Avatar: Frontiers of Pandora tenta trazer uma recriação fiel e belíssima de Pandora, oferecendo aos jogadores a chance de explorar o incrível planeta dos Na'Vi de forma livre. Neste sentido, a Ubisoft conseguiu acertar mais uma vez ao entregar uma excelente ambientação, o que já se tornou comum para a publisher ao longo de todos esses anos. No entanto, no que diz respeito aos outros elementos, não encontramos qualquer acerto do mesmo nível.

Temos aqui mais um exemplo do quanto certas propostas e ideias estão ficando exaustivas, enquanto títulos sugam tudo que podem de padrões estabelecidos há algum tempo. A empresa francesa, inclusive, vive em meio a debates e acusações sobre sua fórmula repetitiva, e Avatar chega para dar ainda mais voz aos jogadores que apontam o fato como um grande problema.

Pandora encanta com uma excelente ambientação

Se os filmes de James Cameron cativam o público com o ótimo CGI, o jogo da Ubisoft também faz bonito no que diz respeito ao visual. Assim como nas telonas, Pandora é um planeta incrível e belo, repleto de cores e características próprias que o tornam totalmente único. Mostrando mais uma vez que domina com facilidade a ambientação de seus jogos, a Ubisoft entrega aqui um planeta que parece vivo por sua beleza e diversidade.

Explorar as diferentes regiões de Pandora é sempre um passeio contemplativo. São muitos lugares variados, com o título sabendo tirar proveito da fauna e flora do planeta. Com diversas cores constantemente na tela, Frontiers of Pandora entrega uma vegetação vasta, que salta aos olhos e acaba contribuindo para uma imersão maior neste mundo.

Imagem: Oficina da Net
Imagem: Oficina da Net

Como sempre, a Ubisoft também tem cuidado aos pequenos detalhes que compõem cada região como um todo. Pandora é recriada de maneira fiel e vai até além, permitindo que os fãs tenham no jogo um contato com o planeta que não é permitido nos filmes.

Ainda falando nos pontos positivos, que são poucos, voar com seu Ikran neste mundo encantador acaba sendo divertido. Nestes momentos, há uma leveza interessante, com o voo sendo o ápice da jogabilidade.

A história não consegue envolver

Apesar da excelente ambientação, os problemas de Avatar: Frontiers of Pandora começam a aparecer rapidamente, e em pouco tempo o jogador já percebe que são muitos. Uma das principais fraquezas do título é sua história pouco interessante, que não consegue envolver quem está embarcando na jornada.

Se o mundo se esforça para prender a atenção do jogador e gerar uma boa imersão, a trama parece fazer exatamente o contrário. Em uma campanha que acontece por mais tempo do que deveria, a Ubisoft não é capaz de entregar personagens realmente cativantes ou minimamente interessantes, com So'lek sendo um único nome que pode ser tirado do meio desta grande decepção, ainda que o personagem não tenha aparecido o suficiente para que seu potencial fosse aproveitado.

Mostrando o conflito entre os Na'Vi e a RDA, Avatar: Frontiers of Pandora segue um caminho muito parecido com o que vemos no cinema, exibindo a forma como os humanos destroem e tentam tomar um mundo que nunca foi seu. Ao colocar o jogador no papel de um Na'Vi criado por humanos, o título tenta entregar a visão de alguém que conhece os dois lados da história, mas nunca passa a ideia de que o protagonista sequer cogitou entender o lado dos humanos.

O seu Na'Vi saber exatamente por que lado quer lutar pode ser o único acerto da narrativa, já que, mesmo com os aliados humanos, é muito difícil acreditar que algum nativo de Pandora teria motivos para enxergar a situação de outra maneira com tanta dor em sua terra. O grande problema é que a narrativa se estende de uma maneira extremamente simples e clichê.

Alguns momentos surgem como pontos de reviravolta, mas são rasos e bastante previsíveis. Não temos aqui uma escrita pavorosa, mas sim uma escrita que não consegue fazer o mínimo para despertar o interesse, desperdiçando o potencial que o jogo tinha de se aprofundar em elementos e situações que foram deixadas de lado pelos filmes.

Extremamente repetitivo

A estrutura de Avatar: Frontiers of Pandora é certamente o principal problema do jogo, cometendo erros recorrentes da Ubisoft de uma maneira ainda mais profunda e prejudicial para o projeto. Se nos últimos anos a fórmula da gigante francesa já foi explorada exaustivamente, aqui temos talvez a maior prova de que saturou.

Avatar é um Far Cry em Pandora, mas nem ao menos consegue tirar o melhor que podia desta afirmação. O que temos aqui é um Far Cry chato, algo que foge da maioria dos lançamentos da franquia de FPS, que por mais que sejam genéricos conseguem entregar um fator diversão. Um grande problema é que, com a história pouco interessante, o jogo tem a necessidade de se sustentar na gameplay, o que não ocorre.

Imagem: Oficina da Net
Imagem: Oficina da Net

Frontiers of Pandora apresenta basicamente o mesmo desafio do início ao fim. Durante a campanha, você deve invadir incontáveis instalações e bases da RDA, com a estrutura principal sendo tão repetitiva quanto os objetivos encontrados dentro de cada missão. A falta de variedade é gritante, deixando a sensação de que a única diferença é o número de inimigos em cada base.

Entregando uma repetição excessiva de objetivos e missões, o jogo também é incapaz de apresentar confrontos minimamente variados ao jogador, já que também encontramos aqui pouquíssima variedade de inimigos. No final da jornada, você fica com a sensação de que derrotou os mesmos oponentes inúmeras vezes em combates idênticos.

Não existem boss battles ou momentos que "sacudam" a gameplay e retirem o jogador de uma zona de conforto. É tudo igual do início ao fim, deixando exposta uma falta de criatividade como vi poucas vezes em um projeto triple A.

Combate fraco

Além de todos os problemas que envolvem a estrutura do jogo, Avatar: Frontiers of Pandora também peca em seu combate, o que faz com que este seja mais um dos pontos que o tornam um título muito abaixo do nível esperado. Existe uma forte sensação de que nada aqui foi realmente planejado com algum cuidado mínimo.

Atirar com armas de fogo pode ser útil na hora de eliminar soldados da RDA, no entanto, não traz satisfação ao jogador pelo simples fato de que tais armas parecem ter sido colocadas aqui de uma maneira totalmente avulsa, sem se encaixar com a movimentação do personagem e jogabilidade no geral, o que inclui uma mira péssima.

Com isso, sobram as armas Na'Vi como uma última esperança para o combate do título. Porém, o combate com arco, apesar de ser mais funcional, também não atinge um nível de satisfação que seja o suficiente para segurar a jogabilidade sobre seus ombros. Outros equipamentos surgem como uma alternativa para variar sua gameplay, mas é evidente o quanto o arsenal foi mal planejado.

Jornada cansativa

Entregando missões com nível, Avatar: Frontiers of Pandora faz com que o jogador tenha que grindar para encarar o desafio de uma maneira justa, sem muita dor de cabeça durante os objetivos. Esse fato faz com que a jornada seja muito maior do que deveria, e acaba prejudicando consideravelmente a experiência no título.

Um jogo com tantos problemas não deveria ter a pretensão de prender o jogador ao seu mundo, uma vez que suas mecânicas e atividades não despertam o interesse de exploração por conta própria. Enquanto se aventura em Pandora, você terá que subir o nível de seu personagem, o que é feito conseguindo equipamentos cada vez melhores.

O fato de ter que upar seu Na'Vi está aqui apenas para aumentar o tempo de jogo. Não há outra explicativa plausível, pois o mundo criado nem sequer parece fazer qualquer esforço para convidar o jogador a descobrir novas missões e atividades.

Imagem: Oficina da Net
Imagem: Oficina da Net

O veredito

Avatar: Frontiers of Pandora acerta na ambientação, entregando um planeta que encanta com o visual, porém não consegue apresentar outras qualidades que sejam consideráveis. Este é o suprassumo da repetição que vem sendo entregue pela Ubisoft nos últimos anos.

Aqui a fórmula batida chega ao máximo da saturação, com o título entregando uma jornada maçante e extremamente repetitiva, sem qualquer criatividade por parte dos desenvolvedores. Em um ano com todos lançamentos de peso que provaram seu valor, Frontiers of Pandora faz justamente o contrário.

Não temos aqui o caso de um jogo esquecível, pois a baixa qualidade encontrada no título é algo que certamente ficará na memória dos jogadores. Para falar a verdade, Avatar: Frontiers of Pandora não deve ser esquecido, principalmente pelos desenvolvedores, pois assim talvez não tenhamos algo parecido sendo feito no futuro.

Avatar: Frontiers of Pandora
4.0
Prós
  • Ótima ambientação
  • Voar é divertido
Contras
  • Trama não é interessante
  • Combate ruim
  • Estrutura extremamente repetitiva
  • Se estende demais
  • Não há criatividade