Estamos no verão, tá MUITO quente ultimamente. Algumas pessoas tem ar condicionado, outras tem que se contentar com o clássico ventiladorzinho. Mas no meio do inferno que é esse calor brasileiro, surge a seguinte questão: será que eu posso usar o meu celular nessa temperatura sem danificá-lo? Ou melhor, será que eu posso jogar sem me preocupar com lentidão, superaquecimento e algum possível prejuízo com o aparelho? É o que vamos descobrir hoje em mais um teste exclusivo do Oficina da Net.

Tem diferença entre jogar no calor e jogar no frio?

Há uns tempos eu estava com o Luis no escritório, batendo um papo, quando surgiu o seguinte questionamento: levando em conta que um computador tem a sua performance afetada nos períodos mais quentes do ano, dependendo de como ele é refrigerado nos períodos normais, será que com um celular é a mesma coisa? Será que um calorzão de 38°C diminui a sua taxa de quadros nos joguinhos?

Com essa ideia na cabeça, selecionamos dois ambientes distintos, 3 smartphones diferentes e um jogo pesado para averiguar a teoria.

  • O primeiro teste ocorrerá no fresquinho do nosso escritório, com o ar ajustado para os 16°C (os aparelhos muito provavelmente vão estar em 22, 23°C na superfície, já que um celular esquenta um pouquinho, nem que esteja só na mesa parado).
  • O segundo teste vai ser o modo hardcore da coisa, onde eu vou para o lugar mais quente da empresa, sem ar condicionado e começo a jogar e medir a temperatura.

Xiaomi POCO F4 GT

POCO F4 GT
POCO F4 GT

❄️ Frio ❄️

O POCO F4 GT é um aparelho topo de linha da Xiaomi e possui o processador Snapdragon 8 Gen1. No primeiro teste, o do frio, esse carinha cravou na temperatura mínima de 22°C, assim como todos os outros aparelhos que testamos nessas mesmas condições.

Partindo para os números, o F4 GT atingiu a marca de 38°C, com a média de 44 frames a 100% de estabilidade, tudo isso nos gráficos máximos, só para lembrar. Então, o que dá para entender disso é que o celular da POCO elevou bastante a sua temperatura, mesmo estando em um ambiente frio, porém isso não prejudicou a performance do mesmo, já que apesar do smartphone ter ficado quentinho, não perdemos nada.

🔥 Calor 🔥

No ambiente quente é que as coisas mudam de face, já que aqui, além de eu ter fritado completamente para realizar os testes, o POCO X4 GT perdeu um pouco do seu brilho.

Com uma temperatura inicial de 36°C, o queridíssimo marcou a média de 36 quadros, com 100% de estabilidade. A temperatura final do X4 GT foi de 49°C, simplesmente o celular que mais esquentou do nosso teste.

O POCO F4 GT, após ser exposto às altas temperaturas, teve um decréscimo de 18% na sua performance, o que em números pode não parecer muito, porém na prática pode significar uma jogatina bem menos satisfatória.

Realme 9 Pro+

Realme 9 Pro Plus
Realme 9 Pro Plus

❄️ Frio ❄️

O Realme 9 Pro+ foi uma escolha um pouquinho mais modesta para o teste, considerando que esse é um aparelho intermediário, com um bom custo-benefício.

Ele tem dentro de si o processador Dimensity 920 e iniciou a primeira etapa com a temperatura inicial de 22°C, atingindo a máxima de 40°C. A taxa de quadros média do Realme em um ambiente fresco foi de 34 FPS a 97% de estabilidade, com todos os gráficos maximizados no Genshin.

🔥 Calor 🔥

No teste de fogo, o Realme 9 Pro+ teve um resultado um tanto preocupante por conta do baixo desempenho.

O mesmo fez 25 frames de média apenas, com 93% de estabilidade, isso é uma perda de 26% da performance por conta de uma alta temperatura. Alta temperatura essa que, inclusive, foi de 36°C para 45°C, um acréscimo de 9°C.

Motorola Edge 30 Ultra

Motorola Edge 30 Ultra
Motorola Edge 30 Ultra

❄️ Frio ❄️

O último aparelho que testamos é provavelmente o mais potente da nossa lista, já que fazendo o uso do Snapdragon 8 Plus Gen1, ele eleva completamente o patamar.

No teste em temperatura fria o Edge 30 Ultra iniciou 22°C em sua superfície, finalizando em 37°C, com um desempenho médio de 48 FPS a 100% de estabilidade.

🔥 Calor 🔥

Já no calorzão infernal, o Edge 30 ultra foi de 36°C iniciais para 46°C, tendo assim uma variação de 10°C. Quanto à performance, não temos do que reclamar, porque esse aqui foi o único aparelho que praticamente não teve perda de fluidez.

Com 47 FPS de média e 99% de estabilidade, consideramos o número levemente inferior como somente uma margem de erro, porque em questão de gameplay, tudo ocorreu exatamente como o esperado.

Conclusão

Então, crianças, o que deu para aprender com esse tanto de informação e testes? O gargalo, como chamamos, ocorre de verdade, porém é realmente necessário um calor muito intenso para prejudicar o desempenho dos smartphones mais potentes. Nos intermediários o impacto pode ser visto mais cedo, sem precisar de tanto calor, já que a performance diminui consideravelmente logo quando o celular começa a esquentar bastante.

Beleza, vou te mandar a real, a gente não testou em um calor debaixo do sol por motivos óbvios. Ninguém em sã consciência vai para o pátio, às duas da tarde, debaixo de um solaço para jogar Genshin Impact, então nos mantivemos apenas em um ambiente realista, que foi a cozinha da empresa, onde entra uma quantidade considerável de luz pela janela, sem ser nenhuma estufa e tal… Enfim, é a mesma coisa que uma sala ou um quarto de uma casa comum do Brasil. Nessas situações você vai querer jogar com um ventilador do lado, ou até ir para um local onde circula vento, porque além do desempenho porco, você também terá que lidar com a tela pegando fogo e queimando os dedos, principalmente se o celular em questão tiver o frame, a moldura, em alumínio.

PORÉM, tudo isso deve ser desconsiderado se o jogo que você joga não puxa muito do celular, se for um game leve, digo. Nesse caso, a temperatura não vai te afetar em nada em questão de performance, apenas fisicamente, torrando a ponta dos seus dedinhos. Em suma, não joguem no celular em um dia de calor infernal como vem fazendo nos últimos tempos e, se forem, façam questão de estar em um local que pega o mínimo de vento, ou do lado de um ventilador, que seja.