Todos sabemos que Mark Zuckerberg detém o controle dos três aplicativos e respectivos serviços mais utilizados do mundo. Isso o torna uma pessoa muito poderosa. 

Eu poderia parafrasear tal verdade dizendo, "com grandes poderes, vem grandes responsabilidades".

Mas isso só teria sentido se Zuckerberg fosse um herói. Você acha que ele é?

Tem dúvida, então assista "A Rede Social" que traz na capa do filme, de 2010, o título "Ninguém chega a 500 milhões de amigos sem fazer alguns inimigos".

Não é nenhuma novidade que Zuckerberg tenha aparecido em comissões de senado de países diferentes tendo que dar explicações a respeito de vazamento de informações, como as mesmas são comercializadas, a que preço, entre outras coisas.

Logo, nem era preciso ser um professor da New York University School of Business, para dizer isso. Sim, o CEO do Facebook/Instagram/Whatsapp é a pessoa mais perigosa do mundo. 

Mark Zuckerberg em apresentação que faça sobre seus planos de integração entre plataformas

Entenda, não é uma questão de faltar com o respeito ao Professor Scott Galloway, muito pelo contrário, que bom que deram ouvidos a ele e isso virou notícia, afinal de contas quem respira tecnologia sabe que o número de pessoas atingidas e eu poderia usar o termo gerenciadas por Zuckerberg é assustadoramente grande, falamos de bilhões! E o Professor Scott Galloway, disse isso durante a "Bloomberg Markets: The Close" na última quarta-feira.

Galloway, que ensina marketing e é um empreendedor milionário, trouxe o assunto a tona ao discutir a iniciativa do Facebook de integrar os serviços de mensagens das várias plataformas que possui: WhatsApp, Instagram e Facebook Messenger.

Falei sobre a compra do Instagram e do WhatsApp no início deste mês. Embora os clientes ainda possam usar os três aplicativos mensageiros individualmente, os três serviços ficarão sem a mesma infraestrutura técnica de back-end quando o plano de Zuckerberg estiver concluído, seja no final deste ano ou no início de 2020.

"Mark Zuckerberg está tentando criptografar o backbone entre o WhatsApp, o Instagram e a plataforma principal, o Facebook, de tal forma que ele tem uma rede de comunicação em 2,7 bilhões de pessoas", disse Galloway na entrevista da Bloomberg. "O que poderia dar errado?"

De fato, mais de 2,7 bilhões de pessoas usam pelo menos um desses serviços de propriedade do Facebook por mês, diz a empresa. E mais de 2,1 bilhões usam o Facebook, Instagram, WhatsApp ou Messenger todos os dias, em média, de acordo com o Facebook.

"A noção de que vamos ter um indivíduo decidindo os algoritmos para um backbone criptografado de 2,7 bilhões de pessoas é assustador - independentemente das intenções da pessoa", diz Galloway à Bloomberg.

Uma "salvaguarda fundamental para a sociedade é a diversidade de meios de comunicação e pontos de vista, verificações e equilíbrio", completa Galloway.

Ele acrescenta que as pessoas devem se preocupar com a noção de que um conjunto de algoritmos, controlado por uma pessoa que não pode ser removida do escritório, teria uma influência significativa na plataforma através da qual bilhões de usuários do Facebook em todo o mundo consome informações todos os dias.

Mark Zuckerberg pode não ter curtido o título. Mas tem plena consciência de que essa não é somente a opinião do Professor Scott Galloway e sim de muitos.

Outro assunto relevante que preocupa Zuckerberg e Facebook, Galloway acrescenta, é que a gigante das redes sociais já enfrentou críticas de alto perfil sobre "atos ruins" (como propagandistas russos) usando a plataforma para espalhar desinformação e semear discórdia através do Facebook e Instagram.

"[Zuckerberg] não demonstrou capacidade, ou vontade, de garantir que a máquina do Juízo Final não seja armada (repetidamente) por pessoas inescrupulosas", diz Galloway.

Enquanto isso, a iniciativa do Facebook de integrar sua infra-estrutura de mensagens poderia ser um esforço para construir uma defesa contra um possível caso pendente antitruste, argumenta Galloway.

No final de julho, o Departamento de Justiça dos EUA disse que estava abrindo uma revisão antitruste de algumas das maiores empresas de tecnologia do país e, embora nenhuma empresa tenha sido citada especificamente, o DOJ está lançando a revisão baseada em "novas ameaças de Washington" do Facebook., Google, Amazon e Apple, de acordo com um relatório do Wall Street Journal.

Zuckerberg quer chegar ao ponto em que, se o governo tentar romper o Facebook, a empresa tentará alegar que isso não é possível sem matar toda a rede social e tirar os benefícios econômicos com ela, diz Galloway.

"O que o Facebook está fazendo é tomar medidas profiláticas contra qualquer tipo de antitruste para que [Zuckerberg] possa dizer: ‘Seria impossível desfazer isso agora’", disse Galloway à Bloomberg.

Esse argumento, no entanto, provavelmente não funcionará, disse o advogado antitruste Steven Levitsky à CNBC Make It. "Ninguém gosta de ‘desembaralhar os ovos’ de uma integração corporativa. Mas quando as empresas operam separadamente e só agora se integram, é óbvio que elas podem ser separadas novamente ", diz Levitsky. "O custo da separação é aquele que o réu teria que suportar."

O Facebook também pode tentar alegar que, se fosse dividido em partes menores, não seria capaz de competir com gigantes chineses, como o aplicativo de mensagens e pagamento móvel chinês WeChat e o aplicativo de mídia social TikTok, Galloway disse à CNBC Make It. em um telefonema de acompanhamento.

Galloway diz que isso se chama "argumento dos campeões nacionais" em economia: "Se você, de alguma forma, diminuir nosso tamanho e poder, não poderemos nos defender contra as empresas chinesas que estão vindo pra tomar nosso lugar", Diz Galloway.

"Isso é absolutamente ruim para o mundo, ruim para a sociedade e é claro para todos", diz Galloway. Ele também chamou a aprovação dos reguladores federais da aquisição do Instagram pelo Facebook de "fracasso".

"Acho que todos nós provavelmente lamentamos isso agora", disse Galloway. Para isso, a Comissão Federal de Comércio não fez comentários, disse um porta-voz à CNBC Make It.

E como já era de se esperar o Facebook não respondeu ao pedido do CNBC Make It para comentar a respeito das questões e objeções pontuadas pelo professor Galloway.