O Clubhouse é uma rede social que tem repercutido muito sucesso durante as últimas semanas, dado por conta da presença de pessoas famosas, como Elon Musk, fundador da Tesla, a apresentadora Oprah Winfrey e até Mark Zuckerberg, CEO do Facebook. No Brasil, os artistas Caetano Veloso e Anitta contribuíram para a divulgação da rede em terras tupiniquins.

O que tem ganhado muito destaque é a limitação de acesso para os usuários, que além de precisar possuir um iPhone, é necessário ser convidado por alguém que já tenha o acesso. Tudo isso contribui para que os usuários sejam encarados como pessoas especiais! Contudo, parece que um fator importante foi deixado de lado. Uma reportagem da BBC News Brasil falou sobre o descaso da rede para com pessoas que possuem deficiência sensorial, principalmente as que são surdas ou ouvem com certa dificuldade.

Rede social para surdos?

Por se tratar de uma rede social onde se conversa apenas por áudio, o Clubhouse não apresenta uma alternativa para pessoas que são deficientes auditivas. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, aproximadamente 466 milhões de pessoas possuem alguma limitação de audição e que, por sua vez, se sentem ignoradas por um mercado de mídia social que raras vezes apresenta a preocupação de incluí-las em seu hall de usuários.

A escritora Paula Pfeifer é uma das pessoas que sofre com essa falta de acessibilidade, e com o objetivo de lutar contra essa tendência de mercado, ela criou e lidera o projeto Surdos Que Ouvem. Em entrevista à BBC, ela diz que os seus apontamentos para problemas como esse são encarados como "militância chata" e que pessoas deficientes parecem ser invisíveis quando uma novidade chega à internet.

"Desde que me posicionei, eu preciso 'provar' que acessibilidade é importante. Acessibilidade não é um luxo. Na verdade, ela é pré-requisito básico de produtos e serviços e deve ser pensada desde a sua concepção, e não para 'tapar buraco' depois".

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Mas, a pergunta que fica é: como uma rede social baseada em aúdio pode ser acessível para pessoas surdas?

Aparentemente, essa não é uma coisa difícil de se construir, e embora não pareça fazer parte do planejamento de uma empresa desenvolvedora de algum novo sistema, devido a pandemia que nos acompanha a quase um ano, o processo de acessibilidade ganhou mais atenção por tais empresas durante os últimos tempos.

Aplicativos de videoconferência como o Zoom e Google Meets adotaram o sistema de legendas em tempo real, assim como já acontece em redes que existe a reprodução de vídeos, como o Facebook e YouTube. Contudo, você já deve ter percebido que essas legendas automáticas não são eficazes em transcrever exatamente o que está sendo dito no vídeo. Para Pfeifer, essa é uma alternativa interessante mas que ainda precisa de aprimoramento.

No caso do Clubhouse, algo semelhante a isso poderia ser desenvolvido. A partir do momento em que um áudio for reproduzido, uma ferramenta apropriada para surdos poderia transcrever exatamente o que está sendo dito. Mas para que isso funcione da forma correta, essa função precisa ser aprimorada, assim como já foi comentado. Imagine se uma legenda traduzir uma frase de uma forma que mude a interpretação original. Isso com certeza pode dar mais dor de cabeça do que se deveria!

Se o Clubhouse vai adotar a medida de inclusão e se vai desenvolver alguma alternativa para esse determinado público, é algo que só o tempo dirá. Por enquanto, ele continua na lista de redes e mídias que não são acessíveis para todo mundo, e isso não é só por ser exclusivo para iOS.

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