O Moto E6 Plus é daqueles aparelhos que engrossam o caldo de lançamentos em número um tanto quanto exagerado da Motorola. Desembarcou no Brasil em setembro de 2019 por 899 reais, o que, na atual realidade, o posiciona como um produto acessível. Entretanto, com a grande quantidade de opções disponíveis, os desafios nessa categoria são enormes, e a tarefa de se sobressair está longe de ser fácil para este smartphone.

Design e construção

Depois de usá-lo como meu único dispositivo, julgo que ele entrega o esperado com alguma competência. O design, por exemplo, é atraente, com traseira em plástico brilhante que lembra o vidro de modelos chineses como o Mi 9, da Xiaomi. O leitor de digitais é bem posicionado e, embora não seja dos mais velozes, funciona bem. A tela LCD joga com o regulamento embaixo do braço, e traz qualidade dentro dos padrões, além de ter formato nos conformes para o final de 2019 e início de 2020, com pequeno recorte na parte superior e bordas reduzidas, embora ainda bem marcadas, embaixo.

Um ponto que chamou muito minha atenção foi sua leveza. São menos de 150 gramas num design relativamente fino, o que resulta em bastante conforto ao manuseá-lo. Embora a traseira possa ser um pouco escorregadia, a Motorola felizmente incluiu uma capinha de TPU na embalagem, o que ajuda também na conservação do fundo brilhoso, que é imã de marcas de dedo e de arranhões. Aos que estão se perguntando, sim, também acompanham fones de ouvido.

Fundo brilhoso do E6 Plus.
Fundo brilhoso do E6 Plus.
Me incomodou um pouco o fato de que este ainda é um smartphone que usa plug micro USB para carregamento e transferência de dados. Nenhum grande impacto no uso diário, mas já estamos em um ponto em que a migração para o mais novo USB Type-C se acelera. Tive que adicionar um cabo micro USB à minha mesa especialmente para este aparelho. Outro detalhe meio oldschool e que pode agradar é o fato de que a traseira deste telefone é removível, permitindo a substituição da bateria com facilidade.

Motorola Moto E6 Plus - Veja aqui a ficha técnica completa

Performance e sistema

Equipado com um chip Helio P22 da Mediatek e 4GB de memória RAM, o E6 Plus não é um Fórmula 1. No cotidiano, é possível perceber que, por vezes, ele pede meio segundo a mais para abrir apps pesados, e não é super veloz na troca rápida entre aplicações. Depois de 15 dias de uso, uma leve queda no desempenho inicial foi percebida, mas este sou eu sendo detalhista. Em geral, é possível afirmar não temos aqui um dos chamados "celulares que travam", já que o manejo dos programas é, sim, feito com decência. O aviso sobre ele não ser um Fórmula 1 vale para os aficionados por performance; estes podem sentir limitações se mantiverem altas expectativas.

A observação se estende para o desempenho em jogos. Ficou a impressão de que o processador empregado pode não usufruir da melhor otimização possível em títulos pesados. Alguns games com gráficos intensos até rodaram bem, mas outros famosos, como o Asphalt 9, apresentaram perda de fluidez maior que o esperado durante a ação. Títulos mais simples, à Candy Crush, rodam sem problemas.

Um Android com interface bem limpa.
Um Android com interface bem limpa.

O sistema Android tem o já tradicional visual clean trazido pela Motorola. Em aparelhos mais baratos como este, a menor quantidade de apps pré-instalados e a simplicidade dos menus são especialmente bem-vindos. Recebi o telefone com o Android 9 Pie que, apesar da boa impressão inicial e da experiência agradável em seu manejo, me decepcionou um pouco por não possuir os tão úteis gestos criados há um tempo pela fabricante, como as duas batidas no ar para ligar a lanterna e o torcer do pulso para acionamento da câmera.

Câmeras

O conjunto de câmeras está na média da categoria, nenhum grande destaque, nenhuma grande perda. Se, há algum tempo, aparelhos mais acessíveis tiravam fotos turvas e sem vida, isso é parte do passado com o E6 Plus em mãs. As fotos têm coloração razoável, com boa diferenciação de tons em cenários como fins de tarde, e até o modo retrato, aquele que desfoca o fundo das imagens, é decente ao separar os planos para aplicação do efeito. Minha única recomendação é que, ao utilizá-lo, se configure desfoque em nível intermediário ou menor, para que os resultados sejam naturais.

Apesar de fotos noturnas serem sempre um terreno delicado, neste modelo, a Motorola não implementou nenhuma capacidade especial para capturas em baixa luz. Temos visto modelos intermediários que mesclam múltiplos pixels para conseguirem fotos mais claras, além de outros truques, mas não é o caso deste modelo. Quando cai a luz, as fotos entregues são, no máximo, regulares, com nível de ruído considerável e menor definição. A velocidade do disparo também é menor, exigindo que o telefone fique estático para resultados com bom foco.

A câmera frontal apresenta coloração um pouco menos intensa que a traseira, mas faz o serviço quando há boa iluminação. Mais uma vez, se não houver grandes exigências, o trabalho feito é "ok".

Bateria

Nos últimos anos, a Motorola tem variado bastante o posicionamento de suas linhas. Isso, por vezes, acaba gerando mudanças inesperadas em aparelhos que, um dia, se destacaram em certo departamento. É o caso da bateria neste modelo. Seu antecessor, o Moto E5 Plus, trazia uma abundante capacidade de 5000 mAh, que claramente se destacava como atrativo. Isso não foi mantido na atual geração, e o E6 Plus traz apenas 3000 mAh, que, se não é uma marca insuficiente, representa apenas a linha média de modelos intermediários.

Sim, a traseira é um imã de marcas de dedo.
Sim, a traseira é um imã de marcas de dedo.

De todo modo, a autonomia que consegui não decepcionou. Em uso misto, que incluiu muito WhatsApp, Instagram, YouTube, Spotify e navegação na web, consegui algo em torno de 5 horas e meia de tela ligada, com 17 de uso total. É um aparelho que, dentro de um dia, não deve deixar nenhum usuário convencional na mão.

Veredito

Motorola Moto E6 Plus
7.0
Prós
  • Design simpático
  • Leve e bom de manusear
  • Desempenho adequado para uso comum
Contras
  • Bateria, embora aceitável, é pior que a do antecessor
  • Micro USB. Já deu, né?
  • Falta um grande atrativo

Levando em consideração que é um celular de entrada, julgo que o Moto E6 Plus é decente, sem pontos negativos relevantes. Em contrapartida, também não há um aspecto que o destaque na multidão: o design é simpático, a performance é digna e as câmeras fazem o que se espera. Mas a concorrência é pesada. O próprio portfolio da Motorola oferece opções interessantes com preço similar, como o Moto G7 Play, que tem processador mais parrudo. Fabricantes asiáticas como a Xiaomi também fazem grande sombra, conquistando parte do público entusiasta.

Onde comprar o Moto E6 Plus

Ao menos, observa-se que, alguns meses depois de seu lançamento, o E6 Plus vem aparecendo por valores mais razoáveis no varejo online, em torno de 600 reais. Apesar de o desconto não livrá-lo da concorrência, já torna a aquisição mais justa para o público leigo, ou em compras de ocasião.