8. Superando as barreiras organizacionais, o Quinto Princípio
Depois de se ter definido a estratégia oceano azul e se verificado que está de acordo com a idéia (visão) oceano azul, agora é necessário implementar a estratégia. Sua execução é, também, um desafio e alguns pontos devem ser analisados, isto, porque existirão algumas barreiras que deverão ser suplantadas.

Um é o fator cognitivo, o qual é a resistência a mudanças. As pessoas gostam do status quo, isto é, elas estão adaptadas e acostumadas a um ambiente que conhecem e controlam. Qualquer mudança, que as tire da zona de conforto, gerará uma resistência natural. Elas precisam ser conscientizadas da importância dessa mudança estratégica e de sua necessidade.

O segundo ponto é a limitação de recursos. Usualmente, quanto maior é a mudança, maior é a necessidade de recursos. Mas isso não é a realidade no contexto da idéia oceano azul. Em verdade, é exatamente o contrário, o que, a idéia oceano azul, propõe.

O terceiro ponto é o de motivação. É importante ter as figuras principais motivadas, isto é, os elementos da organização que têm perfil de líderes, os que são líderes naturais formais e informais. Tendo esses colaboradores motivados a mudança, ou as mudanças, para alterar o status quo, ocorrerão mais facilmente e mais rapidamente.

O último ponto é o relacionado com política. Parafraseando os autores, do livro Blue Ocean Strategy, quando fazem referência à frase de um administrador, que eles ouviram durante suas pesquisas: “Na nossa organização, você é “abatido”, mesmo antes de se levantar.” Isto diz tudo sobre o aspecto da política.

9. Desenvolvendo a execução com da estratégia, o Sexto Princípio
A organização e o conjunto de todas as pessoas desde a direção até à linha de frente. Isto significa que a organização é feita de pessoas e que todos são importantes. Logo, todos precisam estar alinhados com a estratégia e apoiá-la.

É fundamental criar uma cultura de confiança e comprometimento, para implementar a estratégia definida e desenvolvida em consenso. Isto não é executado ou definido em um documento, mas sim com o alinhamento do espírito e mente das pessoas, com a nova estratégia.

O objetivo deste princípio é mitigar o risco e a desconfiança, a não cooperação e, até mesmo, a sabotagem.

Um aspecto fundamental é que os processos precisam ser transparentes e justos.

Um processo justo e as implicações relacionadas com as atitudes e comportamento:

  • Um processo justo de formulação da estratégia: precisa ter engajamento, explicação e claridade nas expectativas de resultados.
  • Sobre as atitudes advindas de um processo justo: geram confiança e comprometimento, por exemplo: “Eu sinto que minha opinião conta.”
  • Sobre comportamento em um processo justo: a cooperação é voluntária, por exemplo: “Eu irei além dos meus deveres.”
  • Sobre a execução da estratégia: ela excede as expectativas e é auto-iniciada por meio do comprometimento de todos os envolvidos, sobrepondo os interesses da organização aos pessoais, tendo vistas para uma perspectiva futura, mesmo que, no curto prazo, isso represente um sacrifício pessoal, para atingir esses objetivos.

Um ponto importante a destacar é o princípio dos três “Es” para se ter um processo justo:
  • Engajamento: envolve os indivíduos nas decisões estratégicas, que os afetam.
  • Explicação: todos os envolvidos e afetados devem entender as decisões estratégicas finais.
  • Expectativas clarificadas: os líderes devem deixar claro as novas regras. Devem estar claros os objetivos e metas a serem atingidas, as responsabilidades, o indicadores chave dos processos, os padrões a serem seguidos e, também, as penalidades por não se atingirem os objetivos e metas.

Uma interessante comparação entre um processo justo e um injusto:
  • Processo justo: reconhecimento emocional e intelectual – confiança e comprometimento – cooperação voluntária.
  • Processo injusto: indignação emocional e intelectual – desconfiança e ressentimento – recusa a executar.

Um último comentário sobre comprometimento, confiança e cooperação, são difíceis de medir e monitorar, são capital intangível.

10. Conclusões finais
A criação de oceano azul é um processo dinâmico. Cedo ou tarde, a competição aparecerá. As últimas colocações, abaixo, focam na sustentabilidade e renovação da estratégia oceano azul.

Alguns pontos, a considerar, sobre as barreiras contra a imitação:
  • O movimento (mudança) para um valor de inovação não faz sentido se for baseado em uma lógica de uma estratégia convencional.
  • Um conflito de imagem da marca, em relação à competição e ao padrão da indústria, previne a imitação, pelos competidores.
  • Um monopólio natural bloqueia a imitação, quando o tamanho do mercado não suporta mais um competidor.
  • Patentes permitem o bloqueio de imitações.
  • Alto volume gerado pela inovação leva a vantagens de custo e coloca os competidores em desvantagem em relação ao custo.
  • Externalidades (divulgação boca a boca, redes sociais e profissionais, entre outros meios de divulgação) da rede também bloqueiam as organizações (competidores) de facilmente e credivelmente imitarem a estratégia oceano azul.
  • Imitações requerem alterações substanciais e investimento, que podem levar anos.
  • A oferta de um salto de valor (um valor adicionado maior) rapidamente cria uma propagação, pela rede, da imagem da marca e uma subseqüente lealdade.

O que deve, sempre, estar claro:
Não existe uma indústria (mercado) excelente, permanentemente (ou eterna).

Não existem companhias excelentes, permanentemente (ou eternas).

Ou seja, o mercado é dinâmico e em constante mudança e evolução, e as companhias têm que ser, também.

Notas:
Na parte final do livro Blue Ocean Strategy podem ser encontrados casos de estudo sobre a indústria automobilística, de computadores e de cinemas.

Próximo post terá um link para ter acesso ao download do resumo da estratégia oceano azul, em pdf.
Referência: Kim, W.Chan. Mauborgne, Renée. Blue Ocean Strategy.