Conheci os fones de ouvido Pamu Slide no ano passado através de um anúncio nas Instagram Stories, mas logo percebi que eles eram tendência. Financiado coletivamente através da plataforma Indiegogo, esse modelo True Wireless prometia ótima qualidade de som e design que nunca cai da orelha. A fabricante os designava como "matadores de Airpods", e o público comprou a ideia: incontáveis contribuições fizeram de sua campanha um sucesso, e os caras precisaram suar para entregar o produto aos apoiadores em tempo hábil. Enquanto isso, vídeos de influenciadores aumentavam o hype, o que fez desse assunto algo bem comentado.

Recebi o item pouco menos de 3 meses depois de minha contribuição e as impressões iniciais foram ótimas. O áudio, de fato, é classudo, com graves em medida agradável. O estojo para transportá-los, apesar de grande, contribui para autonomia gigantesca, um aspecto impressionante do produto, que me fez perder a noção sobre sua capacidade de bateria por eu simplesmente não lembrar quanto tempo o usei até ser preciso recarregar. Já o design, curiosamente, não me proveu a melhor das fixações ou isolamento acústico, embora seja confortável para horas de audição sem dores ou incômodos.

As impressões iniciais foram muito boas.

A impressão geral era de que o produto sobrevivia às expectativas, e cheguei a recomendá-lo a pessoas próximas, com o adendo de que era uma compra um tanto quanto demorada. Nesse tempo, já existia na internet um movimento de compradores com unidades defeituosas, em que uma das cápsulas apresentava problemas de sincronização. Pensei que não fosse meu caso, julgando que a rápida sincronização era justamente um ponto positivo.

Depois de duas semanas, fui fazer a primeira limpeza dos fones. Em modelos in-ear, sempre entra uma sujeirinha na abertura das ponteiras de borracha, que eu removi para facilitar o processo. Me surpreendi quando, após movimentos suaves, a sujeira saiu e levou junto com ela a pequena grade que protegia os drivers, deixando ali um buraco. Azar? Talvez. Mas afastei a hipótese quando, ao limpar a outra cápsula dias depois, aconteceu a mesma coisa. Em pouco tempo de uso, eu já tinha fones estragados por simples e cuidadosas limpezas. Ao menos, funcionavam.

Lá se foram as gradinhas.

Alguns dias depois, precisei trocar de smartphone. Cancelei o pareamento dos Slide com o aparelho que estava em uso para ligá-los ao novo. Não consegui fazer a sincronização com a mesma eficiência, já que tudo só funcionou normalmente após alguns "resets" e novas tentativas. E isso durou pouco. Após mais alguns dias, a sincronização de uma das cápsulas se perdia e o processo de resetar para tentar tudo do início não era mais efetivo. A partir dali, eu só conseguia ligar uma das cápsulas por vez, nunca as duas. O próprio procedimento para reiniciar o pareamento começou a bugar, o que me fez desistir dos fones. Se parece que não fui persistente, friso que este parágrafo é só um brevíssimo resumo de toda a minha peleja.

A Padmate, fabricante dos Slide, não é novata no ramo. Já possuía modelos reconhecidos em seu portfolio, mas lança mão do financiamento coletivo para facilitar as coisas. Ficou a impressão, entretanto, de que eles não conseguiram lidar com essa estratégia, e prejudicaram grandemente sua linha de produção para entregar os fones com o menor atraso possível. Má construção, problemas graves de sincronização, essas intercorrências me parecem suficientes para acabar com o status de um produto interessante. As coisas pioram quando se considera que a fabricante ignorou, ou tratou de forma ineficiente, os vários contatos feitos por apoiadores com unidades defeituosas.

Para ficar com minha consciência tranquila, corri de volta aos conhecidos com quem tinha falado sobre o produto para retirar a indicação. O senso de dever também me fez escrever este texto, que não foi redigido com prazer. No fim das contas, os Pamu Slide são excelentes fones quando funcionam normalmente. Mas, quando há tantos casos de unidades que não cumprem esse parâmetro, é complicado colocar isso como mero detalhe.