Nunca antes na história desse país uma eleição para presidente da república foi tão acirrada, escrachada, desesperançosa e assustadora como esta de 2018. 

De um lado temos os partidos tradicionais que contam com os seus votos já garantidos e almejam os votos dos indecisos para se eleger; de outro temos os partidos e candidatos novatos que usam se aproveitam do fato de serem desconhecidos para se afastarem da velha política e se elegerem.

Mas como saber, realmente, em quem votar? Os debates são fracos e na maioria das vezes só repetem mais do mesmo, com o mesmo teatrinho de sempre e aquelas frases de efeito que são lindas na teoria, mas nunca se vê na prática. Assim, a melhor opção é ir direto no coração das campanhas, ou seja, no plano de governo proposto pelos presidenciáveis e conferir qual deles afinam mais suas propostas com as suas convicções de eleitor.

Propostas dos presidenciáveis para ciências e tecnologia
Propostas dos presidenciáveis para ciências e tecnologia

Será que o projeto dos candidatos bate com as suas ideias de um Brasil daqui 4 anos? Bom, não dá pra analisar tudo, de todos os treze presidenciáveis, porém, passamos um pente fino nos seus planos e reunimos aqui neste post todas as propostas direcionadas à ciência e tecnologia. 

Confira o que propõe cada um dos candidatos para caso sejam eleitos.

OBS: Os candidatos estão listados pela ordem do número das legendas. 

Ciro Gomes e Kátia Abreu (PDT - 12)

Candidatos pelo PDT
Candidatos pelo PDT

O plano de Ciro inclui produzir internamente uma parcela dos produtos que hoje precisam ser importados; desenvolver novas técnicas que possibilitarão aumentar a produtividade em que beneficiarão a população, como a indústria alimentícia e os serviços de transportes; manter cientistas brasileiros no país e desburocratizar o processo de registro de patentes.

Entre outros pontos, o plano pontua:

  • Fomento ao setor produtivo, com especial destaque para a indústria manufatureira de alta tecnologia e para serviços intensivos em conhecimento;
  • Fortalecimento do CNPq e de suas instituições de pesquisa, bem como a parceria entre empresas e universidades;
  • Desburocratização dos processos de importação de insumos e equipamentos direcionados à pesquisa;
  • Criação de incentivos para o desenvolvimento de startups de tecnologia, com a respectiva incubação em universidades e instituições públicas, e a sua associação com organizações que possam utilizar as suas soluções, bem como a facilitação da comercialização dos produtos e serviços desenvolvidos;

O plano completo pode ser acessado aqui.

Fernando Haddad e Manuela D'Ávila (PT - 13)

Manuela D
Manuela D'Ávila e Fernando Haddad

De acordo com o seu programa, o Partido dos Trabalhadores pretende "aprofundar e ampliar parcerias" com as instituições e agências de apoio à ciência dos governos estaduais e municipais e, assim, "alavancar a integração, complementaridade, eficiência e eficácia do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação".

Eles elencam quatro tópicos específicos para ciência, tecnologia e inovação:

Remontagem do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I): Se eleito o governo Haddad promoverá a remontagem do sistema nacional de CTI focando, entre outras coisas, na parceria entre universidades e centros de excelência e apoio para áreas estratégicas (manufatura avançada, biotecnologia, nanotecnologia, fármacos, energia e defesa nacional). 

Recomposição e ampliação do Sistema Nacional de Fomento de CT&I: Recuperar os orçamentos das agências de fomento federais, destacadamente os do CNPq e da CAPES, e ampliá-los a partir dos patamares alcançados nos governos Lula e Dilma.

Serão aprofundadas e ampliadas as parcerias com as instituições e agências dos governos estaduais e municipais, para alavancar a integração, complementariedade, eficiência e eficácia do Sistema Nacional de CT&I.

Recriação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI): o MCTI será recriado para garantir a prioridade estratégica da área no novo projeto nacional de desenvolvimento (o Ministério da Ciência e Tecnologia foi fundido com o Ministério da Comunicação durante o governo Temer).

Plano Decenal de Ampliação dos Investimentos em CT&I: Será implementado um plano decenal de aumento dos investimentos nacionais em CTI, tanto governamentais quanto empresariais, visando atingir o patamar de 2% do PIB em investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) até 2030.

Acesse o plano completo do Partido dos Trabalhadores aqui

Henrique Meirelles e Germano Rigotto (MDB - 15)

Candidatos do MDB
Candidatos do MDB

Apenas um único e breve comentário sobre uma demanda por investimento em inovação, objetivando a melhoria da infraestrutura para ampliar a agricultura. Contudo, não deu maiores explicações sobre como abordará a questão. 

O link para o seu plano de governo completo pode ser conferido aqui.  

Vera Lúcia e Hertz Dias (PSTU - 16)

Candidatos do PSTU
Candidatos do PSTU

Ao longo das cinco páginas do documento "16 pontos de um programa socialista para o Brasil contra a crise capitalista", a candidata não cita propostas de governo para as áreas de ciência e tecnologia. 

O documento completo pode ser acessado neste link

Jair Bolsonaro e General Mourão (PSL - 17)

Candidatos do PSL - Partido Social Liberal
Candidatos do PSL - Partido Social Liberal

O plano de Bolsonaro não elenca medidas pontuais a serem implementadas, mas sim um apanhado da situação atual e uma visão de futuro que, se eleito, deseja alcançar.

Citando exemplos de países que deram certo, como EUA, Israel e Japão, o programa aponta a busca por parcerias com empresas privadas e defende que o Brasil "deverá ser um centro mundial de pesquisa e desenvolvimento em grafeno e nióbio", utilizados para "novas aplicações e produtos". 

Referindo-se à criação de polos de tecnologia, ele cita o caso do nordeste, e seu "grande potencial de desenvolver fontes de energia renovável, solar e eólica" que poderia atrair o "surgimento ou instalação de outras indústrias que sejam intensivas no uso de energia elétrica". 

Para conferir o plano completo de governo, clique aqui.

Marina Silva e Eduardo Jorge (Rede - 18)

Marina Silva e Eduardo Jorge
Marina Silva e Eduardo Jorge

Em seu plano de governo Marina reconhece que a ciência brasileira vive, hoje, "sua maior crise de financiamento após uma forte expansão do sistema nas últimas duas décadas, o que compromete a competitividade econômica" [...] A ciência e a inovação são áreas estratégicas para o país."

Marina deixa claro que os recursos para a CT&I são investimentos e não gastos. Assim como o plano do PT, ela deseja recriar o Ministério da Ciência e Tecnologia e recompor seu orçamento independente, e chegar a um patamar de 2% do PIB investidos em pesquisa e inovação.

Para tornar o ambiente de negócios mais propício à inovação e à adoção de novas tecnologias as propostas incluem a eliminação das barreiras tarifárias e não tarifárias, importação de equipamentos, materiais, insumos e serviços utilizados em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Também pretende-se promover a "captura" de cientistas estrangeiros qualificados que tenham interesse em trabalhar no Brasil.

Para ler o plano completo, clique aqui

Alvaro Dias e Paulo Rabello (Podemos - 19)

Paulo Rabello e Alvaro Dias candidatos pelo Podemos
Paulo Rabello e Alvaro Dias candidatos pelo Podemos

O plano apresentado por Alvaro Dias possui três pilares: Sociedade, Economia e Instituições (SEI). No campo "Sociedade" foram estabelecidas sete metas, de um total de 19 1. Uma delas diz respeito ao item "Ciência", onde consta o "Programa Nacional de Inovação (Cidades, Agro, Saúde e Educação)"; a proposta, porém, não ganha maior detalhamento.

Em sua meta número 12, que prevê o crescimento econômico, o candidato do Podemos trata a inovação como meio para desenvolver a indústria 4.0 e descreve a tecnologia como "aliada para preservar o meio ambiente", porém, sem maiores detalhes também.

O plano completo pode ser lido aqui

Eymael e Helvio Costa (Democracia Cristã - 27)

Eymael concorre pelo partido Democracia Cristã
Eymael concorre pelo partido Democracia Cristã

Menciona a implementação de um "Plano Nacional de Apoio a Pesquisa", que abrangeria não só o que chama de "investigação pura", mas também a "pesquisa aplicada".

Por meio de uma "política orientada para o desenvolvimento", revela o objetivo de "estimular a instalação de polos de desenvolvimento, em parceria com governos estaduais". 

Confira o plano completo clicando aqui

João Amoêdo e Christian Lohbauer (Novo - 30)

Os estreantes do Novo
Os estreantes do Novo

O documento elaborado pelo Novo cita o desenvolvimento da ciência apenas de maneira protocolar. Em uma das poucas citações ele sugere que o financiamento do esporte, cultura e ciência seja feito a partir de fundos patrimoniais de doações.

Já sobre as universidades, propõe "novas fontes de recursos não-estatais e parcerias com o setor privado voltadas à pesquisa". Quanto à tecnologia há apenas "Política pública mais inteligente com o uso de dados e tecnologia", porém, sem um maior aprofundamento.

Para conferir o projeto completo, esse é o link

Geraldo Alckmin e Ana Amélia Lemos (PSDB - 45)

Candidatos pelo PSDB
Candidatos pelo PSDB

O plano do PSDB é o mais enxuto de todos os presidenciáveis, com tópicos distribuídos em 9 páginas. Dessa forma, não há uma sessão dedicada exclusivamente à tecnologia, mas sim insights ao longo do projeto.

O que se garimpa é o compromisso em "estimular as parcerias entre universidades, empresas e empreendedores para transformar a pesquisa, a ciência, a tecnologia e o conhecimento aplicado em vetores do aumento de produtividade e da competitividade do Brasil".

O plano na íntegra pode ser conferido aqui

Guilherme Boulos e Sônia Guajajara (Psol - 50)

Os candidatos do Psol à presidência da república
Os candidatos do Psol à presidência da república

Os candidatos do Psol reassumem em seu projeto o compromisso de desfazer muitas das medidas implementadas pelo governo Temer, entre elas aquelas contrárias à Ciência e Tecnologia.

De todos os pontos, o mais enfático é a reversão da Emenda Constitucional 95, que congela os investimentos em saúde e educação por 20 anos. Segundo o documento, é "indispensável garantir a autonomia e previsibilidade dos recursos para que a comunidade científica possa se planejar e produzir pesquisa de ponta".

Além de recriar o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, é proposta a elaboração de um Plano Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que irá "estruturar uma política estratégica de pesquisa, com metas de longo, médio e curto prazos".

No ramo da pesquisa "Será fortalecida a cooperação internacional por meio da integração dos sistemas de educação, ciência e tecnologia, constituindo programas de pesquisa estratégicos com a América Latina e outras regiões". O candidato do Psol é o único a tocar no assunto do "Marco Legal da Ciência", que estabelece a meta de consolidar seu processo de regulamentação e aplicação.

Ele ainda defende a reversão de privatizações e a retomada do controle estatal da Embraer, o que "democratizaria o recrutamento e produção de conhecimento e tecnologia militar". Diversos outros pontos são levantados neste que é o maior plano de governo apresentado pelos presidenciáveis.

Para ler o plano completo, clique aqui

Cabo Daciolo e Suelene Balduino (Patriota - 51)

Candidatos do Patriota
Candidatos do Patriota

O projeto dos candidatos do Patriota tem como premissa "Valorizar a ciência, tecnologia e inovação" além de "criar mais Institutos Federais de ensino técnico em localidades estratégicas".

Daciolo tem como uma de suas prerrogativas para fazer com que o Brasil se torne um país desenvolvido, deixar de ser importador de produtos industrializados e exportador de matérias-primas. Para isso, pretende "facilitar o trâmite para patentes de produtos nacionais".

O plano completo pode ser acessado aqui

João Goulart Filho e Léo Alves (PPL - 54)

João Goulart Filho concorre ao mesmo cargo que seu pai ocupou há mais de 50 anos
João Goulart Filho concorre ao mesmo cargo que seu pai ocupou há mais de 50 anos

O filho do ex-presidente João Goulart, deposto com o Golpe Militar de 1964, concorrerá à presidência pelo Partido Pátria Livre e apresenta as seguintes propostas para a ciência e tecnologia:

Elevar o investimento em pesquisa de 1% para 3% do PIB nos próximos quatro anos; além de implantar uma taxa de 1% sobre as exportações agropecuárias "para aplicar em ciência e tecnologia". Pretende ainda restabelecer o "papel histórico da Embrapa na geração de tecnologia, particularmente para a produção de alimentos para o mercado interno"; da Embrater - "para promover a disseminação de tecnologia" - e da Telebrás - "para universalizar a banda larga".

Quanto às políticas estratégicas, uma das mais ambiciosas e respeitáveis está "tirar o Programa Espacial Brasileiro da penúria"; além de "desenvolver a engenharia nacional" e setores de tecnologia que considera vitais para a independência nacional - "microeletrônica, informática, telecomunicações, materiais estratégicos, engenharia genética, biomédica, nuclear, aeroespacial e a indústria da defesa".

O setor nuclear é o mais privilegiado: Goulart Filho assume o compromisso de "concluir a elaboração do Programa Nuclear Brasileiro, transformando-o em política de Estado". Há também outras propostas, que envolvem: estabelecer e executar o plano de financiamento da conclusão da usina de Angra 3, do Reator Multipropósito Brasileiro e do Submarino Nuclear. promover o plano de independência do tesouro da INB, ampliando sua participação no mercado de combustíveis nucleares. estimular a participação da iniciativa privada nas aplicações da tecnologia nuclear à agricultura, medicina e indústria, estabelecendo cooperação entre empresas, institutos de pesquisa e universidades brasileiras.

O plano de governo completo pode ser acessado aqui.  

Com informações do Nexo Jornal.