O Telegram está prestes a ser suspenso no Brasil. Uma ordem judicial emitida nesta quarta-feira (26) determinou a remoção imediata do app das lojas de aplicativos e operadoras de telefonia. A justificativa para essa medida é que a empresa não forneceu à Polícia Federal os dados referentes a grupos neonazistas, dificultando a investigação do ataque em uma escola em Aracruz, onde um jovem de 16 anos matou quatro pessoas.

Telegram será suspenso no Brasil

De acordo com informações divulgadas pela Diretoria de Inteligência da PF, a medida foi comunicada às operadoras de telefonia Vivo, Claro, Tim e Oi, bem como às empresas Google e Apple, responsáveis pelas lojas de aplicativos Play Store e App Store, que receberam um ofício a respeito da suspensão do Telegram ainda hoje, quarta-feira, dia 26.

O caso entre o Telegram e a Polícia Federal teve início na última sexta-feira, dia 21, quando a empresa cedeu parcialmente os dados solicitados pela corporação, após uma intervenção do judiciário. No entanto, a polícia solicitou que fossem fornecidos os dados e contatos dos administradores e membros de um grupo com conteúdo neonazista, o que não foi atendido pelo Telegram, que se recusou a fornecer os números de telefone.

Diante da recusa da empresa, a Justiça determinou a suspensão do aplicativo e ainda ampliou a multa de R$ 100 mil para R$ 1 milhão por dia de descumprimento da ordem. Até o momento, o Telegram não emitiu nenhum comunicado a respeito do caso.

Investigação de grupos antissemitas

Recentemente, a Polícia Federal descobriu que o jovem de 16 anos responsável pelo ataque em uma escola em Aracruz tinha conexões com grupos neonazistas no Telegram, que promoviam conteúdos antissemitas. Como resultado, a polícia solicitou à plataforma que fornecesse os dados dos administradores e membros do grupo para determinar possíveis conexões e influência no incidente em questão.

O Ministério da Justiça está investigando o envolvimento de grupos extremistas em casos de violência em escolas, após o incidente em Aracruz. O governador do Maranhão, Flávio Dino, ordenou uma investigação sobre células que defendem o nazismo no início de abril. Durante uma coletiva de imprensa após um caso de violência em uma creche em Blumenau, ele afirmou que a Polícia Federal descobriu conexões entre grupos neonazistas e adolescentes influenciados a cometer violência em escolas.

Essa preocupação levou a uma série de operações da Polícia Federal. Até o momento, três casos foram identificados, como o de um adolescente em Monte Mor, interior de São Paulo, que tinha vários objetos nazistas e uma réplica de arma de fogo em sua casa. Um outro adolescente no Piauí também foi identificado através de grupos nazistas nas redes sociais pelo Ministério da Justiça. Ele foi encontrado com símbolos nazistas e uma faca. No Rio Grande do Sul, outro adolescente foi apreendido com símbolos nazistas após ser rastreado em grupos de discurso de ódio nas redes sociais.