Embora pertençam a um mesmo ramo da tecnologia (imersiva), Realidade Aumentada (RA) e Realidade Virtual (VR) não são a mesma coisa. É comum elas serem tratadas como sinônimos, porém, cada uma possui particularidades e são justamente estas suas características próprias que veremos neste artigo de forma a não deixar mais nenhuma dúvida referente ao assunto.


Realidade Aumentada está presente no filme Vingadores, na armadura do Homem de Ferro

A principal diferença entre estas duas tecnologias está no fato de que enquanto a Realidade Virtual permite a imersão do usuário em um ambiente 3D, a Realidade Aumentada traz elementos do mundo virtual para o real. Ao fazer uso da VR, a pessoa encontrará uma experiência multissensorial e com interação em tempo real, pois ela estará dentro de uma interface tridimensional, podendo simular ações e movimentos. Já no caso da RA não se trata de uma nova realidade criada. O que ocorre é que elementos 3D são inseridos em ambientes reais. Um exemplo da aplicação desta tecnologia é o jogo Pokémon Go, em que os monstrinhos de bolso podem ser vistos em diversos locais reais, por meio da câmera do smartphone. Ou seja, ao invés de entrarmos em um ambiente tridimensional como na VR, é o 3D que imerge em nosso mundo.

A ideia de misturar mundo virtual com o mundo real e proporcionar maior interação entre o homem e a máquina é a mesma. O que muda é de que modo isto ocorre. De um lado o usuário pode sentir como se estivesse em um outro lugar, vivendo e fazendo coisas que não existem. Como se fosse a Matrix, mas sem os riscos que ocorrem no filme. De outro, podemos brincar e interagir com imagens gráficas sobrepostas em nossos ambientes, obtendo a impressão de que elas realmente fazem parte deles. 

E como elas funcionam?

No caso da Realidade Aumentada ela funciona da seguinte forma: é necessária uma webcam ou outro dispositivo que permita a interpretação e criação de um objeto virtual. Por meio da câmera, será transmitida a imagem que vai ser combinada com a animação. A partir daí entra em ação o software ou aplicativo inteligente capaz de interpretar o sinal transmitido pela câmera. A fotografia capturada será projetada com uma imagem em 3D previamente incluída no aplicativo responsável pela renderização das ilustrações.


Na Realidade Aumentada imagens 3D são sobrepostas a ambientes reais

Devido ao fato de a câmera estar capturando as imagens em tempo real e misturando-as com animações, esta junção causa o efeito de realidade aumentada.

Leia mais sobre Realidade Aumentada aqui.

No caso da Realidade Virtual, para que o usuário consiga adentrar em um mundo virtual, em primeiro lugar são necessários dispositivos de VR. Eles estão estruturados em três componentes principais: um PC, um consule ou um smartphone capaz de executar o software, um equipamento de visualização que ficará preso na frente dos olhos (é comum também utilizar hedsets de forma a evitar que se tenha qualquer estímulo externo) e algum tipo de dispositivo de controle. Estes componentes atuam em conjunto para gerar em frente aos olhos do usuário um novo ambiente. Esta atuação é capaz de enganar os sentidos de qualquer um, de forma que a mente acredita que aquilo realmente é real.

O componente básico de todos os gadgets de Realidade Virtual está na visão estereoscópica, que é a capatação e sobreposição de duas imagens 2D sutilmente diferentes, que o nosso cérebro acaba por interpretar com uma 3D, para se assemelhar com a forma que os nossos olhos enxergam o mundo. Esse papel pode ser cumprido por um visor LCD com duas fontes de imagem ou por dois visores LCD (um para cada olho), com uma taxa de quadros de no mínimo 60 fps.


Realidade Virtual faz o usuário imergir em uma realidade completamente diferente

Outro ponto importante para a realidade virtual é o movimento. Com o dispositivo preso na cabeça, não importa para onde a pessoa olhe, a visão gerada lhe acompanhará. Isto é possível porque os dispositivos de Realidade Virtual são equipados com aparatos chamados de IMU (unidade de medição inercial). As IMUs são estruturadas em três componentes principais: um acelerômetro, um giroscópio e um magnetômetro, responsável por fornecer a orientação do dispositivo em relação à terra, como se fosse um bússula tridimensional.

Alguns dispositivos de Realidade Virtual que visam melhorar o rastreamento posicional e de movimento, além das informações fornecidas pela IMU, contam com câmeras de rastreamento. Estes equipamentos localizam marcadores posicionados nos objetos e, através do uso de luz infravermelha ou refletores, conseguem determinar com precisçao a posição do dispositivo de VR no ambiente.

Os controles também são importantes componentes para uma experiência completa com a Realidade Virtual. Estes dispositivos permitem que, quando manipulados, o usuário interaja com o mundo virtual. Quanto mais perto das rotinas reais eles se aproximarem, melhor será a experiência.

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Sem dúvidas, 2016 está sendo o ano da Realidade Virtual e alguns modelos de óculos de RV já estão disponíveis no mercado, como o Oculus Rift, o Gear VR e o PlayStation VR. Além disso, gigantes da tecnologia como Google, Facebook e Samsung estão investindo nesta tecnologia.

Aplicações

A Realidade Aumentada ganhou destaque com o lançamento do jogo Pokémon Go, que em pouco tempo virou febre nos países onde foi lançado. Mas, além de games, está tecnologia já vem sendo utilizada em outras áreas. Um exemplo é o Google Glass. O dispositivo, quando fixado nos olhos, disponibiliza uma pequena tela acima do campo de visão. Esta tela apresenta a quem estiver utilizando o óculos, mapas, opções de música, previsão do tempo, e rotas de mapas. Além disso, ainda é possível realizar chamadas de vídeo ou tirar fotos e compartilhá-las imediatamente pela intenet.


Diferencial do Google Glass é a Realidade Aumentada

Outro exemplo é a multinacional sueca Ikea, que vende móveis domésticos de baixo custo. A empresa disponibiliza a tecnologia em um aplicativo de celular, para que os clientes possam projetar os móveis nos ambientes que desejam em tamanho real e assim visualizar como eles ficam no local, antes de finalizar a compra. Segundo a professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Martha Terenzzo, a possibilidade de visualizar o móvel dentro de casa, como se fosse real, aumenta as chances de vendas.

Esta tecnologia também já vem sendo utilizada na publicidade. Um exemplo é a linha de esmaltes Maybelline, que lançou no mercado um aplicativo que tirava fotos das mãos das consumidoras e em seguida simulava como ficariam suas unhas com as variadas cores do produto.


App permite escolher cor do esmalte e testar nas unhas por meio de foto

Já a Realidade Virtual surge com força no mercado de jogos. Mas não são só os games que fazem uso desta tecnologia. Já existem aplicativos que estão usando e abusando desta tecnologia para trazer experiências únicas aos usuários, como o Google Street View, que permite que você explore o mundo sem sair de casa. A funcionalidade surgiu dentro do Google Maps e ganhou um app próprio para smartphones e tablets com sistema operacional Android. É só acoplar seu dispositivo móvel a um óculos VR de sua preferência que você poderá conhecer e explorar diversos lugares, sem sair do lugar.

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Nos jogos, a Realidade Virtual torna a experiência de lutar contra inimigos, superar obstáculos ou enfrentar monstros mais interessante e realista. O game Dreadhalls, por exemplo, coloca o gamer na pele de um explorador que precisa encontrar o caminho para sair de túneis repletos de ameaças. Entre elas estão fantasmas e gárgulas vivas. A dica para se dar bem no jogo é se esconder e correr nas doses necessárias.


Dreadhalls é um jogo que utiliza a Realidade Virtual para deixar a experiência do gamer mais realista

Recentemente a Netflix também realizou uma ação voltada À Realidade Virtual. O experimento feito em um dia dedicado a novas experiências na empresa simulou a atividade de ir até uma locadora e escolher um filme. Veja mais sobre isto aqui.

Com a Realidade Virtual você pode estar pilotando uma aeronave no espaço, nadando com golfinhos ou visitando pontos turísticos. É uma infinidade de possibilidades que deve crescer ainda mais nos últimos anos. Tanto a VR quanto a Realidade Aumentada são grandes apostas para os próximos anos. Com certeza, experiências animadoras ainda estão por vir.