Os primeiros fones de ouvido mais compactos foram os earbuds [1], seus cabos eram soldados diretamente no driver (alto-falante) e direcionados logo à frente do lóbulo da orelha. O tempo passou e surgiram os in-ears (intra-auriculares), que acabaram ganhando um diferente para o cabo quando surgiram os CIEMs (custom in-ear monitors), fones voltados para o mercado de áudio profissional [2].

Para resistir a rotina de um músico ou cantor nos palcos, os fones de ouvido in-ear custom, ou CIEMs, tiveram que adotar um novo design para os cabos. Neles o cabo é trançado utilizando geralmente dois pares, proporcionando uma maleabilidade e resistência melhores, além de contar com um conector para encaixar uma das pontas no corpo do fone de ouvido. Ou seja, temos aqui um cabo removível, que permite a troca caso venha a dar mal contato, mais resistente a "puxões" e com melhor flexibilidade, mas ainda há um ponto crítico nesse design, a região onde o cabo sai do fone de ouvido.

[1] Artigo "Earbuds, alternativas para quem não se adaptou aos in-ears (intra-auriculares)".

[2] Artigo "O que são os fones in-ear custom (CIEM)/ personalizados? Para que eles servem?".

Os motivos pelos quais os cabos passaram a sair por cima da orelha

Passar o cabo do fone de ouvido in-ear por cima ou por baixo. Na foto fone de ouvido in-ear Final Audio E1000. Fonte: Vitor Valeri
Passar o cabo do fone de ouvido in-ear por cima ou por baixo. Na foto fone de ouvido in-ear Final Audio E1000. Fonte: Vitor Valeri

Os músicos e cantores costumam se locomover muito durante as apresentações nos palcos e, ao fazer isso, os cabos dos fones in-ear podem gerar microfonia, que nada mais é do que o barulho que se ouve de forma "amplificada" quando os fios batem na roupa ou em algo. Pensando nisso, os engenheiros optaram por posicionar o conector para plugar o cabo em cima do fone de ouvido, pois assim os fios ficariam apoiados em cima da orelha. Esse apoio "extra" diminui consideravelmente a possibilidade de ocorrer microfonia, algo que pode atrapalhar o usuário a ouvir os sons do retorno de palco.

Além de ajudar a evitar a microfonia, ao passar os cabos por cima da orelha, você diminui a tensão sobre os fios, aumentando assim a vida útil deles, pois é justamente o número de torções que gera o rompimento dos filamentos de metal (geralmente é utilizado o cobre). Ou seja, isso não é benéfico somente para os profissionais da música, mas também para o consumidor comum.

Fone de ouvido in-ear Sennheiser IE 300. Fonte: Vitor Valeri
Fone de ouvido in-ear Sennheiser IE 300 que utiliza um cabo com conexão MMCX e passa por cima da orelha. Fonte: Vitor Valeri

Os anos se passaram e o mercado de fones de ouvido chinês acabou fazendo com que in-ears com cabo removível com um design por cima da orelha ficassem populares e baratos. Então, quando você encontrar fones de ouvido com este formato, não estranhe, por mais que ele não lembre aqueles que vieram com o seu celular ou "discman" (leitor de CDs portátil). Esse design é útil e irá ajudar a aumentar a vida útil do seu cabo e evitará interferências advindas da microfonia.

Bônus: Como obter resistência e conforto no fone de ouvido in-ear com um cabo novo

Cabo Effect Audio Origin conectado ao fone de ouvido in-ear Final Audio E5000. Fonte: Vitor Valeri
Cabo Effect Audio Origin conectado ao fone de ouvido in-ear Final Audio E5000. Fonte: Vitor Valeri

Em sites chineses como, por exemplo, o Aliexpress há muitos fones de ouvido in-ear que contam com cabo removível, mas eles são tão baratos que a qualidade de construção acaba não sendo tão boa. Por este motivo, em algum momento, mais cedo ou mais tarde, você terá de trocar o cabo do seu in-ear, mas antes de fazer isso, não deixe de conferir o nosso artigo onde elencamos o que você deverá prestar atenção ao tentar escolher um novo cabo para substituir o que quebrou.