O cometa 3I/ATLAS, um visitante vindo de fora do Sistema Solar, acaba de atingir o ponto mais próximo do Sol e agora pode cruzar a rota da nave Europa Clipper, da NASA, nos próximos dias. É uma coincidência rara, mas esse feito inédito abre uma oportunidade única para o estudo de materiais vindos de outros sistemas estelares. Caso não saiba, o 3I/ATLAS é apenas o terceiro cometa interestelar já detectado na história.

Sobre o Cometa 3I/ATLAS

Descoberto em julho de 2025 pelo sistema de monitoramento ATLAS, no Chile, o 3I/ATLAS é apenas o terceiro objeto interestelar já identificado, depois de ‘Oumuamua (2017) e Borisov (2019). Segundo a NASA, ele chegou ao periélio (o ponto mais próximo do Sol) nesta quarta-feira (29), a cerca de 204 milhões de quilômetros da estrela. É o momento em que o cometa recebe mais calor, liberando gases e poeira que formam a cauda e a chamada coma, a nuvem difusa ao redor do núcleo.

Cometa 3I/ATLAS sai de trás do Sol
Cometa 3I/ATLAS sai de trás do Sol

O que torna o 3I/ATLAS tão fascinante é sua origem: ele vem de outra estrela, fora da nossa vizinhança solar. Por isso, cada grão de poeira em sua composição é como uma cápsula do tempo, carregando pistas sobre como planetas se formam em outros sistemas estelares. Toda essa anormalidade, fez alguns até cogitarem que ele não fosse um objeto natural e sim um nave espacial alienígena, o que foi refutado depois que ele se aproximou mais da nossa localização e foi possível identificar uma cauda e gelo típico de um cometa.

Estudos feitos com o telescópio espacial James Webb revelaram que a coma do 3I/ATLAS tem altas concentrações de dióxido de carbono, algo incomum em cometas tradicionais. Essa diferença química ajuda a entender as condições de formação de mundos além da Via Láctea. A Agência Espacial Europeia (ESA) também acompanha o cometa de perto, reunindo telescópios e sondas para estudá-lo durante sua passagem.

Agora é o encontro raro com a nave Europa Clipper

Entre 30 de outubro e 6 de novembro, o cometa pode ter um encontro histórico com a nave Europa Clipper, que está em rota para estudar uma das luas geladas de Júpiter. De acordo com um estudo conduzido pelos pesquisadores Samuel Grant e Geraint Jones, o alinhamento entre o Sol, o cometa e a nave pode fazer com que ela atravesse a cauda iônica do 3I/ATLAS, uma região composta por partículas carregadas expelidas pelo cometa.

Passagem do cometa 3I/Atlas
Passagem do cometa 3I/Atlas

Mesmo que o risco de danos seja mínimo, o evento é uma oportunidade científica única: será possível captar partículas vindas de um cometa interestelar, algo nunca feito antes.

Dá para observar o cometa?

Agora que passou pelo periélio, o 3I/ATLAS começa a se afastar lentamente do Sol. Segundo o site InTheSky.org, ele voltará a ficar visível a partir de 3 de novembro, antes do amanhecer, na constelação de Virgem. Ao longo do mês, seu brilho deve aumentar, e até dezembro, ele poderá ser observado com telescópios de médio porte enquanto cruza as constelações de Virgem e Leão.

Mesmo com brilho modesto (de magnitude 11), o 3I/ATLAS deve se tornar um dos alvos mais interessantes para astrônomos amadores e profissionais neste fim de ano. Em 2026, ele seguirá rumo à constelação de Gêmeos, desaparecendo para sempre no espaço interestelar.

E por que todo mundo está falando do 3I/ATLAS

Sinais de cometas, meteoros ou outros objetos espaciais são identificados a todo momento, mas a última vez que vimos todo mundo (literalmente) falando de um cometa assim como estão falando do 3I/ATLAS foi quando tivemos a passagem do cometa Halley em 1986. Agora, o hype da vez é o 3I/ATLAS.

E motivo de toda essa euforia vem da possibilidade dele ser uma nave alienígiena, o que já foi descartado. Agora, a impostância desse monitoramente é justamente o de revelar como materiais se formam em outros sistemas solares, pois vai ser possível mostrar na prática o avanço das tecnologias de detecção, que agora conseguem identificar visitantes a bilhões de quilômetros de distância.

Um deles é o Telescópio Vera Rubin, no Chile, que está em plena operação, e os cientistas acreditam que novas descobertas como essa serão cada vez mais comuns e podem mudar tudo o que sabemos sobre as origens do nosso próprio Sistema Solar.

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