Neste mês a operadora Oi foi vendida por 16,5 bilhões (sim, bilhões!) de reais para um consórcio formado pelas outras três principais operadoras de telefonia móvel do país: Claro, Vivo e Tim. O processo de falência foi longo e demorando, levando mais de cinco anos para ter início os leilões dos principais setores da empresa.

A aquisição do setor 'Oi Móvel' terá um impacto direto no setor de telecomunicações do Brasil.

Por que faliu?

No Brasil nós não temos uma vasta quantidade de operadoras de telefonia móvel disponíveis para contratação, logo, criando um restrito canal por onde os usuários são direcionados a contratarem uma das 4 maiores empresas (até então) do país: Oi, Vivo, Claro e Tim. É, de fato, um oligopólio, cenário em que algumas empresas detém o controle da maior parcela do mercado.

Para que não haja concorrência desleal há a supervisão da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), entidade federal cuja função é "[...] promover o desenvolvimento das telecomunicações do País de modo a dotá-lo de uma moderna e eficiente infra-estrutura de telecomunicações, capaz de oferecer à sociedade serviços adequados, diversificados e a preços justos, em todo o território nacional.".

No ano de 2015 a companhia estava afundada em uma dívidade de 65 bilhões de reais, valor que não poderia ser pago à vista e que mesmo com às várias renegociações se tornou uma bola de neve para a empresa. Esse era o primeiro elo da corrente se fechando e que levaria a Oi à falência.

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São muitos os motivos que levaram a empresa ao buraco, ou seja, precisariamos de um artigo exclusivo para explicar com clareza todos os erros e acertos da gestão da Oi para tentar impedir o inevitável: à falência. No ano de 2012 a companhia de telecomunicações valia aproximadamente 88 bilhões de reais na bolsa de valores, com isso atraindo vários investidores para adquirirem às ações na empresa.

Três anos após seu ápice financeiro a Oi passou a valer menos de 90% se comparado com três anos atrás. A divida crescendo, o patrimônio e os credores cobrando. Esse era a situação da empresa a partir de 2015. A dívida estava em 65 bilhões de reais e a empresa valia apenas um bilhão. Era impossível contornar esse cenário desastroso de uma má gestão e tentativas falhas de corrigir um problema que deveria ter sido solucionado logo no início. Em 2016 a empresa entrou em recuperação judicial, medida cujo objetivo é impedir que a empresa feche às portas e tenha tempo suficiente para negociar com seus credores. Foram várias negociações mas não havia solução: a companhia estava quebrada.

O leilão

Frente a um beco sem saída a Oi começou a se desfragmentar no mercado, leiloando vários setores que outrora serviram de base para a maior empresa brasileira de telecomunicações. No dia 14 de dezembro o setor de telefonia móvel da empresa foi leiloado por 16,5 bilhões de reais, valor que equivale a cerca de 20% da dívida total no ano de 2015.

Pode não parecer, mas a venda terá impacto direto no serviço de telefonia do Brasil. Com a saída da Oi o oligopólio aumentou, restringindo-se apenas na Claro, Tim e Vivo, empresas que absorverão os clientes da ex-concorrente. Segundo informações fornecidas por Ari Lopes, gerente sênior da consultoria Omdia nas Américas, é provável que a Tim fique com mais clientes, visto que foi a companhia que mais contribuiu financeiramente para que o consórcio pudesse adquirir a Oi Móvel.

Valores investidos:

  • Tim: R$ 7,3 bi (44% do valor total);
  • Vivo: R$ 5.5 bi (33% do valor total);
  • Claro: R$ 3.7 bi (23% do valor total).
    Valor total: R$ 16,5 bi.

É preciso entender que o consórcio comprou apenas um setor da empresa, ou seja, ainda restam outras áreas que serão leiloadas apenas no ano que vem, como a fibra óptica residencial, por exemplo.

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Nova estrutura

Além dos clientes a Oi também vendeu toda a estrutura do setor de internet móvel, como antenas, transmissores e receptores. Tudo isso foi leiloado para o consório e será distribuindo de forma equivalente e com supervisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

A aquisição de uma nova estrutura fará com que as demais companhias possam atender com maior eficiência seus clientes, tanto os antigos quanto os novos e que estarão migrando a partir da Oi. A reestruturação dos serviços e aquisição de uma nova plataforma farão com que os clientes sejam beneficiados, com isso suprimindo asc hamadas "áreas de sombras", local em que o usuário não dispõe de rede móvel para acesso à Internet, envio de mensagens SMS ou ligações.

Vale ressaltar que a migração dos clientes e absorção dos serviços dar-se-á de forma gradual, logo, é possível que o processo comece apenas em meados de 2021, com isso

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Um dos pontos que precisamos ter atenção é acerca dos preços referentes aos planos de internet móvel, tanto pré-pago, pós-pago e controle, que podem ter um aumento significativo devido a falta de concorrência no mercado. De acordo com informações, o Brasil não é o único país a ter poucas companhias de telefonia móvel, os Estados Unidos, por exemplo, possuem apenas três: Verizon, AT&T, Vi e BSNL.