Desde quando a Qobuz chegou ao Brasil, os assinantes do Tidal ficaram em dúvida sobre qual dos dois serviços de streaming valeria mais a pena. Embora muitos só olhem o preço cobrado nos planos, é importante de avaliar outras características como a variedade de músicas na biblioteca de cada plataforma, a interface, os recursos de reprodução, entre outras. Se o aplicativo não estiver devidamente configurado, isso também influenciará na experiência obtida, sendo outro aspecto a ser considerado também.

Qual tem a melhor biblioteca de música?

Qobuz ou Tidal valeria mais a pena em termos biblioteca de música, interface, qualidade de áudio, preço, entre outros aspectos. Fonte: Vitor Valeri
Qobuz ou Tidal valeria mais a pena em termos biblioteca de música, interface, qualidade de áudio, preço, entre outros aspectos. Fonte: Vitor Valeri

Atualmente, o Tidal possui uma biblioteca com aproximadamente 100 milhões de músicas, de acordo com a página sobre a empresa. Já a Qobuz conta com 90 milhões de músicas, segundo o artigo intitulado de "A experiência Qobuz" na página de suporte da companhia. Porém, não é correto comparar as plataformas somente por quantidade, pois há álbuns e artistas desconhecidos que encontrei em um aplicativo, mas não no outro e vice-versa. Além disso, como cada pessoa possui um gosto diferente, a tarefa de determinar qual é a melhor biblioteca de faixas fica ainda mais complexa.

Caso queira saber se no outro serviço de streaming as músicas que você "curtiu" ("favoritou") e/ou tem salvas em playlists (listas de reprodução) estão lá, basta utilizar serviços dedicados para a transferência destas informações de uma plataforma de streaming para a outra. Em nosso tutorial ensinamos como fazer esse procedimento.

Quais as diferenças na interface dos aplicativos atualmente?

A página inicial dos aplicativos do Tidal e da Qobuz para celular claramente possuem propostas diferentes ao visualizá-la no topo, que é a visão do usuário ao abrir o app. Enquanto no app Qobuz nota-se que o conteúdo é voltado para a descoberta de novos artistas e álbuns, no Tidal você se depara com músicas que foram tocadas recentemente em destaque, com uma seção chamada "para você" logo abaixo. A meu ver, isso exemplifica realmente o objetivo de cada uma das plataformas, pois percebi que descobri mais músicos e álbuns utilizando o Qobuz enquanto o Tidal eu passei a utilizar mais para revisitar obras já conhecidas.

Tela inicial do Tidal a esquerda e do Qobuz a direita. Fonte: Vitor Valeri
Tela inicial do Tidal a esquerda e do Qobuz a direita. Fonte: Vitor Valeri

Na tela de reprodução, a impressão que tive foi de um visual mais "clean" (limpo) no app Qobuz enquanto no Tidal é "poluído" com diversas opções para selecionar. Embora isso não queira dizer que um seja melhor do que o outro, é algo que pode ou não agradar aqueles que gostam de apreciar a capa do álbum que está sendo reproduzido no momento. Inclusive, a arte no aplicativo Qobuz para Android é maior que no do Tidal.

Tela de reprodução do Qobuz a esquerda e do Tidal a direita. Fonte: Vitor Valeri
Tela de reprodução do Qobuz a esquerda e do Tidal a direita. Fonte: Vitor Valeri

Caso você queira acessar os créditos do artista, banda ou conjunto o Tidal é melhor neste sentido. O símbolo "i" de informação na tela de reprodução deixa claro que ali se acessará os créditos do que está sendo reproduzido. Já no Qobuz, o usuário tem que adivinhar que ao tocar na seta discretamente apontada para baixo, localizada embaixo da tela, aparecerá o crédito da música.

Outro ponto a ser levado em consideração é o acesso os botões adicionar a playlist, compartilhar, ver álbum, ver artista, entre outros. Para acessar esse menu, os três pontos verticais estão mais bem posicionados no Tidal, onde estão localizados no meio da tela do lado direito, próximo ao alcance do polegar. No caso do Qobuz, estes pontos ficam embaixo do lado direito.

Opções mostradas ao selecionar o botão com três pontos na vertical - Qobuz a esquerda e Tidal a direita.
Opções mostradas ao selecionar o botão com três pontos na vertical - Qobuz a esquerda e Tidal a direita. Fonte: Vitor Valeri

No caso do botão para alterar a playlist que está sendo reproduzida, simplesmente não existe essa opção na tela de reprodução do Qobuz. Somente no Tidal é possível acessar o recurso diretamente na tela de reprodução através do botão de três linhas horizontais. No caso do Qobuz, é necessário sair da tela de reprodução, selecionar "minha Qobuz", tocar em "minhas playlists", escolher a desejada, tocar nos três pontos horizontais e selecionar "alterar as faixas".

Opções de alteração da playlist que será reproduzida - Tidal a esquerda e Qobuz a direita.
Opções de alteração da playlist que será reproduzida - Tidal a esquerda e Qobuz a direita. Fonte: Vitor Valeri

O acesso a biblioteca de músicas, álbuns, artistas e playlists é diferente no Qobuz. Ao invés de ficar tudo em uma mesma seção, as playlists possuem uma página dedicada a elas, separado dos artistas, músicas e álbuns favoritos. No caso do Tidal, tudo é junto.

As opções de filtros para localizar títulos de álbuns, músicas ou artistas é semelhante no Qobuz e no Tidal, podendo escolher por ordem alfabética, artista e data de lançamento. Entretanto, toda vez que seleciono para voltar em "Minha Qobuz" nas guias, o app mostra o que eu tinha acessado anteriormente, ao invés de acessar o menu principal. No Tidal, não há esse problema.

Exibição dos álbuns, artistas e playlists de cada serviço - Qobuz a esquerda e Tidal a direita.
Exibição dos álbuns, artistas e playlists de cada serviço - Qobuz a esquerda e Tidal a direita. Fonte: Vitor Valeri

Qual dá melhores indicações de músicas, álbuns e artistas?

Como disse no início, eu achei a indicação de músicas, álbuns e artistas do Qobuz melhor que do Tidal. O maior motivo para haver essa superioridade são as playlists criadas pela curadoria humana da Qobuz, ou seja, ao invés de utilizar algoritmos para escolher músicas (caso do Tidal), são pessoas que selecionam o que elas acham melhor de se ouvir de acordo com a temática da lista de reprodução.

Para saber como descobrir novas músicas e artistas no Qobuz e no Tidal, há dois artigos mostrando a melhor forma de se fazer isso, onde a forma do primeiro serviço de streaming é diferente da do segundo.

Há como armazenar músicas offline localmente nos dois serviços?

Sim, ambos os aplicativos permitem o armazenamento de músicas offline no dispositivo logado. Desta forma, é possível ouvi-las mesmo quando não se está conectado à internet. Entretanto, é importante salientar que elas estarão disponíveis somente no dispositivo que se realizou o download, ou seja, se você realizar o download das faixas no seu celular, elas não irão aparecer no seu notebook.

Há diferenças na versão para Android do Tidal e Qobuz?

Sim, enquanto o Tidal consegue nativamente reproduzir em bit perfect [1] as músicas em celulares (Android e iOS) e computadores (Windows e macOS), o Qobuz necessita do aplicativo USB Audio Player Pro (UAPP) para obter a reprodução das faixas sem a interferência do sistema operacional Android.

No caso dos DAPs (Digital Audio Players) com Android, como eles possuem alterações no sistema operacional para permitir a reprodução sem alterações na transmissão, há uma diferença comparado aos smartphones Android. Ao conectar os fones diretamente nas saídas de 3,5mm, 4,4mm ou 2,5mm do DAP, o Qobuz reproduz em bit perfect.

Entretanto, ao ligar o DAP via USB a um DAC [2], aí necessita de outro app (UAPP no caso). Já o Tidal, não tem este problema e reproduz com bit perfect de forma nativa ao conectar o DAP via USB a um DAC externo.

Quando vamos para a versão do Tidal e do Qobuz para desktop, ambos consegue entregar o bit perfect através do driver de áudio WASAPI (exclusive mode).

[1] Artigo sobre o bit perfect e o streaming de música lossless

[2] Artigo sobre o que é um DAC/amp e um DAC

Qual possui a qualidade de música maior? Qobuz ou Tidal?

Após configurar corretamente os aplicativos no Qobuz e no Tidal em um computador com Windows, notei que o Qobuz apresentou médios agudos mais elevados, dando mais "ar" e "brilho" à música, enquanto os médios graves se apresentavam de forma mais recuada, retirando o preenchimento e impacto dos graves presente na faixa. Descobri isso ao fazer um A/B com a mesma faixa sendo reproduzida no aplicativo MusicBee, onde neste caso o arquivo foi "ripado" para FLAC por mim através da mídia física que comprei. Ao reproduzir o mesmo álbum no Tidal, notei uma semelhança maior no som do arquivo tocado no player MusicBee, que executou as faixas em FLAC ripadas do CD físico.

Preço

Considerando preço do plano mais básico do Tidal, o Qobuz fica em desvantagem, pois enquanto ele cobra R$ 25,90/mês no plano individual, seu concorrente cobra R$ 21,90. Porém, no plano mais em conta do Tidal, a qualidade equivalente à de um CD (16-bits/44,1 KHz) enquanto no Qobuz se tem acesso à faixas com até 24-bits/192 KHz. Somente ao assinar o Tidal Hi-Fi Plus, que custa R$ 33,80/mês, será concedido o acesso ao "FLAC Hi-Res", recentemente implementado pela empresa para substituir o formato MQA.