A NASA divulgou imagens inéditas do misterioso cometa 3I/ATLAS. Ele foi detectado em julho e, desde então, mobilizou quase vinte equipes de missão para acompanhar sua trajetória. Agora, o fenômeno ganhou ainda mais destaque porque o cometa passou próximo de Marte e fez com que sondas e orbitadores da NASA fizessem uma pausa nas atividades diárias para tentar capturar qualquer pista possível sobre o objeto.
O que dá para ver nas imagens?
Embora nenhuma das câmeras espaciais tenha sido criada para registrar um cometa interestelar em alta velocidade, cientistas não queriam desperdiçar essa chance. Imagens capturadas por sondas como Solar Terrestrial Relations Observatory, Psyche e Lucy ajudaram a reconstruir a trajetória e a velocidade impressionante do 3I/ATLAS. A Parker Solar Probe, SOHO, PUNCH e outros observatórios solares também registraram o objeto antes de sua aproximação ao planeta vermelho.
Quando o cometa se aproximou do Sol, a Terra estava no lado oposto da estrela, dificultando observações terrestres. Já Marte estava no ponto perfeito. O Mars Reconnaissance Orbiter conseguiu imagens de perto, enquanto o rover Perseverance registrou o cometa como uma mancha tênue cruzando um céu cheio de estrelas.
Por que o 3I/ATLAS é tão especial
Cometas que nascem no Sistema Solar costumam ter núcleos formados por gelo, poeira e rochas, ou seja, são verdadeiras "bolas de neve sujas". Quando se aproximam do Sol, liberam gás e formam caudas que podem ser vistas da Terra. O 3I/ATLAS também apresenta esse comportamento, mas com características que surpreenderam os pesquisadores.
Em vez de liberar principalmente água, como é comum, ele está emitindo mais dióxido de carbono do que H₂O, além de liberar mais níquel do que ferro. Isso sugere que sua composição é diferente da de cometas típicos daqui.
Outro ponto que chamou atenção foram os "jatos" de gás saindo do núcleo. Eles podem indicar regiões especialmente ativas na superfície, mas também levantaram questionamentos sobre uma possível desintegração do cometa durante sua aproximação ao Sol. As missões ainda tentam entender o fenômeno.
Nenhum sinal de tecnologia extraterrestre
Inicialmente, rumores chegaram a sugerir nas redes sociais que o objeto poderia ser uma espaçonave alienígena, mas a NASA tratou de encerrar o assunto. Para os pesquisadores, tudo o que se sabe sobre o 3I/ATLAS aponta para um cometa natural, com aspecto e comportamento semelhantes aos que já conhecemos, ainda que com ingredientes um pouco diferentes.
Ainda não se sabe exatamente o tamanho do núcleo do cometa, mas estimativas apontam que ele mede entre algumas centenas de metros e alguns quilômetros. Mais fascinante que isso é sua idade provável. Pela velocidade e pela rota que segue, cientistas acreditam que ele seja muito mais antigo que qualquer objeto do nosso Sistema Solar.
O vai acontecer com o cometa agora
Depois de passar pelo ponto mais próximo do Sol em 30 de outubro, o 3I/ATLAS começou a reaparecer para telescópios terrestres. No dia 19 de dezembro, ele chegará a cerca de 270 milhões de quilômetros da Terra antes de seguir viagem rumo às profundezas do espaço.
Missões como a Europa Clipper, que vai estudar as luas de Júpiter, e a Juice, da ESA, ainda tentarão registrar novos ângulos enquanto o cometa cruza a órbita do gigante gasoso na primavera do hemisfério norte.
Yes! You can follow comet 3I/ATLAS as it speeds through the solar system. Here's how:
— NASA Science (@NASAScience_) November 19, 2025
While it’s not visible to the naked eye, you can track its real-time path using @NASA’s interactive tool, Eyes on the Solar System.
🔗: https://t.co/kV5kQEThkF pic.twitter.com/26yAb97k4K
Para os cientistas, esta foi talvez a melhor e mais completa oportunidade de estudar um objeto de outro sistema solar em movimento. Como ressaltou o astrônomo Theodore Kareta, "objetos interestelares brilhantes como o 3I/ATLAS são incrivelmente raros, e talvez este seja o que mais vamos aprender pelos próximos anos".






