O Mercado Livre, recentemente, enviou um e-mail aos seus vendedores mencionando sobre o reajuste dos Correios nos fretes de todas as compras realizadas através da Internet.

Conforme a empresa on-line, os Correios pretendem adotar uma taxa que foi considerada "abusiva", ou seja, 51% dos valores cobrados atualmente. A campanha #FreteAbusivoNão está se propagando pelas redes sociais.

Através do e-mail, o Mercado Livre tinha como intenção que os vendedores da página se posicionassem contrários a ideia dos Correios sobre o aumento, e que todos se manifestassem nas redes sociais para protestar e manifestar a sua indignação. Tudo isso levando em consideração que muitos negócios seriam prejudicados por conta do valor do frete.

O aumento do valor do frete prejudicaria tantos os vendedores quanto os consumidores, que teriam que arcar com valores altos, sendo que poderia não compensar a compra virtual.

Muitos aderiram à causa, reclamando sobre o valor dos Correios. Porém, outros, foram contra o Mercado Livre, inclusive mencionaram que o serviço deveria optar por outro meio de entrega.

Os Correios, por sua vez, negaram que o valor seja de 51% do seu aumento nas entregas. Conforme eles, a média será em torno de 8% para objetos postados entre capitais e nos âmbitos local e estadual. De qualquer forma, o aumento existe, porém, pode ser que não seja tão alto quanto o Mercado Livre estava mencionando.

Segundo estudo realizado pela Synapcom, cerca de 30% das encomendas enviadas pelos Correios sofrem atraso, no Rio de Janeiro, cidade que enfrenta restrição da área de entrega de cerca de 40%, o atraso chega a 50%. Lembrando que em 2017 os Correios terminaram com um serviço exclusivo ao e-commerce brasileiro chamado e-Sedex.

Entramos em contato com os Correios que emitiram uma nota oficial: 

Sobre a campanha realizada pelo Mercado Livre em suas redes sociais a respeito do ajuste de preços que será aplicado pelos Correios a partir de 6 de março para os clientes de contrato, os Correios esclarecem:

Ao contrário do que foi divulgado, o reajuste não será de "até 51% no frete dos produtos a todos que compram e vendem pela internet". A média será de apenas 8% para os objetos postados entre capitais e nos âmbitos local e estadual, que representam a grande maioria das postagens realizadas nos Correios.

Cabe ressaltar que o reajuste não é para os preços de e-commerce, mas para os serviços de encomendas dos Correios, também utilizados pelo e-commerce. Trata-se de uma revisão anual, a exemplo do previsto em contrato. A definição dos preços é sempre baseada no aumento dos custos relacionados à prestação dos serviços, que considera gastos com transporte, pagamento de pessoal, aluguéis de imóveis, combustível, contratação de recursos para segurança, entre outros.

Comparar o preço de frete praticado no Brasil com os países vizinhos, como faz a nota, é tendencioso e pode levar o consumidor a acreditar em uma falsa premissa. O maior dos países citados - a Argentina - tem cerca de um terço da extensão territorial do Brasil e 40% de toda a sua população concentrada na região metropolitana de Buenos Aires. A maior cidade brasileira, por sua vez, tem 10% da população do país. Outro exemplo citado na nota, a Colômbia, é cerca de seis vezes menor que o Brasil. Os desafios de transporte em um país com dimensões continentais são muito maiores e os custos para manter a presença dos Correios em todo o território nacional são altíssimos.

Os contundentes problemas relacionados à segurança pública em diversas localidades do país também são pontos que merecem ser destacados. Conforme amplamente divulgado pelos veículos de comunicação, no Rio de Janeiro a situação de violência chegou a níveis extremos e o custo para entrega de mercadorias nessa localidade sofreu altíssimo impacto, dadas as medidas necessárias para manutenção da integridade dos empregados, das encomendas e até das unidades dos Correios. Por esse motivo, foi estabelecida uma cobrança emergencial de R$ 3,00 para os envios destinados à cidade do Rio de Janeiro, cobrança essa que poderá ser suspensa a qualquer momento, desde que a situação de violência seja controlada. Vale esclarecer que essa cobrança já é praticada por outras transportadoras brasileiras desde março de 2017.

Os Correios ressaltam que a parceria com o e-commerce brasileiro é de extrema importância para a empresa. Parceria que, inclusive, viabiliza a atividade de inúmeras micro, pequenas e médias empresas que vendem pela internet devido à oferta de pacotes de benefícios dos Correios exclusivos para os marketplaces brasileiros, incluindo reduções de preço que chegam a mais de 30% no SEDEX e 13% no PAC quando comparado aos preços à vista.

Também em função dessa parceria, a empresa mantém uma Política Comercial com uma estratégia de precificação que segue a lógica do mercado e, mesmo com os aumentos de custos, buscou o menor impacto possível nas praças mais relevantes para o e-commerce brasileiro.

Por fim, essa revisão mantém os Correios competitivos em seus preços praticados no Brasil inteiro, garantindo sua presença em todo o território nacional.

Update 2:

Agora a Netshoes, um dos mais renomados e-commerces brasileiro entrou na briga e apoiou a campanha #freteabusivonão.

O que você acha sobre a campanha e sobre o possível aumento do custo dos fretes?