E os leilões de frequência para a rede 5G no Brasil seguem sendo adiados. Nesse passo, a previsão é que o 5G só chegue efetivamente por aqui entre o final de 2021 e 2022, claro, se novos problemas não surgirem.

É verdade que estão sendo realizados testes aqui no Brasil por empresas, mas a implementação efetiva não está assim próxima. Acontece que existem conflitos entre frequência usadas pelo 5G e frequências usadas por aqui para outras coisas, como o 3,5GHz que se usa atualmente na transmissão de TV parabólica.

A previsão é do próprio ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, confirmando que devemos esperar o 5G para daqui cerca de dois anos ainda. Essas informações vieram de uma entrevista concedida pelo ministro à Folha de São Paulo e ao Uol. Mas também veio uma boa informação, de que o Brasil não irá ceder à pressão estadunidense para que não deixemos empresas chinesas, como a Huawei, participar do leilão do 5G no país. Isso acarretaria em menor competição e possivelmente menor arrecadação, além de que foi a Huwei a desenvolvedora da rede 4G

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo e UOL, o assunto foi debatido pelo ministro. Ao ser questionado sobre a chegada do 5G ao Brasil, o ministro não deu nenhuma data específica, mas disse apenas que ele deve ser lançado até o início de 2022. Recentemente, Pontes declarou que o Brasil não aceitaria a pressão dos EUA para limitar a participação da chinesa Huawei no leilão do 5G.

As maiores dificuldades

Como mencionado anteriormente, a maior dificuldade que a implementação do 5G enfrenta por aqui é a interferência na frequência 3,5 GHz utilizada pelo 5G que já é utilizada por aqui pela TV aberta em antenas parabólicas. Por isso foi adiado o leilão que havia sido marcado para março de 2020, para somente 2021. Até lá, se espera que problemas operacionais como esse sejam resolvidos.

Na entrevista, o ministro Pontes ainda afirmou que mesmo que exista a possibilidade de implementar a rede 5G para depois resolver todos problemas operacionais e técnicos, o governo brasileiro afirma preferir fazer a ordem contrária. Portanto, até que esses problemas sejam resolvidos, não veremos o 5G por aqui.

Já quanto às empresas que poderão manejar o 5G aqui, depende do resultado das vendas de frequência, porém, a Huawei é extremamente provável de entrar no 5G Brasil, assim como a Nokia, duas empresas que investem muito no ocidente. Para a Huawei é ainda estratégico se consolidar no mercado Latino Americano por conta dos embargos americanos.

CNI quer acelerar processo

Ontem, porém, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) anunciou que pedirá urgência para o governo na regulamentação da chamada Lei de Antenas, que deverá viabilizar o 5G por aqui. Essa lei promete desburocratizar a instalação de equipamentos que ampliam a estrutura de telecomunicações. Se isso acontecer, o 5G terá plenas condições de ser instalado e propagado por todo o país.

Atualmente, o 5G é funcional em alguns lugares dos EUA e do Reino Unido e completamente na Coréia do Sul. Nesse pedido de urgência, a CNI ainda deverá pedir a criação de um órgão que ficaria responsável pelo processo de licenciamento de antenas nos municípios.

"É importante também que o decreto estabeleça a chamada autorização tácita, com prazo máximo de 60 dias para emissão de licenças de liberação para instalação de antenas. Assim, o município terá de analisar rapidamente os pedidos. Se não houver respostas, entende-se que a autorização está dada", argumentará a CNI ao governo, segundo o G1.

Talvez nem em 2 anos

O 5G, assim como o 4G e 3G, depende de sinais de ondas de rádio transmitidas por antenas para os aparelhos celulares. A criação da infraestrutura necessária para tudo isso, porém, poderia sofrer impasses entre governos federal e municipais, como teme a CNI.

No final das contas, o Brasil não será um dos primeiros países a estar com o 5G funcionando plenamente. Mesmo que tudo ocorra como o planejado e em 2022 tenhamos a rede móvel de quinta geração funcional por aqui, deverá ainda demorar a se expandir para fora dos principais centros urbanos. Lembrando que mesmo com 5G existente, para que o sinal não seja mínimo, ausente e problemático para usuário, devemos garantir que exista infraestrutura decente e livre de interferências. Por isso, mais adiamentos ainda são possíveis.

Por fim, celulares que comportam 5G nem chegaram ao Brasil oficialmente ainda, e os que existem importados são caríssimos lá fora e exponencialmente mais caros por aqui. 5G é uma realidade distante ainda para nosso cotidiano. Por hora o 4G e "4.5G" terão de dar conta do recado.