ser bastante frágeis, principalmente por ficarem frouxos em seu compartimento, o que é um ponto bastante negativo caso você prefira utilizá-los.

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Estas especificações são fornecidas pelo fabricante.

 

  • 515 mm de largura X 200mm de altura X 27,2 mm de espessura
  • 5 botões adicionais de macro
  • Sistema anti-ghosting de até 19 teclas
  • Padrão ABNT2
  • Taxa de amostragem de 1000Hz
  • USB 2.0

A Hawkon não disponibiliza um software de configuração para seus produtos.

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Como é comum em um teclado de membrana, a única PCB presente é uma pequena, de controle, ao contrário de um teclado mecânico, que tem uma placa estendida ao longo de todo o seu corpo.

As soldas do cabo de força mal feitas e a falta de capricho são até comuns em teclados de baixo custo como este, mas ainda assim são aspectos a serem destacados. Os resíduos de limpeza são outro indício de falta de cuidados, mas não chegam a afetar a qualidade em si.

Ainda sobre o cabo em si, ele passa bastante confiança da maneira como é preso à carcaça do Juggernaut, portanto, você difícilmente terá problemas com mal contato.

A iluminação do teclado é feita de forma direta, dependendo apenas de um conector na PCB que mantém a comunicação com os leds presentes no plástico branco reflexivo. Não existe nenhum dispositivo de trava que garanta uma conexão segura, portanto, talvez você tenha que abrir o seu Juggernaut para reconectá-lo algum dia.

Como dito anteriormente, a iluminação do teclado é bastante modesta, são apenas 8 leds para fazer toda a iluminação, que é espalhada por todas as teclas por uma fita de alumínio que reflete a luz sobre uma placa de acrílico, que por si só fica sobre uma placa de plástico reflexivo branca, aumentando um pouco mais essa distribuição.

Por algum motivo (talvez apenas por proteção), uma placa de alumínio fina e flexível fica por baixo do acrílico e do plástico reflexivo branco.

Os LEDs são pequenos SMD de baixa potência, eles poderiam ser substituídos ao menos por leds maiores para melhorar a iluminação, mas para o baixo custo do produto, eles são justificáveis.

Para finalizar o assunto da iluminação, a backplate branca semitransparente que segura as keycaps também ajuda a melhorar a distribuição das luzes, diminuindo o aspectos de que elas estão vindo apenas da parte de baixo.

A membrana do teclado é a padrão dos produtos da categoria, as gomas são tão normais e macias quanto qualquer outra, no entanto, duas delas estavam descoladas do circuito, a da tecla Shift e do ponto de interrogação (?), o que não necessariamente é um problema, pois muitas empresas sequer colam as gomas na membrana.

As macros do teclado são guardadas em uma EEPROM (Electrically-Erasable Programmable Read-Only Memory) 24C02A, modelo muito parecido com um produzido pela Microship Technology, mas que já está fora de produção e foi substituído pelo modelo 24C02C. Sua única função é guardar as informações de uma macro para serem utilizadas posteriormente.

Antes de terminarmos a sessão da construção interna, tem mais um aspecto que me fez dar boas risadas quando vi.

Um recurso muito utilizado por empresas para impedir que usuários abram os seus teclados e acabem estragando ele é a utilização de um selo sobre um dos parafusos. Esse selo dita quanto tempo de garantia o produto tem e, se chegar ao RMA violado, a garantia não é coberta.


Selo de garantia do Ducky One violado

Clique aqui para ver o review do Ducky One (Blue).

Não sei se a Hawkon fez isso de propósito, mas o selo de garantia do teclado fica sobre um buraco de parafuso FALSO atrás dele. Ou seja, um selo de garantia inviolável, mas por ser inútil, e não por ser difícil de remover...


Na parte de cima: Traseira do Juggernaut | Na parte de baixo: Traseira vista por dentro do teclado

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Utilizar o Hawkon Juggernog foi uma verdadeira montanha russa. Foram incontáveis as vezes que pressionei a maldita tecla de gravação de macros ao invés do Esc, assim como cansei de pressionar o macro G5 buscando a tecla Ctrl. No entanto, posso dizer que me senti bastante confortável com sua utilização, pois gosto de teclas um pouco mais firmes como as deste teclado para digitar.

As macros do Juggernaut suportam até 26 bytes de informação ou 30 segundos de comandos. Para gravá-las, os passos são bastante simples:

  • Pressione a tecla "Rec";
  • Escolha uma das teclas de macro;
  • Programe a macro pressionando a sequência de botões na ordem desejada;
  • Pressione novamente a tecla "Rec" para confirmar a gravação.

Se você quer um teclado exclusivamente para jogar e precisa de um switch de ativação rápida ou no mínimo suave, esqueça, o Hawkon Juggernog ainda está um pouco longe de ser de seu agrado. A teclas são bem mais pesadas que mecânicas, e isto pode ser meio chato durante uma jogatina. A disposição das teclas de macro desfavorece qualquer jogador que precise reposicionar a mão esquerda com certa frequência e, até acostumar com esta diferença, você certamente terá problemas, assim como provavelmente vai ficar perdido quando voltar para outro teclado. É uma questão de memória muscular, pois seu cérebro se acostuma com a posição das teclas.

Como já citei no início do review, a iluminação do teclado é bastante precária, não apenas pelos leds de má qualidade, mas também por sua má disposição, que espalha mal a luminosidade, deixando diversas áreas brancas a vista na whiteplate, no entanto, ela ainda assim é "bonitinha" para um teclado de baixo custo.

Vamos aproveitar que este é o meu primeiro review de um teclado de membrana para entendermos um pouco mais sobre como este sistema funciona.

Em um teclado de membrana, a resistência do key switch está unicamente ligada ao quão resistente é a borracha utilizada em sua goma, portanto, quanto mais flexível for a borracha, mais confortável será o seu clique, no entanto, o problema deste sistema é que, quanto mais flexível a borracha, mais suscetível a problemas ela será, afinal, é muito comum o desgaste das gomas em teclados de membrana.

O reconhecimento de um pressionamento ocorre da seguinte maneira: O usuário exerce força sobre a keycap (no caso do Juggernaut, o equivalente a 60g para ativação), ela desce e exerce pressão sobre a goma de borracha, que dobra e bate em um sensor da membrana, o qual reconhece o contato e envia a informação de um clique para a PCB, que manda as informações necessárias ao computador para reproduzir a tecla pressionada. Depois disso, a pressão sobre a goma é removida e ela naturalmente volta a sua forma original, empurrando a keycap para cima.

Teclados de membrana costumam ter uma força de ativação maior que a de switches mecânicos, principalmente pelo clique depender unicamente da resistência do plástico da keycap ceder ao peso infligido pelo dedo. Em média, a maioria das teclas de produtos que utilizam membrana estão entre 60 e 80 gramas, no caso do Juggernaut, ele chega a 60g, que é um bom nível para a categoria.

Como já é de costume em teclados de membrana, o Juggernog tem um ruído bastante baixo, o que é um ponto bastante positivo, pois você pode utilizá-lo em qualquer ambiente sem se preocupar em estar atrapalhando alguém que esteja ao seu lado.

O sistema anti-ghosting do teclado promete uma usabilidade tranquila para qualquer jogador, pois ele teria sido projetado para reconhecer uma entrada simultânea de 19 teclas. Vamos ver se este sistema realmente funciona.

Caso você jogue FPS, certamente não terá problemas com ghosting.

Para jogos de corrida, o resultado é o mesmo, tudo funciona perfeitamente.

Se você joga emuladores, não é preciso se preocupar, não haverá problemas de ghosting.

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O Hawkon Juggernaut é um teclado de membrana simples, com recursos limitados, mas muito interessantes para a categoria, no entanto, o seu design é decepcionante, principalmente pela posição das teclas de macro, que CERTAMENTE vão te causar problemas até você se acostumar.

Como costumamos dizer, investir em teclados de membrana sempre é "um tiro no escuro", pois nunca se sabe por quanto tempo suas gomas vão funcionar. Se você possui um orçamento um pouco maior, sempre vale mais a pena apostar em um teclado mecânico, ainda mais com as opções de importações de baixo custo que descobrimos em marcas chinesas regularmente.

De modo geral, o Juggernaut é um bom teclado de membrana por um custo relativamente baixo, ele é bem confortável de utilizar e oferece o básico que qualquer usuário possa querer, no entanto, ele está longe de ser um custo x benefício tão bom quanto muitos outros teclados desta faixa de preço, sejam eles importados ou vendidos aqui no Brasil.

Se você não se importa em ter que esperar em média um mês para receber seus produtos, os R$156,80 pagos no Hawkon Juggernaut podem muito bem ser substituídos pelo valor pago na importação de, por exemplo, um Motospeed CK104 ou um Mantistek GK2, que custam em média R$180,00 e contam com switches mecânicos decentes.

Agora, se você está realmente buscando um teclado de membrana, pode encontrar opções superiores como o Redragon Yaksa, que custa em média R$170,00, é construído em um material mais resistente, oferece a opção de troca de cores nos leds e ainda é resistente à água.

Clique aqui e confira nosso review do Redragon Yaksa.

Agradecemos ao pessoal da Hawkon por nos enviar um exemplar de seus produtos para testes, esperamos ter mais oportunidades de recebe-los no Oficina da Net. Caso seja de seu interesse, você pode ver mais produtos da Hawkon clicando aqui.

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