E um dos pontos tratados, na entrevista, eu esqueci-me completamente de mencionar no artigo anterior.É a perspectiva da inovação aberta com a participação do cliente, usuário do produto ou serviço. O usuário é um ator fundamental e tem que ser ouvido. Com a velocidade com que se desenvolve o mercado e a tecnologia, as empresas, internamente, não têm condições de acompanhar esse desenvolvimento e manterem-se competitivas.
A única forma é desenvolverem uma “co-inovação”, isto é, partirem para a visão da inovação aberta. Embora o discurso seja bonito, segundo o Prof. von Hippel, ainda existe uma resistência interna muito grande, nas empresas, para aderir a esse modelo. Isto é relacionado à cultura organizacional e aos temores em relação à mudança que provocará em toda a estrutura e processos da empresa.
Com a Internet, as redes sociais ou os “grupoware” (quando várias pessoas se juntam para discutir ou desenvolver um tema, por exemplo no Ning) os usuários ou interessados em um assunto discutem e sugerem alternativas, novas soluções, melhorias, cooperam e colaboram entre si, etc., isto é, desenvolvem uma inteligência coletiva poderosa que qualquer empresa “inteligente” não pode mais negligenciar.
Insights que um usuário pode ter, podem levar anos para que a empresa tenha a mesma ideia ou que chegue a essa mesma conclusão, logo, poupará recursos se criar um canal direto com seu usuário e prestar uma REAL atenção no que o seu cliente diz.
Uma outra perspectiva, que por acaso não ouvi nessa entrevista, mas que acabei de lembrar-me é sobre a co-criação de valor entre empresas competidoras. Este aspecto foi desenvolvido por Prahalad e Ramaswamy, no livro O Futuro da Competição, em 2004.
Existem várias formas de cooperar, mesmo entre competidores, sempre acreditei nisso, mas não tive a grata de satisfação de conseguir viabilizar isso. Sempre que tentei, os olhares que recebia eram de que “esse cara é louco”…
Esta perspectiva de cooperação, principalmente na área comercial, é mais do que importante para as pequenas e medias empresas, cujos recursos são escassos e, se não juntarem esforços, a possibilidade de atingirem o mercado global ficará prejudicada, ou mesmo inviabilizada.
Fazendo uma analogia, o que acontece é o chamado “dilema do prisioneiro”, da teoria dos jogos. Sucintamente, se eu entregar o outro primeiro, eu saiu ganhando, logo, os dois entregam o parceiro e os dois saem perdendo. Ou, nenhum dos dois “abre o bico” e os dois “perdem menos” (melhor condição).
O que acontece, geralmente, no mercado, é que os dois (ou três ou mais) saem perdendo porque não “conversam”.
Mas, para que tal procedimento funcione, a ética e transparência são fundamentais, a “lei de gerson” não pode constar do dicionário. E, claro, esta interatividade não pode ser confundida com carteis ou monopólios. Até parece que estou falando de “mundos utópicos”, mas a esperança é a última que morre…
Bom, para não estender mais o assunto:
O site do Prof. Eric von Hippel merece uma leitura, para quem se interessa por inovação e empreendedorismo.
E também dois livros que o professor disponibilizada segundo a Creative Commons Licence e que podem ser baixados nos links abaixo:
Democratizing Innovation
The Sources of Innovation
Boa Leitura!