Essa é uma pergunta muito recorrente feita por pessoas inexperientes que, infelizmente, acabam julgando de maneira errônea fones mais caros do que estão acostumados a ver no seu dia a dia. Para desmistificar esse pré-conceito, tentarei expor neste artigo determinados pontos e reflexões que são interessantes de se considerar ao julgar algum fone de ouvido.

Qual faixa de preço você está considerando?

O valor de um fone parece ser a primeira característica a ser observada pelos consumidores brasileiros em geral, e infelizmente, por vezes, é somente este fator que é considerado para se convencerem da compra de determinado fone de ouvido. Porém, por mais que seja um fator limitante, não deve ser considerado de forma isolada, pois existem patamares de fones de ouvido e faixas de preço. Ao separar os headphones (ou outros tipos de fones) em faixas de preço, fica mais fácil de analisar o quesito "valor", pois dessa maneira é possível comparar fones de uma mesma faixa juntamente com suas capacidades e assim determinar qual será o melhor custo-benefício naquele range específico.

Entretanto, o que a grande maioria das pessoas faz é considerar de forma isolada o valor do produto, desconsiderando não só as faixas de preço em que estão, mas também outras características como, por exemplo, qualidade do material, qualidade de som, ergonomia (conforto), usabilidade, praticidade etc.

Para qual atividade irá utilizar o fone de ouvido?

Este fator é um dos principais que deveriam ser considerados e inclusive escrevi um artigo sobre o tema aqui. Não há como escolher de maneira acertada sem antes diminuir o universo de opções disponíveis, então temos que primeiramente, antes de analisar qualquer preço, determinar qual fone será mais adequado para as atividades do dia a dia.

Nacional ou importado?

Esse é um tema por vezes abordado, onde alguns preferem importar e outros preferem comprar seu fone em território nacional. Há de se considerar as implicações de ambos os lados, pois tanto um quanto o outro possui vantagens e desvantagens.

O que poucas pessoas sabem é que ao importar, se tem uma série de custos e implicações, que acabam exigindo uma certa experiência para que realmente saia "barato" o produto vindo de fora. Ao importar a pessoa terá que arcar com a oscilação do dólar, a cotação do dólar no seu cartão de crédito (cada cartão tem sua cotação própria que é uma porcentagem em cima do dólar PTAX), o IOF (6,38%), o frete, possíveis impostos (60% no caso dos impostos federais) e até multa (caso seja subdeclarado o valor) e com a espera para chegar o pacote (podendo demorar meses). Ou seja, ao realizar a importação de qualquer fone de ouvido, é importante computar todos estes gastos e somá-los ao valor do produto para obter o valor real da compra.

Ao comprar um produto nacional, a pessoa deixa de ter as preocupações citadas acima e recebe o produto sem esperar um longo período para tê-lo em mãos, além de ter garantia em território nacional. Porém, para se ter esta comodidade, existem custos por trás e não são poucos, pois estamos no Brasil, a terra dos impostos, ou seja, a empresa que vende os fones aqui tem que pagar muito mais do que os meros 60% de impostos federais ao importar peças de fora ou mesmo vender um produto importado em território nacional. Entretanto, ao comprar em território nacional, o consumidor tem assistência técnica facilitada e é possível comprar peças com facilidade caso o fabricante seja nacional (no caso de produtos importados vendidos no país, acaba encarecendo o processo pelo mesmo motivo citado, impostos).

O que este fone de ouvido tem de melhor que o outro?

É interessante analisar o que o fone de ouvido tem para oferecer em seu conjunto e não somente uma característica isolada. Pois muitos querem saber, na maioria das vezes, somente se o som é bom e se é "barato". Para isso, escrevi um artigo onde falo quais característica devemos analisar ao comprar um fone de ouvido.

Além do conjunto de características mencionado no artigo, é importante salientar que ainda sim a análise para qual atividade a pessoa irá utilizar o fone de ouvido deve ser considerada antes, pois de acordo com a atividade realizada, nem sempre a pessoa irá primar pela qualidade. Para abordar esse tema melhor, eu escrevi o artigo "Alta fidelidade e praticidade: É possível caminharem juntos?".

O que leva um fone a custar tão caro, atingindo preços "altíssimos"?

É difícil compreender o que leva um fone a custar tão caro ao se chegar a certos patamares como, por exemplo, modelos que custam mais de 1000 dólares. O que a maioria faz aqui é, infelizmente, julgar o fone pelo preço e pelos materiais, que estão a vista, utilizados na construção (descartando as peças internas e a engenharia por trás).

O que muitos esquecem é que existe por trás da venda de um fone uma pesquisa, um desenvolvimento, um dinheiro gasto para manter a equipe e materiais disponíveis, uma projeção de vendas, uma projeção de produção, entre outros fatores. Ao final, a fabricante é obrigada a realizar diversos cálculos para estimar um preço que é "viável" tanto para o mercado (consumidor final) quanto para a empresa (para não haver prejuízo).

Para se fabricar um fone, vai muito além de utilizar metais (muitos tem um preconceito errôneo com o plástico) e drivers (saiba mais sobre a tecnologia dos fones aqui) para a produção do som. Há um estudo sobre como o som irá se comportar até chegar aos ouvidos da pessoa (leia sobre a influência das eartips e pads no som dos fones aqui), há uma engenharia por trás da house do fone (corpo do fone) que irá trabalhar em conjunto com o driver, há uma análise do som de acordo com o púbico que se quer atingir, há um ajuste dos drivers para talhar melhor o som, entre outros estudos realizados. Além de todas estas pesquisas, há de se considerar o tempo para a conclusão do projeto, pois quanto mais demorar, mais gerará custos.

Conclusão

O que vemos, na grande maioria das vezes, é um pré-conceito com relação a um determinado fone, sem que haver uma análise justa do que o fone possui para valer o que ele vale. Isso pode ocorrer por diversos motivos como, por exemplo, a falta de experiência com fones melhores, valor que a pessoa dá para o produto fone de ouvido (prefere investir mais em outras coisas), considerar uma única característica do produto de forma isolada, entre outros.

Para se fazer um julgamento, uma análise, de forma justa, a pessoa deverá considerar todos os pontos citados neste artigo e nos outros que foram linkados. Não é fácil chegar a uma conclusão, mas creio que ao menos você chegará a uma resposta mais sensata sobre determinado fone de ouvido.

É importante frisar que nada irá substituir a audição do fone de ouvido em si, para saber de forma mais concreta o que ele tem a oferecer, ou seja, cuidado ao opinar sobre os fones de ouvido. Tem de haver uma certa cautela para não ultrapassar o sensato e cair no achismo.