A Uber dispensou recentemente 1600 motoristas, um total de 0,16% do 1 milhão de parceiros que o aplicativo de transporte tinha no Brasil. A causa de tantas exclusões no quadro da empresa é conhecida pelos usuários: Os constantes cancelamentos de corridas, como falei com mais detalhes no artigo abaixo.

Em busca de uma corrida mais lucrativa, os motoristas estavam literalmente escolhendo quem iriam transportar. Entretanto, a Uber refuta a informação. Para o cliente que busca por transporte, na prática, o quadro da Uber que já era deficitário, está menor ainda, o que muitas vezes torna difícil encontrar um motorista para a sua corrida. Porém, usuários relatam que houve significativa diminuição dos cancelamentos.

Abaixo você confere o posicionamento da empresa Uber e também da entidade de classe dos motoristas de aplicativo de São Paulo.

O que dizem os motoristas

Muitos motoristas alegam que a atitude da empresa não foi justa. Isso porque os colaboradores alegam que nos últimos tempos, ficou difícil ter lucros ao transportar pessoas com a Uber. Em primeiro lugar, podemos citar os altos preços dos combustíveis. Em alguns lugares do Brasil, a gasolina chega a custar R$ 7 o litro.

Na prática, o custo com combustível consome de 40% a 50% do gasto total do motorista. Além disso, para muitos parceiros, ainda há o custo do aluguel do automóvel, que também sofreu alta nos últimos meses.

Mas para além disso, existem outras reclamações. De acordo com os motoristas, em alguns casos é necessário se deslocar até 10 quilômetros para pegar o passageiro. Muitas vezes, o trajeto que o passageiro fará não cobre o custo de deslocamento do motorista.

Os parceiros reclamam que o custo desse deslocamento sai do bolso do motorista, e a Uber não ajuda em nada nessa parte. A Uber alega que o problema é devido a alta demanda de passageiros para o número de motoristas.

Além disso, os motoristas reclamam que em alguns casos eles optam pelo cancelamento devido ao trajeto envolver áreas de risco, como em muitas perifirias brasileiras, especialmente à noite.

De acordo com a Associação de Motoristas de Aplicativos de São Paulo - Amasp, em entrevista ao G1, a Uber baniu um numero "exorbitante"de parceiros. A entidade da classe falou em 15 mil motoristas, número que foi corrigido posteriormente pela Uber.

Além disso a entidade ainda alega que é necessário escolher as corridas por causa do valor da gasolina em contrapartida com a falta de reajuste desde 2015. A Amasp acha a punição injusta.

"Não podemos nos dar ao luxo de realizar tudo o que aparece, pois iremos pagar para o passageiro chegar ao seu destino, e não podemos ser punidos por isto".

O que diz a Uber sobre os cancelamento de corridas

De acordo com a Uber, o motorista consegue visualizar antes de aceitar a corrida, qual o trajeto a ser feito. Por isso, a plataforma removeu os motoristas que cancelavam corridas após terem sido aceitas.

De acordo com a nota divulgada pela Uber sobre a exclusão dos colaboradores, "os motoristas parceiros são profissionais independentes e, assim como os usuários, podem cancelar viagens quando julgarem necessário".

Mas a empresa alega que o que estava havendo eram cancelamentos de forma abusiva, e que cancelamentos excessivos ou para fins de fraude violam o Código da Comunidade.

"O abuso no cancelamento de viagens não tem nada a ver com a liberdade do motorista parceiro de recusar solicitações. Na Uber, o motorista é totalmente livre para decidir quais solicitações de viagem aceitar e quais recusar. A conexão entre parceiro e usuário — quando nome, modelo e placa do carro são compartilhados e o usuário recebe a confirmação de que o motorista está a caminho — só ocorre depois do motorista ter conferido as informações da solicitação (tempo, distância, destino etc) e decidido aceitar a realização da viagem".

A empresa informou no comunicado que "dos cerca de 1 milhão de motoristas e entregadores parceiros cadastrados na Uber, 0,16% do total apresentaram — de maneira recorrente — comportamentos que prejudicam intencionalmente o funcionamento da plataforma".

A Uber ainda diz que "a prática de cancelar diversas viagens em sequência logo após terem sido aceitas prejudicam negativamente todos que usam a plataforma".

Reajuste não compensa, diz presidente da Amasp

Em nota, a Uber diz que tem intensificado seus esforços para ajudar os motoristas parceiros a reduzirem seus gastos. A empresa cita parcerias com desconto em combustíveis e reajustes nas monetizações em diversas cidades brasileiras. "Na região metropolitana de São Paulo, por exemplo, os valores de ganhos com viagens UberX foram reajustados em até 35%".

Entretanto, a Amasp refutou a alegação da Uber. De acordo com o presidente da entidade, Eduardo Lima de Souza, o reajuste é bem inferior ao que a classe necessita, nao sendo necessário para suprir ou amenizar a situação financeira enfrentada pelos motoristas.