Enquanto que no Brasil a Justiça e o Facebook, empresa mantenedora do WhatsApp, encontram-se em pé de guerra, devido à falta de colaboração da companhia para com uma investigação criminal, na Rússia, o governo diz já ter meios de quebrar a criptografia utilizada por aplicativos como o WhatsApp.

Ou seja, por lá, não adiantará o mensageiro dizer que não tem acesso as mensagens trocadas por meio do serviço, devido a sua criptografia de ponta-a-ponta, justificativa utilizada no Brasil para não fornecer as informações que a Justiça pede e que acaba ocasionando alguns transtornos, inclusive aos usuários, como o bloqueio do mensageiro. Isto porque o Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) anunciou que já possui meios de coletar as chaves que permitirão a leitura de conteúdos que antes seriam incompreensíveis, devido a sua criptografia.

Mais que isto, a Rússia decidiu tornar a coleta de chaves de criptografia, que permitem interceptar mensagens para que elas possam ser lidas sem dificuldade alguma, uma política de Estado. O país vem adotando uma postura bem radical em relação aos termos de segurança e privacidade de dados. Há cerca de um mês uma nova lei de vigilância abrangente foi aprovada, exigindo uma espécie de "porta dos fundos" em criptografia, que permite o acesso aos dados pelo Estado, além de impor outras regras que facilitam o trabalho de espionagem.

Os alvos desta nova lei são especialmente aplicativos como o Telegram e WhatsApp, devido ao sistema de segurança adotado por estes serviços, em teoria mais difíceis de serem quebrados. A legislação determina uma multa de 1 milhão de rublos, ou U$ 15 mil em caso de desobediência, mas não é clara com relação a frequência que está punição pode ser cobrada.

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Contudo o governo russo não quis ficar refém das empresas prestadoras de serviços de internet, dependendo de sua boa vontade e então solicitou ao FBS o desenvolvimento das chaves de criptografia, para que mesmo sem a colaboração das empresas, consiga ter acesso aos dados que precisa.

A falta de clareza sobre a lei e sobre esta nova ferramenta é que vem preocupando os russos. O governo divulgou poucas informações e não explicou como irão funcionar estas chaves de criptografia, o que gera dúvidas referentes as ramificações da legislação. Um técnico russo, Anton Nesterov, explicou ao Daily Dot algumas das brechas presentes nesta lei, que parece não afetar apenas terroristas que planejam atentados por meio de aplicativos de mensagens, mas os cidadãos comuns também. Devido há falta de uma explicação clara da lei, até mesmo empresas de cartão de crédito como Visa e Mastercard poderiam ser forçadas a compartilhar as chaves que protegem transações feitas pelos cartões, entre outras medidas negativas.

As empresas, como o WhatsApp, ainda não se manifestaram sobre o assusnto.