Atualmente há diversos fones de ouvido que possuem o recurso de substituição de cabos utilizando, por exemplo, conectores MMCX e 2-pin [1] no caso dos intra-auriculares (in-ears) [2]. Entretanto existem cabos com diferentes configurações e isso acaba deixando as pessoas confusas. Um dos pontos que mais deixam os consumidores em dúvida são os núcleos (ou cores ou vias) dos cabos, onde é possível encontrar desde cabos com 4 núcleos até 24 cores.

Para se ter uma boa qualidade na transmissão dos sinais elétricos em um cabo para fone de ouvido, é essencial que se utilize uma liga metálica de qualidade, seja ela de cobre ou prata. Caso queira saber se o metal utilizado entrega uma boa performance em termos de condutividade, uma das formas de descobrir isso é através das certificações OFC e OCC.

[1] Artigo "O que são conectores 2-Pin e MMCX? Onde eles são utilizados?"

[2] Artigo "Quais são os tipos de fones existentes"

Cabos de fones de ouvido com mais núcleos possuem ou não alguma vantagem. Fonte: Vitor Valeri
Cabos de fones de ouvido com mais núcleos possuem ou não alguma vantagem. Fonte: Vitor Valeri

Cabos OFC ("livres de oxigênio")

O cabo OFC (Oxygen-free copper) é aquele fundido e trefilado para obter filamentos de cobre com um nível de oxigênio de 0,001% ou menos para aumentar a condutividade. Há três classificações para este tipo de cabo:

  • C10100 - Chamados de OFE (oxygen-free electronic), os cabos com essa certificação possuem núcleos de cobre com pureza de 99,99% com 0,0005% de teor de oxigênio.
  • C10200 - Identificados como cabos OF (oxygen-free), eles estão abaixo dos cabos OFE, pois possuem um teor de oxigênio maior (0,001%) e utilizam cobre com pureza de 99,95%.
  • C11000 - Os cabos chamados de ETP (electrolytic-tough-pitch) são aqueles mais simples e possuem um nível de pureza menor (99,9%) e mais oxigênio (0,02% a 0,04%) em sua composição.

Cabos OCC (Ohno Continuous Casting)

Cabos com certificação OCC (Ohno Continuous Casting) são aqueles que tiveram seus filamentos de metal (cobre ou prata) fundidos e trefilados através de uma técnica patenteada pelo professor Ohno do Instituto de Tecnologia de Chiba, no Japão. Esta metodologia consegue ser superior à dos cabos OFC em termos de qualidade da liga metálica dos fios dos cabos. Enquanto os melhores cabos OFC possuem uma pureza de 99,99%, os cabos OCC conseguem chegar a um nível de pureza de 99,99998% nas ligas metálicas, proporcionando uma condutividade melhor e consequentemente uma performance melhor na transmissão do sinal, oferecendo menos resistência para a passagem de eletricidade.

Cabos UPOCC (Ultra-Pure Ohno Continuous Casting) da Effect Audio. Fonte: Vitor Valeri
Cabos UPOCC ("Ultra-Pure" Ohno Continuous Casting) da Effect Audio. Fonte: Vitor Valeri

A influência da pureza das ligas metálicas dos cabos no número de núcleos (cores)

Quanto maior a pureza da liga metálica utilizada em um cabo de fones de ouvido, menor será a resistência à passagem de eletricidade. Consequentemente, isso trará uma qualidade de transmissão melhor do sinal enviado pelo amplificador, dongle, DAP ou DAC/amp para o fone de ouvido.

A pureza da liga metálica utilizada nos cabos é indicada em noni (N). Por exemplo: um cabo OFC de cobre classificado como OFE (oxygen-free electronic), que possui 99,99% de pureza, terá quatro noni (4N), enquanto um cabo OCC (Ohno Continuous Casting), com 99,99998% de pureza, tem sete noni (7N).

Comparação entre cabos de cobre OFC e OCC. Fonte: norneaudio
Comparação entre cabos de cobre OFC e OCC. Fonte: norneaudio

Você já deve ter observado que existem cabos muito baratos que possuem 8, 16 ou até mesmo 24 núcleos. Neste caso em específico, isso é feito para tentar diminuir a resistência na passagem do sinal elétrico, devido à baixa qualidade da liga metálica utilizada no cabo. Ao mesmo tempo, ao aumentar o número de "cores", o cabo acaba perdendo a flexibilidade e ficando mais pesado, piorando a experiência de uso.

Embora existam cabos ruins com muitos núcleos, também existem cabos que utilizam núcleos com filamentos de alta pureza. Nestes, pode-se dizer que há uma melhoria, embora pequena, na performance do cabo para transmitir o sinal elétrico.

O melhor custo-benefício, de acordo com a minha experiência, está nos cabos com 4 núcleos (cores), pois neles a chance de se ter uma pureza maior nos filamentos é maior. Além disso, estes são mais flexíveis se comparados aos de 8, 16 ou 24 núcleos, trazendo mais conforto para o usuário.

Cabo de quatro núcleos da Effecct Audio. Fonte: Vitor Valeri
Cabo de quatro núcleos da Effect Audio. Fonte: Vitor Valeri

Dica bônus: Cabos Litz

Os cabos com certificação Litz são aqueles que possuem filamentos isolados magneticamente de forma individual, trançando-os de maneira uniforme, para reduzir interferências eletromagnéticas. Existem vários tipos de Litz, onde cada fabricante de cabos desenvolve sua própria geometria de entrelaçamento de fios que podem ser da mesma espessura ou espessuras diferentes. Essa técnica, além de proporcionar menos interferência para a transmissão do sinal, também entrega uma flexibilidade melhor e maior resistência para o cabo.

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