Obras de arte NFT são vendidas por indígenas da região de Rondônia, os Paiter Suruí, para comprar drones. O feito foi relatado pelo site G1, onde é dito que o objetivo é arrecadar fundos para vigiar a Amazônia, monitorando o território Sete de Setembro, além de patrocinar iniciativas sustentáveis.

O Brasil já é o terceiro maior mercado de NFTs do mundo segundo a Exame. Pensando em aproveitar essa "moda", o cacique da terra indígena Sete de Setembro, Almir Suruí, teve a ideia de criar artes digitais e transformá-las em NFTs. Para isso, ele convidou artistas da comunidade para produzir belas artes para vendê-las em formato de NFT. O valor de cada obra vendida será revertido em até 95,5% para os Paiter Suruí.

Cacique da terra indígena Sete de Setembro, Almir Suruí. Fonte: G1 (globo)
Cacique da terra indígena Sete de Setembro, Almir Suruí. Fonte: G1 (globo)

A Sete de Setembro e a venda de NFTs

A terra dos índios Paiter Suruí chama-se Sete de Setembro e está localizada no estado de Rondônia. Sua área compreende mais de 280 mil hectares. Com o projeto de venda de NFTs para a compra de drones, os indígenas pretendem monitorar pelo menos 13 mil hectares de floresta.

Terra dos índios Paiter Suruí Sete de Setembro, localizada no estado de Rondônia. Fonte: G1 (globo)
Terra dos índios Paiter Suruí "Sete de Setembro", localizada no estado de Rondônia. Fonte: G1 (globo)

A venda das artes em formato de NFT terminará no dia 15 de fevereiro (próxima terça-feira). As artes digitais disponibilizadas para venda já receberam lances de até R$ 6,5 mil. Entre as imagens que estão sendo leiloadas, há uma fotografia que retrata a irmã de Walelasoepilemãn Suruí, filha de Almir Suruí, em uma cachoeira após um dia de trabalho. Walelasoepilemãn disse ao site G1:

"É importante porque é uma figura representativa: é mulher, é jovem, é líder. Foi em um mês em que a gente estava a lazer, depois do trabalho, entrando de férias. A gente resolveu viajar um pouco".

Obra
Obra 'Liberdade de Sentir', fotografia de Pí Suruí, retrata banho de cachoeira da irmã, Txai Suruí — Foto: Walelasoepilemãn Suruí. Fonte: G1 (globo)

O que são NFTs (tokens não fungíveis)?

Quando dizemos tokens não fungíveis, quer dizer que não é possível ter uma quantidade do mesmo, pois são únicos. Também não é possível dividi-los em parcelas como uma criptomoeda ou a nossa moeda, onde temos os centavos. Quando é possível dividir e ter uma diversos tokens do mesmo, quer dizer que se tem algo fungível, ou seja, as criptomoedas são uma espécie de token fungível.

O token é uma chave utilizada para acessar dados criptografados. Os NFTs são formados de blockchains, um registro que é vinculado através de criptografia, uma técnica criada para se comunicar de forma segura sem que outros saibam o que se está dizendo. Basicamente é uma forma de obter a privacidade de dados, onde somente com uma "chave" é possível descobrir o conteúdo.

Um blockchain é formado por uma lista de blocos (blocks), onde cada um possui um "hash criptográfico" (informação criptografada) do bloco anterior, uma espécie de carimbo com data, hora e data de uma transação. Como cada bloco contém informações sobre o anterior, um blockchain é resistente a modificações de dados, pois após a criação de um registro criptografado para um dos blocos, os dados de um bloco só poderão ser alterados se todos os dados do conjunto forem alterados também.