De acordo com a ciência que temos, ele não deveria existir, mas ainda assim, o planeta batizado como "b Cen (AB)b" existe e orbita uma área improvável. Segundo a descoberta realizada por cientistas da Universidade de Estocolmo e publicada na revista Nature, esse planeta gigante orbita um sistema estelar supermassivo na constelação de Centauro. A dupla de estrelas, apelidada de "b Cen", tem uma massa de seis a dez vezes a do Sol, o que segundo o conhecimento que temos até agora, não permitiria a existência de um planeta.

Cientistas fazem descoberta inédita de planeta supermassivo

A descoberta vai além de todo o conhecimento que a raça humana tem sobre a existência de planetas em sistemas estelares supermassivos. Isso acontece porque, até agora, nenhum planeta havia sido detectado em torno de um sistema estelar de mais de três massas solares.

O planeta "b Cen (AB) b" pertence à mesma família de Júpiter, sendo um planeta gigante e com alta concentração de gases, mas ainda assim tem quase 11 vezes a massa do maior planeta do nosso Sistema Solar. Toda esa grandiosidade lhe dá condições de ser chamadado de "Super Júpiter".

Além disso, a distância que existe entre o planeta e suas duas estrelas é de 100 vezes a distância que separa Júpiter do Sol. Apesar da distância colossal, os estudos comprovaram que o astro estava de fato orbitando em torno das estrelas "b Cen".

Sistema estelar supermassivo

Com toda essa massa, essas estrelas "formam um ambiente considerado bastante destrutivo e perigoso, a ponto de ser considerado muito difícil para grandes planetas se formarem", explica o astrônomo Markus Janson, da Universidade de Estocolmo e principal autor do estudo publicado, coordenado pelo Observatório Europeu Austral (ESO).

Representação das duas estrelas gêmas em torno do planeta gasoso super massivo. (Crédito: ESO/Janson et al/Reprodução)
Representação das duas estrelas gêmas em torno do planeta gasoso super massivo. (Crédito: ESO/Janson et al/Reprodução)

As estrelas batizadas como "b Cen" estão a cerca de 325 anos-luz da Terra e, dentre elas, uma possui uma luz que irradia a uma temperatura de superfície estimada em mais de 18.000 Cº, o que é três vezes maior que a do Sol. De acordo com o astrônomo e coautor do estudo, Gaël Chauvin, do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS), estrelas assim são tão quentes e brilhantes que "sua luz sopra a matéria ao redor delas e não há o suficiente para formar um núcleo rochoso nas proximidades".

Mesmo com a descoberta, há muitas perguntas a serem respondidas, e essa busca por respostas apenas começou. A expectativa é que respostas mais contundentes sejam dadas dentro de alguns anos, mas desde já, a equipe internacional de Markus Janson tentará conhecer a composição química do planeta.