Já faz tempo que eu quero testar o Moto G35 da Motorola, um dos celulares baratinhos que mais me chamou a atenção. Algumas semanas atrás ele apareceu em uma oferta no nosso grupo do WhatsApp saindo por apenas 538 reais à vista na Amazon.

Sem dúvidas, esse é o celular mais barato que eu já testei. Mas será que, por esse preço, ele consegue cumprir o básico? Dá pra usar em redes sociais, aplicativos do cotidiano e ainda ter uma bateria que dure o dia todo? Eu vou dar um spoiler: esse celular me surpreendeu demais.

Construção Externa e Design

Nesses últimos anos eu testei muitos celulares topo de linha e intermediários da Motorola, e posso falar com segurança que nada na construção do Moto G35 passa a impressão de ser um celular barato. Ele segue a mesma identidade visual dos outros aparelhos da marca, e apesar de ter um design simples, é muito bem construído. As laterais de plástico estão perfeitamente encaixadas na traseira de couro sintético. Essa moldura tem os cantos arredondados, aumentando o conforto e a firmeza na hora de segurar.

O acabamento em couro é o mesmo que a Motorola usa em praticamente todos os seus aparelhos. Tem uma textura que melhora a pegada, o que é uma ótima notícia para quem planeja usar ele sem capinha.

Eu tenho que elogiar o design simples do Moto G35, sem câmeras falsas e outras tentativas de fazer o celular parecer mais caro do que realmente é. Para mim, existe beleza na funcionalidade - e tudo que vemos nesse smartphone tem um propósito:

Aqui na parte de cima encontramos o microfone secundário e também o logo "Dolby Atmos", empresa de áudio parceira da Motorola desde os modelos mais caros até os baratinhos.

Em cima da câmera de selfie tem uma pequena abertura onde fica a saída de som secundária. Ela forma um som estéreo junto com a saída de som principal que fica na parte de baixo. É aqui onde encontramos também a entrada USB-C, o microfone principal, e, pasmem, uma entrada para fones. Isso mesmo, se você é daqueles que curte fones cabeados, o Moto G35 é um dos poucos aparelhos que ainda mantém essa conectividade.

Na lateral direita temos dois botões de volume e o botão power, que também funciona como leitor biométrico. Os três botões estão bem encaixados e sem rebarbas. O leitor funciona bem e reconhece a digital com sucesso, sem travar.

Na gavetinha de chip tem uma pequena borracha que ajuda a prevenir a entrada de líquido. O Moto G35 suporta dois chips, sejam eles físicos ou e-SIM. Você também pode optar por instalar um cartão de memória no lugar de um dos chips físicos.

Ele também vem com suporte a redes 5G e pagamentos NFC. Ou seja, apesar de ser um celular baratinho, é super completo nas conectividades.

Na versão de 128GB de armazenamento ele é vendido na cor verde - que foi a que eu escolhi - mas também tem preto. A diferença é que o modelo preto vem com a traseira em plástico, não em couro vegano. Já a versão de 256GB está disponível apenas nas cores cinza e coral.

Até aqui, eu fiquei bem surpreso com o Moto G35. Nesse preço, eu esperava um celular com construção fraca, 4G, talvez até sem NFC. Mas eu recebi um celular extremamente completo e bem construído. Mas a dúvida que fica é, como fica a durabilidade de um celular tão barato?

Proteções

Bem, eu não esperava nenhuma certificação contra líquidos nesse aparelho, e, de fato, a Motorola só diz que ele tem um design repelidor de água. Então fica a dica, melhor manter o Moto G35 longe da piscina e cuidar para não molhar na chuva.

Se você está procurando um celular barato à prova d'água, eu acredito que os mais em conta no momento sejam o Moto G56 e o Moto G75. Eu testei ambos e curti bastante.

Mas voltando ao nosso G35, em respeito ao vidro da tela, a Motorola optou por Gorilla Glass 3, uma versão meio antiga de Gorilla Glass, mas que ainda deve oferecer uma boa resistência a pequenas quedas e arranhões.

Eu sinto que a Motorola fez o que pode para proteger o G35 da melhor forma possível sem subir o preço, então no quesito durabilidade, ele não chega a surpreender, mas também não decepciona.

Tela

E se você estava esperando tela AMOLED, pode esquecer. Aqui é LCD IPS. Quem acompanha o site sabe que eu não curto telas LCD em smartphones, mas o motivo principal disso é que eu costumo testar essas telas em celulares que custam mais de mil reais. Aqui - num celular baratinho - é exatamente onde a tela LCD deveria estar. Se fosse AMOLED, o custo do aparelho subiria astronomicamente e não iria fazer sentido para a proposta de um celular econômico.

A boa notícia é que, mesmo sem tela AMOLED, esse painel LCD é bem melhor que o do antecessor, Moto G34 em vários quesitos: primeiro, aumentou de tamanho, foi de 6.5 polegadas para 6.72 polegadas, o que pode parecer pouco, mas não é. Esse tamanho virou padrão nos celulares intermediários e também nos mais caros.

Outra boa notícia é que a resolução aumentou de HD para FULL HD+, então mesmo com uma tela maior, a nitidez ainda é superior à geração anterior.

E as melhorias na tela não acabaram por aí: o display agora tem brilho máximo de 1000 nits. Eu não sei ao certo quanto tinha a do Moto G34, mas eu lembro de ter bastante dificuldade de usar o celular na rua com sol. Felizmente o G35 tem um brilho mais satisfatório para usar em ambientes externos.

A taxa de atualização é de 120Hz e reduz automáticamente para 60Hz para economizar bateria. Apesar disso, eu notei que o tempo de resposta da tela não é dos melhores, e é notável principalmente no texto com o modo escuro ativado. Os pixels demoram um tempinho para trocar de cor, o que acaba resultando em um efeito borrado na tela. Tem gente que é sensível com esse tipo de coisa, outros nem vão notar diferença, então varia de pessoa para pessoa.

Mas esse é apenas um detalhe. A real é que a tela do Moto G35 está de bom grado para a proposta do celular. Claro que não vamos ter aqueles contrastes infinitos e tempo de resposta imediato dos paineis AMOLED, mas mesmo assim, as cores são bem saturadas, a nitidez é ótima, o brilho é suficiente para usar o celular em ambientes externos e a melhor parte: as bordas são finas. Diferente dos celulares de entrada da Samsung, aqui na Motorola não temos aquela gota ao redor da câmera de selfie. Eu gostei muito da frente desse celular.

Bateria

Todo mundo quer um celular com bateria que dure pelo menos um dia inteiro de uso, mas será que é justo esperar isso de um smartphone que custa menos de mil reais?

O Moto G35 tem uma bateria com tamanho padrão, são 5.000mAh de capacidade total. Eu coloquei ele para enfrentar o mesmo teste de bateria que eu faço em todos os celulares: São 8 horas com a tela ligada enfrentando vários desafios, como assistir vídeos no YouTube, scrollar instagram, filmar com a câmera e até jogos. O objetivo disso tudo é simular um dia intenso de uso.

#CelularesCapacidadeConsumoTela LigadaTempo carregamento
56°Xiaomi Redmi Note 13 Pro 4G5.0008307:45h00:56h
57°Samsung Galaxy A565.0008307:45h01:51h
58°Samsung Galaxy A06 5G5.0008307:45h01:58h
59°Xiaomi POCO X6 Pro5.0008407:45h00:51h
60°Xiaomi Redmi Note 12 4G5.0008407:45h01:05h
123°Xiaomi POCO F4 GT4.70010007:30h00:20h
124°Samsung Galaxy S22 Plus4.50010007:30h01:30h
125°Samsung Galaxy A17 5G5.00010007:27h02:11h
126°Samsung Galaxy Z Flip 53.70010007:25h01:25h
127°Realme C555.00010007:25h01:05h

A boa notícia é que o Moto G35 não só conseguiu concluir o teste, mas terminou com 8% de carga ainda sobrando. Para um celular barato, esse resultado está dentro dos padrões, mas eu fiquei feliz mesmo assim, já que o último celular que eu testei - o Galaxy A17 5G da Samsung - zerou a bateria antes de terminar o teste, então não é todo celular barato que tem um bom resultado de autonomia.

Quanto ao carregamento, o Moto G35 acompanha um carregador oficial da Motorola de 20W. E com esse carregador, o celular demorou 1h58 para recarregar dos 0 ao 100%. O Moto G35 é um daqueles aparelhos que você usa o dia todo e coloca para carregar à noite. Não tem carregamento rápido.

Performance

A construção é boa, a tela também e a bateria não deixa a desejar. Mas estamos tratando de um celular barato, então a Motorola precisa ter economizado em algum lugar. Infelizmente, foi a performance. O Moto G35 não tem um processador Snapdragon nem Mediatek, muito menos Exynos. Estamos tratando aqui de um UNISOC - mais precisamente, o modelo T760. Vou falar para vocês que tem alguns anos que eu não testo um celular com processador UNISOC. Eles costumam produzir chips para tablets e celulares extremamente baratos, tipo aqueles aparelhos que nem são smart.

Eu coloquei o G35 para fazer um teste de performance no aplicativo AnTuTu, assim a gente tem uma noção melhor da potência e podemos comparar com outros modelos de entrada. A pontuação dele foi de 610 mil, o que significa que podemos esperar um desempenho similar a outros celulares de entrada do mercado, como o Galaxy A15, A16, A17, Moto G34, Redmi Note 14, e por aí vai.

No quesito desempenho, esse celular tem pontos positivos e negativos. No lado positivo, a interface da Motorola é muito leve otimizada, então mesmo com um processador fraquinho e apenas 4GB de memória RAM, o Moto G35 não chega a ser extremamente lento. É verdade que ele demora um pouquinho para abrir alguns aplicativos, mas como vocês estão vendo, não chega a pensar muito, pelo menos não na navegação do sistema e aplicativos de redes sociais.

Agora, olhando pelo lado negativo, o processador Unisoc não vai entregar boa performance em tarefas pesadas, como tirar fotos, filmar e jogos. Se você curte jogos pesados, pode esquecer o Moto G35. Ele não vai rodar Genshin Impact, nem com gráficos no mínimo. Agora, em jogos leves como Asphalt Legends e Blood Strike, aí sim. Diminuindo os gráficos, podemos jogar sem problemas.

Câmeras

Nas câmeras, a principal continua com 50 megapixels e é o exato mesmo sensor da principal do Moto G34. A diferença fica na câmera secundária: o sensorzinho macro de 2 megapixels foi substituído por um ultra-wide de 8 megapixels.

Eu não sei muito bem como falar sobre as câmeras desse celular. Por um lado, são as piores que já testamos aqui no canal. Mas isso é justo, já que esse celular é também o mais barato.

O pós processamento tenta adicionar nitidez para a foto não sair borrada, mas acaba resultando em muito ruído nos pixels da imagem. Se um dia alguém te perguntar o que é ruído numa foto, essas tiradas pelo Moto G35 são bons exemplos.

Imagem da galeria
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De dia, eu até consegui tirar umas fotos ok, nota 5, mas em ambientes de pouca luz é onde esse sensor realmente sofre, entregando resultados bem abaixo do que estamos acostumados a ver aqui no canal.

Já a câmera ultra-wide eu só usaria numa emergência, onde realmente é necessário um ângulo mais amplo, já que a qualidade da foto sai muito inferior às tiradas pela câmera principal, principalmente as noturnas.

Vídeo

Eu fiquei muito surpreso quando descobri que com a câmera principal é possível gravar em 4K. Por algum motivo, essa opção vem desativada, mas basta ir em "vídeo", depois em "configurações" e está aqui a opção de "gravar vídeos em 4K". Já a câmera de selfie grava apenas em FULL HD 30 frames, o que era de se esperar de um smartphone baratinho.

Andando pelo bairro, testando a estabilização da câmera, vocês podem ver que a qualidade da filmagem está super prejudicada, eu definitivamente não recomendo esse celular para gravar vídeos em movimento.

Agora, eu botei o celular para gravar eu fazendo chimarrão aqui em casa. Para a minha surpresa, o resultado foi muito melhor que a filmagem na rua. Parece que o maior problema é na estabilização mesmo, já que o celular parado entregou uma gravação muito superior.

Selfies

Eu tirei várias selfies com o Moto G35. Pelo que eu estava vendo na hora, as selfies são bem melhores que as fotos com a câmera principal. A minha dica é: se você quer tirar uma boa selfie com esse celular, procure um ambiente bem iluminado, mas não direto no sol e nem na sombra. O melhor exemplo que eu tenho de uma boa selfie é dentro de casa, onde as cortinas deixam entrar bastante luz natural e o celular consegue entregar um bom resultado.

Com muito sol, o celular estoura os detalhes. Já com pouca luz é o contrário, pega pouco detalhe. A minha conclusão é que, sim, é possível tirar fotos boas com o Moto G35, mas não é uma tarefa simples.

Se o seu objetivo é tirar o celular do bolso e captar uma boa foto sem preocupação, o Motorola custo benefício que eu recomendo comprar é o Moto G86. Aquele celular tirou fotos até melhores que o concorrente da Samsung, me surpreendeu demais.

Sistema

Aqui entramos num dos maiores pontos negativos do Moto G35, o tempo de atualização. O meu modelo está atualmente rodando a interface Hello UI da Motorola sob o Android 14, e, pelo que eu entendi, só vai receber um ano de atualização. Ou seja, vai parar de atualizar no Android 15, e considerando que já estamos no Android 16, esse celular já nasceu obsoleto no quesito software.

O lado positivo é que, hoje em dia, as atualizações do Android não trazem grandes novidades como antigamente, mas definitivamente é um ponto onde a Motorola optou por economizar nesse aparelho. Eu gostaria de ver pelo menos dois ou três anos - um ano é de atualização é sacanagem, ainda mais considerando que o mais barato da Samsung, o Galaxy A06, recebe dois anos de Android e 4 anos de atualizações de segurança.

Conclusão

Eu confesso que eu só comprei esse celular porque vocês pediram muito. Eu nunca tinha testado um smartphone super barato já que, pela minha lógica, se os celulares de mil reais já são travados, imagina só um que custa bem menos. Mas a realidade é que existe pouquíssima diferença do ultra barato Moto G35 para os celulares de entrada como o Galaxy A17, Moto G56 e o Redmi Note 14.

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Entretanto, se você curte tirar fotos ou filmar, eu não posso recomendar o Moto G35. Além do aplicativo de câmera ser bem lento, fazendo você perder momentos entre uma foto e outra, as fotos saem com bastante ruído e qualidade abaixo da média.

Mas se o seu objetivo é economizar o máximo possível e ainda assim levar um celular que faz o básico bem, o Moto G35 é sim uma boa opção. É muito difícil vencer em custo benefício um smartphone que vale cerca de 500 reais e tem 128GB de armazenamento, uma construção boa, suporte a 5G, NFC, e-SIM, entrada para fones e suporte a cartão de memória.

A interface da Motorola pode até ser simples, mas é leve e roda com agilidade, mesmo num processador Unisoc. Por um bom preço, vale muito a pena comprar esse celular.