Depois da revolução do Pix, das carteiras digitais e dos pagamentos por aproximação no sistema financeiro, outra grande inovação digital financeira deve ocorrer no Brasil. A partir de 2023, o país terá a sua própria moeda digital, o Real Digital.

Em suma, os testes pilotos com a nova moeda, que deve funcionar como uma extensão do real físico, estão previstos para iniciar em 2023, conforme o Banco Central (BC). Sem dúvida, esse deve ser um importante marco para a economia do país.

Abaixo, vamos te explicar todos os detalhes sobre essa novidade. Acompanhe.

O que é o real digital?

Créditos: Divulgação/Canva
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Como o nome diz, o real digital é a moeda virtual brasileira. A mesma deve digitalizar, ainda mais, as transações financeiras no dia a dia. Em suma, o nome técnico da nova moeda vem do inglês: Central Bank Digital Currency (CBDC) ou Moeda Digital Emitida por Banco Central.

O real digital, que deve começar os testes com a tecnologia em 2023, facilitará ainda mais que as transações, pagamentos, compras e investimentos, sejam feitos exclusivamente, pelo ambiente virtual, sem que nenhum dinheiro físico esteja atrelado às operações.

Em novembro de 2021, o Banco Central lançou o LIFT Challenge Real, uma edição especial do Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas de Desafio para discutir o Real Digital. A iniciativa engloba um público qualificado de participantes do mercado, que estuda os casos de uso e a viabilidade tecnológica da nova moeda.

Conforme os resultados do LIFT Challenge Real, a meta é que uma fase piloto com a participação da população tenha início no início de 2023.

"A moeda digital do Banco Central será uma expressão da nossa moeda soberana. Com ela, será possível oferecer novos serviços e maior segurança para transações realizadas de maneira digital", afirmou o economista do Banco Central Fabio Araújo.

Como o real digital vai funcionar?

Créditos: Divulgação/Canva
Créditos: Divulgação/Canva

O real digital do Brasil ainda levará um tempo para ser implementado. A previsão é que tenha início em 2023. A partir dessa implementação, você vai ter acesso à nova moeda através de uma carteira virtual - que será de responsabilidade de um agente autorizado pelo Banco Central. Como por exemplo, um banco ou uma instituição financeira.

Entre os benefícios da moeda digital, é possível destacar a possibilidade da nova moeda ser usada em qualquer lugar do mundo. Sem a necessidade de conversão, ela também pode estimular à inovação da economia e à inibição da lavagem de dinheiro. Ademais, a inovação deve permitir os contratos financeiros mais eficientes.

O Real Digital não poderá ser convertido em cédulas, o cidadão receberá códigos gerados pelo Banco Central indicando os valores que possui, segundo informações do Senado Federal.

Qual é a diferença entre o real digital e a moeda atual?

Dinheiro real físico. Créditos: Divulgação/Canva
Dinheiro real físico. Créditos: Divulgação/Canva

Se vai ser possível fazer pagamentos, transferências e saques, então qual é a diferença entre o real digital e a moeda atual? A primeira diferença é que a moeda digital, independente de onde esteja depositado, será de responsabilidade do Banco Central. Atualmente, o dinheiro é de responsabilidade do banco ou instituição financeira onde você tem conta.

Entretanto, a maior diferença está no fato de que a intenção do real digital é estimular os novos modelos de negócios em uma economia global. Ou seja, com a incorporação de contratos inteligentes e outras tecnologias fomentadas pela nova moeda, o real digital podem possibilitar a maior flexibilidade do uso do dinheiro.

Além disso, o real digital deve trazer uma mais adequação dos produtos às necessidades dos consumidores, bem como os menores custos para as transações financeiras.

E qual é a diferença entre o real digital e as criptomoedas?

Criptomoedas. Créditos: Divulgação/Canva
Criptomoedas. Créditos: Divulgação/Canva
A grande diferença entre o real digital e as criptomoedas, está no fato de que a gestão da moeda virtual brasileira será feita pelo Banco Central. Por outro lado, as criptomoedas têm, atualmente, uma gestão descentralizada.

Isso significa que a nova moeda digital vai ser fiscalizada, e emitida do mesmo modo que o real convencional, diferente das criptomoedas, que serão emitidas por redes não regulamentadas, e integram as movimentações financeiras anônimas, inclusive para a Receita Federal.

Ademais, a criptomoeda é um ativo, ou seja, um investimento que pode oscilar de preço o tempo todo. Já o real digital, é uma moeda nacional, ou seja, vai ter o mesmo valor do dinheiro físico. Sendo assim, você vai poder fazer qualquer atividade cotidiana com o real digital, enquanto que com as criptomoedas não é possível fazer isso (como pagar uma compra no mercado, por exemplo).

A verdade é que o real digital e as CBDCs ainda devem se desenvolver e evoluir muito no futuro. Entretanto, é importante estar atento às novidades para compreender como a nova moeda brasileira deve impactar a sua vida financeira e o seu dia a dia.

Primeiros passos do Real Digital

Créditos: Divulgação/Canva
Créditos: Divulgação/Canva

Inicialmente, o Real Digital deve ser usado somente nas transações financeiras e investimentos. Ou seja, não deve ser usado pela população em geral, nas transações eletrônicas cotidianas - função essa que já é bastante atendida pelo Pix.

De acordo com Thamilla Talarico, sócia da área de consultoria para instituições financeiras da EY e líder de Blockchain, mesmo assim, o Real Digital deve cair no gosto do brasileiro. "O brasileiro tem muito interesse em novas tecnologias. Basta ver a popularização do PIX. Moedas como o Real Digital vão ocupar o seu espaço com muita força", explica Thamilla.

Por fim, vale ressaltar que vários países do mundo já trabalham no desenvolvimento de suas moedas digitais oficiais. Entre eles, estão a China e Estados Unidos, onde o FED já faz ensaios com o dólar digital.