No Brasil, cerca de 4,2 milhões de domicílios possui o chamado "gatonet", ou seja, o roubo de sinal de TV por assinatura. O número corresponde a 18,4% dos 22,8 milhões de residências com acesso a serviços de TV paga, revelou o levantamento feito pela H2R Pesquisas Avançadas a pedido da Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA) e do sindicato nacional das operadoras do setor, o Seta. A pesquisa foi apresentada na quarta-feira (6), no Congresso ABTA 2014, ouviu 1.750 pessoas em 16 cidades, de seis estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.

O levantamento cita que o número é bastante alto, e com isso, as operadoras deixam de ganhar quase R$ 6,5 bilhões e o governo deixa de arrecadar R$ 3 bilhões em impostos.

O roubo de sinal é maior no interior (45%), revela os dados da H2R. Nas regiões metropolitanas o índice chega a 32%. A classe predominante nesse tipo de furto compreende a C,D e E, com brasileiros na faixa de 40 a 50 anos.

"Os clandestinos podem ser qualquer um da população, homem ou mulher, de qualquer idade ou de qualquer nível de escolaridade. A penetração da clandestinidade é maior no interior (45%) do que nas capitais (32%), há um pequeno predomínio de pessoas entre 40 e 50 anos, e estão mais presentes nas classes C, D e E, mas também estão nas classes mais altas - todos os índices de diferenciação são baixíssimos", disse Rubens Hannun, presidente da H2R.

"Informalidade sempre existiu no nosso setor. Há um processo de amadurecimento e legalização do mercado e na medida em que os provedores vão evoluindo, com mais escala, os custos ficam cada vez mais razoáveis para o público. Mas é importante reconhecer que o que aconteceu no mundo da música também pode acontecer no nosso setor. Precisamos nos organizar para conscientizar o público e o governo para combater os sinais ilegais", comenta também.

Das pessoas identificadas no furto de sinal, 38% delas admitem o roubo. O que chamou a atenção dos pesquisadores é que a sensação passada pelos brasileiros envolvidos no furto é que prática não representa nenhum crime.

Muitas das pessoas que não admitem o roubo de sinal fazem uso de receptores ilegais, na grande maioria, contrabandeados para piratearem o sinal das operadoras oficiais.

De acordo com os especialistas, o crescimento do chamado "gatonet" está associado à falta de fiscalização das fronteiras, por onde passam os decodificadores de TV por assinatura sem homologação da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).

"A tendência é de piora rápida do quadro. É preciso um planejamento estratégico com ações vigorosas consistentes e profundas para que isso não se alastre", afirma Rubens Hannun.