Nesta década poderemos, com melhores chances do que nunca, se já houve vida fora da Terra, mais especificamente em Marte. O robô Perseverance lançado recentemente pela NASA em direção ao planeta vermelho deverá aterrissar em solo marciano em fevereiro de 2021. Esse robô é o primeiro desde as missões Viking a procurar evidências de vida biológica passada no planeta.

Ao longo de muitas outras missões espaciais que se iniciaram nos anos 70 para estudar nosso planeta vizinho, foram descobertas evidências de que um dia Marte já abrigou lagos e rios e sua atmosfera não era tão diferente da nossa terrestre. Hoje, a atmosfera do planeta é fina demais e permite a entrada de muita radiação que deixa o solo do planeta árido e esterilizado. Outras missões já procuraram vida existente no planeta vermelho, mas desta vez o robô Perseverance foi projetado com base em muitas descobertas passadas e agora ele pousará e perfurará a cratera Jezero, o lugar com maiores evidências da presença de água até o momento.

"Mais recentemente, a abordagem da Nasa tem sido a de explorar ambientes mais antigos, porque os dados que temos sugerem que Marte era mais habitável durante seus primeiros bilhões de anos.", Afirmou Ken Williford cientista do Jet Propulsion Laboratory (JPL), laboratório da Nasa em Pasadena.

Não apenas mais informações, há também uma tecnologia mais avançada para esses estudos interplanetários. As perfurações retirarão pedaços de rochas que serão armazenados em recipientes selados que eventualmente entrarão em outro veículo que será lançado em órbita para voltar para a Terra para análise. Isso também é algo inédito e é resultado da colaboração da Agência Espacial Europeia (ESA na sigla inglesa) com um projeto chamado Mars Sample Return.

Essas perfurações podem conter traços cristalizados de vida biológica do passado, com base em depósitos de carbonatos presentes nas rochas. Formas de vida simples, como bactérias e seres microscópicos podem ter sido parcialmente preservados nessas depósitos que funcionam como uma espécie de rastro biológico deixado pela presença da água no ambiente.

Agora nos resta esperar as missões lançadas chegarem à Marte e aguardar uma década inteira de surpreendentes descobertas que podem vir a acontecer.