Como já falamos anteriormente, no review do Hawkon Juggernat, abrir uma empresa, criar uma marca e oferecer produtos de qualidade aqui no Brasil não é nada fácil, principalmente quando falamos de periféricos, pois, devido ao mercado já dominado por grandes marcas, a ausência de fabricas especializadas em nosso país e os impostos altíssimos sobre a importação e venda destes produtos por aqui, são poucas as variáveis que contam a favor de quem tiver a coragem de fazer um investimento deste tipo.

Se você ainda não o conhecia, o fundador da GFallen é o Gabriel Toledo, mais conhecido por seu nickname "Fallen", jogador profissional de Counter Strike pela organização alemã SK Gaming, duas vezes campeão mundial no jogo e segundo melhor jogador do mundo na modalidade em 2016. Os diversos títulos conquistados pelo jogador são tão representativos quanto a sua extensa ajuda à comunidade brasileira, com a Games Academy, a maior escola de e-sports do Brasil. Mas, por que eu estaria citando todas estas conquistas em um review de um teclado?

O atual sucesso da GFallen, e até a sua existência, talvez não seriam uma realidade se não fosse pelo sucesso do próprio Fallen e seus empreendimentos (como a Games Academy, a Gamers Club, ou a GA Store), portanto, nada garante que um dia veremos mais alguma empresa brasileira investindo na produção de um produto caro como um teclado mecânico como este. Um aspecto muito positivo de finalmente termos um investimento assim no mercado brasileiro é que isto talvez sirva de inspiração para outras marcas, que passem investir mais em qualidade, e não em produtos de baixo custo ruins. Uma variação sempre é muito boa em qualquer mercado.

O primeiro teclado da marca não é o que você estará conhecendo neste review, mas sim o GFallen Roboris, uma "versão" mais simples deste modelo, que teve sua produção interrompida depois do grupo Periféricos High End constatar que o teclado tinha sérios problemas em sua construção interna e, para garantir que nada sairia errado no seu sucessor, a GFallen passou a contar com a ajuda do Wetto, referência no Brasil em reviews de periféricos e ex-colunista do nosso site, que participou no desenvolvimento do teclado colaborando com algumas escolhas de componentes de maior qualidade, nascendo, assim, o GFallen Falcão-Peregrino.

Já sabemos que a GFallen está trabalhando no desenvolvimento de um mouse focado em FPS e um sucessor para o Falcão-Peregrino. Aguardem por mais novidades em breve. ;)

DESIGN

Inspirado na crescente popularidade de teclados com um design mais limpo, o GFallen Falcão-Peregrino é simples e muito bonito. Sua placa de metal superior ajuda a espalhar a luminosidade dos leds sobre o seu corpo e melhora a sua iluminação, um aspecto muito positivo para usuários que gostam de manter o seu setup personalizado e bem estilizado.

O teclado é um modelo full-size, ou seja, ele possui o teclado numérico no seu canto direito, assim como teclas de função e navegação. O grande diferencial e ponto determinante na compra de diversos usuários é o fato do Falcão-Peregrino ser ABNT 2, o que é extremamente raro no mercado atual de teclados mecânicos.

O grande diferencial e ponto determinante na compra de diversos usuários é o fato do Falcão-Peregrino ser ABNT 2

Mas, por que outras marcas simplesmente não produzem teclados mecânicos com layout ABNT? Simples, porque não vale a pena. As máquinas de produção de teclados mecânicos mudam completamente de um layout para outro, portanto, uma fabricante precisa pagar um maquinário novo somente para cobrir a demanda de uma pequena parte do mercado mundial que prefere ter uma tecla "Ç". Acredite, encontrar uma OEM para a GFallen que pudesse oferecer um layout ABNT2 com o mínimo de qualidade de construção não foi nada fácil, e isso com certeza encareceu o produto final.

Original Equipment Manufacturer (Fabricante Original do Equipamento) ou OEM é a empresa que terceiriza a fabricação de um produto. São raros os casos de grandes marcas que possuem fabricas próprias, a maioria delas trabalha com uma OEM.

O Falcão-Peregrino possui 10 modos de iluminação e 5 perfis programáveis para uma estilização personalizada, é possível alterar sua intensidade, velocidade e escolher se você prefere deixa-la desligada. A controladora é capaz de reproduzir 7 cores, formando a chamada iluminação RGB de 3 bits, ou seja, o teclado não é "full RGB" como concorrentes de algumas marcas de elite, que utilizam um espectro de 16.8 milhões de cores por possuírem uma controladora melhor e mais cara.

Espectro de cores de três ranges diferentes de RGB

O único problema do teclado são as suas keycaps, elas são feitas em plástico ABS e tem impressão a laser. O material escolhido não é tão resistente quanto plástico PBT, assim como sua impressão costuma desgastar em diversos modelos que também são gravadas a laser. Como ainda não temos um feedback de RMA pelos teclados serem muito novos, ainda não sabemos se estas keycaps têm tendência a apresentarem problemas, mas isto não muda o fato da maioria dos produtos semelhantes serem uma dor de cabeça a longo prazo.

Uma keycap com uma rachadura de fábrica pode ser um problema para usuários descuidados

No caso do Falcão-Peregrino, não havia outra escolha se não utilizar estas keycaps. Como o objetivo da GFallen era oferecer um teclado ABNT 2 e o processo de produção de uma keycap top de linha, feita em plástico PBT e impressa com double-shot, é bem mais caro, a fabricante se negou ao trabalho e ao custo de produzir novos moldes para tal opção. As únicas keycaps em ABNT2 que a OEM possuía eram em plástico ABS e impressas a laser. O teclado acompanha um puller para as peças.

A fonte utilizada nas keycaps do teclado é boa, uma das opções mais simples e bonitas disponibilizadas por fabricantes chinesas. Como não é muito interessante abreviar as inscrições, o que as deixaria mais feias e difíceis de entender, teclas como a Print Screen, Scroll Lock e Pause Break ficam um tanto mal iluminadas, com parte da inscrição mal recebendo luz. Infelizmente não há muito a se fazer para melhorar este aspecto sem encarecer ainda mais o produto.

Falando sobre a fonte, o teclado acompanha duas barras de espaço diferentes, uma com a gravação de uma AWP, arma primária do Fallen no Counter Strike, e também uma AK-47, um dos rifles mais utilizados no jogo.

O apoio para pulso do teclado é feito basicamente em plástico, no entanto, ele possui uma estrutura que passa uma sensação de durabilidade e segurança, ele é muito mais resistente do que o apoio de concorrentes de níveis até mais altos, como o do Strafe RGB, que é bastante frágil.

ESPECIFICAÇÕES

Estas especificações são fornecidas pelo fabricante.

  • Vida útil do teclado: 50 milhões de pressionamentos cada
  • Tempo de resposta: 3ms
  • Função anti-ghosting: Todas as teclas
  • Alimentação: Porta USB
  • Tamanho do cabo: 1.8m
  • Peso do teclado: 0.850 kg
  • Tamanho do produto: 43.70cm de largura x 12.80cm de altura x 3.50cm de espessura
  • Barra de espaço extra com desenho alternativo

*A GFallen não disponibiliza um software de controle para o Falcão-Peregrino

CONSTRUÇÃO INTERNA

A PCB do teclado é muito bem feita, ela tem seus componentes muito bem organizados e suas soldas são todas caprichadas. Alguns resíduos de limpeza podem ser encontrados, mas isto não afeta a qualidade de sua construção, é apenas uma observação sobre os cuidados tomados no processo de fabricação do produto.

A controladora do teclado é um microchip BYK870, o mesmo utilizado em teclados já conhecidos pelos brasileiros, como o Motospeed CK104. Ela é extremamente simples, mas é o suficiente para dar conta de todos os recursos do teclado e sua iluminação de 3-bits.

O único problema da construção interna do teclado está no conector do cabo na PCB, que no meu exemplar veio quebrado. O funcionamento do produto não é afetado em absolutamente nada por isto, mas é um indício da falta de capricho da OEM escolhida pela marca, que preferiu não trocar o componente por um novo. O conector visivelmente quebrou depois de já ter sido soldado na placa, portanto, provavelmente aconteceu algum imprevisto na produção, pois ainda havia um pedaço dele pendurado (destaque na imagem) e a utilização da cola quente para mantê-lo seguro é um indício de que ele foi consertado às pressas.

Que fique bem claro: Este pequeno problema não é culpa da GFallen, mas sim da OEM contratada para fabricar o produto. Falei com o Wetto e o conector da cópia dele também estava danificado, não tanto quanto o meu, mas ele ainda está diferente do primeiro protótipo do teclado enviado pelo fabricante para testes no ano passado, o qual deveria ser um padrão. Caso algum exemplar seja afetado por isto e venha a apresentar algum problema de mal funcionamento (o que é pouco provável), a GFallen me garantiu que trocará qualquer produto defeituoso e já entrou em contato com a OEM para garantir que isto não volte a acontecer.

Os switches, como já citamos, são Gateron Blue transluzentes, um dos melhores (se não o melhor) clones dos switches Cherry MX.

Os LEDs do teclado são SMD, um ponto muito positivo em vista a facilidade com que switches convencionais costumam queimar. No caso destes modelos, os quais são soldados juntos da PCB, são raros os casos de componentes queimados com pouco tempo de uso.

DESEMPENHO

Particularmente não me considero um grande fã de switches blue, no entanto os Gateron têm um feeling muito bom, com uma força de atuação um pouco maior que Outemus e Cherrys, o que significa que eles são um tanto mais firmes. Isto não interfere em nada o seu feedback tátil e não o torna mais barulhento do que um Outemu.

Em jogos como o Counter Strike: Global Offensive, o qual acredito que seja o game mais jogado pelos leitores deste review, pude utilizar a técnica do strafe muito bem, assim como tive um controle melhor de minha movimentação do que costumo ter com um switch Red, por exemplo. Como um parâmetro de comparação, não foram poucas as vezes que acabei clicando sem querer nas teclas de movimentação do meu Corsair Strafe RGB com Cherry MX Red até me acostumar com ele, no entanto, com o feedback tátil de um switch blue, é praticamente impossível que isto aconteça com um usuário do Falcão-Peregrino.

A iluminação do teclado é boa para uma limitação de 3-bits, o único problema realmente é a má qualidade das keycaps, que além de seus defeitos já citados, também são pouco transluzentes. Quando você escolhe a cor branca em uma tecla, no LED ela pode até ser bem iluminada e fiel à cor, mas através da keycap ela fica meio escura e toma um tom mais cinza.

Quando eu disse que os Outemu Blue são as melhores cópias do Cherry MX Blue no review do Motospeed CK108, me disseram que eu estava errado, os Gateron são uma melhor cópia. De fato, eu estava errado, mas também não estava (MASOQ?). Os Outemu possuem um feeling mais parecido com os Cherry, enquanto os Gateron são mais firmes e resistentes, mas têm uma durabilidade muito maior. É claro que você vai preferir uma maior durabilidade do que um simples feeling mais parecido com um Cherry MX e, inclusive, eu particularmente prefiro o feeling dos Gateron em relação aos blues de seus concorrentes.

Eu particularmente prefiro o feeling dos Gateron em relação aos blues de seus concorrentes

Os switches Gateron são conhecidos por sua qualidade e durabilidade elevada quando comparados a outros concorrentes que buscam "imitar" a alemã Cherry. Teclados que utilizam eles costumam não ter muitos problemas com RMA e, como a GFallen trabalha exclusivamente com a troca de produtos e não o conserto deles, escolher um componente mais durável e de qualidade foi uma decisão sábia.

Return Merchandise Authorization (RMA) ou Autorização de Devolução de Mercadoria (ADM) é uma transação onde o dono de um produto envia o material defeituoso para o fornecedor de forma a obter uma reparação do produto, um novo exemplar dele, ou de forma a ter o seu crédito reembolsado para poder adquirir um outro produto da marca.

Como de costume, o único problema deste tipo de swtich é o seu ruído, que embora não seja tão alto quando o de um Outemu, ainda torna quase impossível utilizar o teclado em ambientes com mais pessoas, pois o barulho tira a concentração de qualquer um que esteja tentando estudar ou realizar alguma tarefa que exija foco. Até mesmo em ambientes onde outras pessoas estejam assistindo televisão os ruídos podem ser desconfortantes.

VEREDITO

Bom, vamos para a parte mais polêmica deste review: Vale a pena investir em um GFallen Falcão-Peregrino? A resposta para esta pergunta depende muito de diversos fatores, mas, antes de tudo, precisamos falar especificamente sobre o preço de produção do teclado.

Como já falamos ao longo do review, diversos fatores encareceram a produção do teclado, no entanto, nenhum deles pode ser evitado. Encontrar uma OEM que fabrique teclados mecânicos em ABNT 2 é uma verdadeira guerra (não existe nenhuma fábrica aqui no Brasil) e, por necessitarem de uma produção em máquinas especiais, os teclados em ABNT 2 já são mais caros por natureza; como a GFallen é uma marca ainda muito pequena, ela não pode pedir grandes remessas do teclado, o que encarece o pedido e torna o valor final de cada um maior; como vivemos em um país inundado de impostos, metade do preço de cada teclado é baseado em tributação e taxas burocráticas, tanto pela importação quanto pela distribuição e venda deles. Tendo isto em mente, você consegue imaginar a média do lucro que a marca está tendo com as vendas do Falcão-Peregrino? Acha mesmo que o preço do teclado é baseado em marketing?

O único teclado mecânico em ABNT 2 que pode ser comparado ao Falcão Peregrino é o Sharkoon Shark Skiller Mech SGK1, no entanto, ele não é RGB e possui switches Kailh, que são conhecidos por terem a pior durabilidade do mercado mundial de switches, sem contar que ainda não sabemos como é a construção interna dele. Estaremos recebendo um exemplar do teclado nos próximos dias.

Neste momento não há nada que se compare a este teclado no mercado brasileiroSe você está procurando um teclado mecânico com bons switches, iluminação RGB, layout ABNT2 e boa construção para que o produto seja durável, sim, certamente o Falcão-Peregrino é uma excelente escolha. Ainda não temos boas opções de produtos semelhantes disponíveis no mercado, o primeiro passo dado pela GFallen pode inspirar outras marcas a fazerem o mesmo investimento e talvez até conseguirem preços mais baixos, no entanto, neste momento não há nada que se compare a este teclado no mercado brasileiro.

Por ser um produto da GFallen, o Falcão-Peregrino só é vendido na GA Store, a loja do Fallen. Você pode clicar aqui para ver a página do teclado e compra-lo.

No momento de sua compra, utilize o cumpom "OFICINA", que te garante 5% de desconto, vale lembrar que ele também é somado em pagamentos no boleto bancário, que já tem 15% de desconto!

Muito obrigado ao Marcelo Toledo, irmão do Fallen, Diretor Executivo da GA Store e Gerente da GFallen, por ter confiado no meu trabalho e também no Oficina da Net. Será um prazer ajudar a marca no que precisarem, pois, como eu já disse em reviews anteriores, a empresa brasileira que resolver investir em periféricos de qualidade terá meu apoio e divulgação.

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