O cometa interestelar batizado de 3I/ATLAS deixou os astrônomos intrigados após exibir um brilho fora do comum durante sua passagem mais próxima do Sol. Ele, que é apenas o terceiro cometa interestelar já registrado até hoje, se destacou por um aumento súbito e extremo em sua luminosidade, algo jamais observado antes em um corpo celeste desse tipo.
Foi furante o periélio, o ponto de maior aproximação do cometa e o Sol, que seu brilho ficou tão ofuscado pelo brilho solar que telescópios terrestres não conseguiram observá-lo mais. Para continuar o monitoramento, cientistas recorreram a satélites e observatórios espaciais, como o SOHO, STEREO-A e GOES-19, e foi aí que conseguiram capturar esses detalhes impressionantes de sua atividade.
Brilho azul?
Em um estudo publicado no servidor arXiv, astrônomos relataram que o cometa apresentou um aumento abrupto na luminosidade, muito mais rápido que o comportamento típico de outros cometas. Além disso, ele brilhou em tom azulado, algo extremamente raro, já que a maioria desses corpos tende a refletir a luz solar em tons avermelhados por causa da poeira.
Segundo os pesquisadores, esse brilho intenso pode estar relacionado à emissão de gases altamente energizados, especialmente moléculas de carbono que brilham em azul quando aquecidas pelo Sol. O artigo também indica que o 3I/ATLAS pode ter emergido da conjunção solar ainda mais brilhante do que antes, com magnitude visual estimada em torno de 9.
Possíveis explicações para o fenômeno
Os cientistas ainda não chegaram a uma conclusão definitiva sobre o motivo do comportamento extremo do cometa, mas levantaram algumas hipóteses. Uma delas é a emissão repentina de uma onda de gás massiva, que teria superado o brilho causado pela poeira.
Outra possibilidade está na composição incomum do 3I/ATLAS: análises preliminares indicam a presença de altos níveis de dióxido de carbono, gelos mais voláteis e metais raros, diferentes dos observados em cometas locais.
Sobre o Cometa 3I/ATLAS
Descoberto em julho de 2025 pelo sistema de monitoramento ATLAS, no Chile, o 3I/ATLAS é apenas o terceiro objeto interestelar já identificado, depois de ‘Oumuamua (2017) e Borisov (2019). Segundo a NASA, ele chegou ao periélio (o ponto mais próximo do Sol) nesta quarta-feira (29), a cerca de 204 milhões de quilômetros da estrela. É o momento em que o cometa recebe mais calor, liberando gases e poeira que formam a cauda e a chamada coma, a nuvem difusa ao redor do núcleo.
O que torna o 3I/ATLAS tão fascinante é sua origem: ele vem de outra estrela, fora da nossa vizinhança solar. Por isso, cada grão de poeira em sua composição é como uma cápsula do tempo, carregando pistas sobre como planetas se formam em outros sistemas estelares. Toda essa anormalidade, fez alguns até cogitarem que ele não fosse um objeto natural e sim um nave espacial alienígena, o que foi refutado depois que ele se aproximou mais da nossa localização e foi possível identificar uma cauda e gelo típico de um cometa.
Estudos feitos com o telescópio espacial James Webb revelaram que a coma do 3I/ATLAS tem altas concentrações de dióxido de carbono, algo incomum em cometas tradicionais. Essa diferença química ajuda a entender as condições de formação de mundos além da Via Láctea. A Agência Espacial Europeia (ESA) também acompanha o cometa de perto, reunindo telescópios e sondas para estudá-lo durante sua passagem.
Agora é o encontro raro com a nave Europa Clipper
Entre 30 de outubro e 6 de novembro, o cometa pode ter um encontro histórico com a nave Europa Clipper, que está em rota para estudar uma das luas geladas de Júpiter. De acordo com um estudo conduzido pelos pesquisadores Samuel Grant e Geraint Jones, o alinhamento entre o Sol, o cometa e a nave pode fazer com que ela atravesse a cauda iônica do 3I/ATLAS, uma região composta por partículas carregadas expelidas pelo cometa.
Mesmo que o risco de danos seja mínimo, o evento é uma oportunidade científica única: será possível captar partículas vindas de um cometa interestelar, algo nunca feito antes.
Dá para observar o cometa?
Agora que passou pelo periélio, o 3I/ATLAS começa a se afastar lentamente do Sol. Segundo o site InTheSky.org, ele voltará a ficar visível a partir de 3 de novembro, antes do amanhecer, na constelação de Virgem. Ao longo do mês, seu brilho deve aumentar, e até dezembro, ele poderá ser observado com telescópios de médio porte enquanto cruza as constelações de Virgem e Leão.
Mesmo com brilho modesto (de magnitude 11), o 3I/ATLAS deve se tornar um dos alvos mais interessantes para astrônomos amadores e profissionais neste fim de ano. Em 2026, ele seguirá rumo à constelação de Gêmeos, desaparecendo para sempre no espaço interestelar.
E por que todo mundo está falando do 3I/ATLAS
Sinais de cometas, meteoros ou outros objetos espaciais são identificados a todo momento, mas a última vez que vimos todo mundo (literalmente) falando de um cometa assim como estão falando do 3I/ATLAS foi quando tivemos a passagem do cometa Halley em 1986. Agora, o hype da vez é o 3I/ATLAS.
E motivo de toda essa euforia vem da possibilidade dele ser uma nave alienígiena, o que já foi descartado. Agora, a impostância desse monitoramente é justamente o de revelar como materiais se formam em outros sistemas solares, pois vai ser possível mostrar na prática o avanço das tecnologias de detecção, que agora conseguem identificar visitantes a bilhões de quilômetros de distância.
Um deles é o Telescópio Vera Rubin, no Chile, que está em plena operação, e os cientistas acreditam que novas descobertas como essa serão cada vez mais comuns e podem mudar tudo o que sabemos sobre as origens do nosso próprio Sistema Solar.
