No dia 18 de agosto, o Mercado Livre (ML) anunciou o lançamento da Mercado Coin, uma criptomoeda que vai servir como investimento e cashback. Com isso, 500 mil clientes selecionados de forma aleatória, terão acesso às moedas digitais em compras de produtos selecionados.

De acordo com o Mercado Livre, essa é uma novidade no programa de fidelidade. Além de poder ser usada como um meio de pagamento e descontos em novas compras, a criptomoeda poderá ser vendida por dinheiro e comprada, com outras moedas tradicionais.

O vice-presidente sênior e líder do ML no Brasil, Fernando Yunes, afirma que as criptomoedas acumulam e não expiram. Ou seja, não terão prazo de validade. Além disso, o Brasil deve ser pioneiro no lançamento e outros países da América Latina receberão a novidade no futuro.

"Até o final de agosto, os 80 milhões de clientes, que são toda a base de clientes do Mercado Livre no país, terão acesso à Mercado Coin", explicou Yunes. O executivo disse que é muito pouco provável que todos os produtos do ML retornem Mercado Coin como cashback.

De acordo com Yunes, o time comercial deve lançar campanhas específicas com categorias específicas para dar o cashback. "Nós nunca colocamos toda a plataforma em promoção. Então, teremos programas específicos em época de promoções de Dia das Mães e na Black Friday, por exemplo".

Criptomoeda Mercado Coin

Crédito: Divulgação/Canva/Mercado Livre
Crédito: Divulgação/Canva/Mercado Livre

De acordo com Guilherme Cohn, gerente sênior de Desenvolvimento Corporativo do ML, a Mercado Coin deve começar a valer 10 centavos de dólar (Ou seja, R$ 0,52 na cotação atual). Quanto ao protocolo de blockchain, ela usa o padrão de segurança ERC-20, o mesmo da ethereum.

"Antes do lançamento, essa novidade foi pensada por 1 ano e meio e a segurança foi tratada como prioridade. Ela possui as melhores iniciativas para prevenção de lavagem de dinheiro e custódia. Pensamos nas melhores práticas de mercado para oferecer a moeda aos clientes", explicou Cohn.

Em suma, a criptomoeda não vai ter cotações variadas para clientes com diferentes planos de fidelidade. Além disso, Cohn disse que ela não é uma stable coin. Ou seja, a cotação será volátil, e vai depender da oferta e da demanda pela cripto.

Segundo Priscila Faro, head de Legal Fintech no ML, apesar de as cripto ainda não terem a regulamentação do Banco Central, o assunto segue sendo acompanhado de perto. "O Banco Central tem uma visão interessante sobre esse tema e devemos ter em breve um cenário mais estabelecido sobre esse tipo de investimento".

As negociações específicas de compra e venda de Mercado Coin poderão ser feitas pelo Mercado Pago. Essa vai ser a 4ª criptomoeda negociada no aplicativo do serviço, que já oferta a negociação de bitcoin, ethereum e STP.

Histórico do Mercado Livre com as criptomoedas

Crédito: Divulgação/Canva/Mercado Livre
Crédito: Divulgação/Canva/Mercado Livre

O Mercado Livre assim como várias grandes instituições, ingressou no mercado cripto bem devagar. Em 2019, por exemplo, a plataforma mudou a sua política para anúncios de criptomoedas, apesar de dizer que não proibiria essas vendas.

Já em 2020, o Mercado Pago já tinha uma parceria com a Ripio e permitia compra de criptomoedas com saldo em carteira. Enquanto isso em 2021, o fundador e CEO do Mercado Livre, Marcos Galperin, já fazia elogios ao Bitcoin como uma reserva de valor.

A partir disso, não demorou muito para o Mercado Livre começar a permitir a venda de imóveis por Bitcoin na Argentina. E 5 meses depois, Galperun começou a investir individualmente na Ripio em uma rodada de investimentos Série B.

Além disso, em maio de 2021, a empresa anunciou a compra de US$ 7,8 milhões em bitcoin "como parte de nossa estratégia de tesouraria". Já em novembro do mesmo ano, o Mercado Livre anunciou a sua entrada oficial no mundo das criptomoedas.

Nesse mesmo anúncio, o ML passou a permitir a compra, venda e posse de criptomoedas usando as carteiras digitais. Por fim, em janeiro deste ano, o Mercado Livre divulgou que comprou parte da 2TM, controladora da corretora Mercado Bitcoin. O valor do investimento não foi divulgado.