A tendência atual de smartphones com telas gigantes não agrada a todos. Já há algum tempo, aparelhos com displays menores, ou não tão grandes, vêm sendo uma demanda clara, que nem sempre é atendida no segmento dos tops de linha. Por algum motivo, as fabricantes costumam lançar seus modelos menores com especificações mais simples, comprometendo parte da experiência. Mas isso mudou com dispositivos como o Galaxy S10e da Samsung, que, mesmo com dimensões reduzidas, traz todo o conjunto premium de seus irmãos maiores (S10 e S10+). Ou quase isso.

Samsung Galaxy S10e
8.9
Prós
  • Tela
  • Ergonomia
  • Câmeras
Contras
  • Bateria

Design e construção

ÍNDICE

A construção do Galaxy S10e parece uma tentativa de atender a duas demandas. A tela AMOLED de 5.8 polegadas e pouquíssimas bordas o torna um telefone notoriamente menor que a média atual, mas não é só isso: por aqui, a Samsung optou por remover suas já tradicionais bordas curvadas, apostando em uma tela flat, o que foi um grande acerto em minha opinião. Um aparelho menor e sem a chamada tela Edge é muito mais confortável para se manusear, até mesmo entre os que têm mãos grandes como eu - afinal, ele é menor apenas para os padrões atuais, não se trata de algo minúsculo como o velho iPhone SE. Além disso, uma constatação importante: a resolução de 1080 x 2280 pixels, também menor, não impõe limitação prática alguma para o usuário, que permanece tendo uma vivência de top de linha.

Não dá pra falar da tela e deixar de mencionar o posicionamento da câmera frontal, que fica em seu canto superior direito. Eu imaginei que esse design curioso iria dispersar a minha atenção, e não estava errado. De fato, nos primeiros 15 dias, algumas vezes eu confundi essa lente com uma notificação gigante em apps como o Instagram. Não vou classificar como incômodo, mas foi estranho. Ao menos, várias comunidades da internet se dedicaram a transformar esse limão em limonada, desenvolvendo wallpapers que integram a peça em seus desenhos, camuflando-a de forma muito divertida.

O segundo acerto na construção foi no leitor de impressões digitais. Ele não segue a moda de ser dentro da tela, pois fica localizado na lateral direita do telefone. Preciso dizer que ainda prefiro um leitor traseiro, ou até mesmo frontal, abaixo do display, mesmo sabendo que esses não voltam mais. Essa posição torna o desbloqueio algo um pouco mais difícil para quem segura o smartphone com a mão esquerda, embora dê pra se desenvolver um leve malabarismo para alcançá-lo com o indicador. De todo modo, a leitura acontece de forma bastante eficiente, muito superior ao que consegui com a solução in-screen do S10 comum. Utilizando ambos por um bom tempo, ficou claro que este aspecto é um trunfo do S10e.

Hardware e performance

No passado, a Samsung lançou versões "mini" de seus Galaxy S que vinham com hardware bem menos poderoso. O Galaxy S10e foge desse modelo, e traz o mesmo processador que o restante da linha. Em nosso território, esse chip é o Exynos 9820, feito pela própria coreana, mas outros mercados receberam o mais famoso Snapdragon 855 da Qualcomm. Isso não deixou os entusiastas brasileiros tão felizes, porque testes sintéticos mostram que a solução da Samsung apresenta leve desvantagem em performance ou eficiência energética. Mas vamos deixar esses números de lado para concluir o óbvio: este é um chip muito rápido.

Além disso, o Galaxy S10e vem com 6GB de memória RAM, 2GB a menos que as versões base de S10 e S10+. Mas preciso dizer que, no cotidiano, a diferença é pouco relevante. Observei desempenho digno de um "top", com rápida abertura de aplicativos e multitarefa. As chamadas "engasgadas" são raras em sua operação, mesmo com vários apps pesados abertos. O mesmo pode ser dito sobre jogos, que rodam em configurações altas sem qualquer problema. Utilizei o S10e por 60 dias no total, e estimo que sua performance era ao menos 95% igual à dos primeiros dias após esse período.

Colabora com isso o sistema que é rodado pelo smartphone, que vem com Android 9 e a interface chamada "One UI" por cima. Trata-se da nova personalização da Samsung sobre a propriedade do Google, que traz ícones grandes, menus mais limpos e funções úteis, como a clonagem de apps ou os printscreens estendidos. Se há algum tempo o Android dessa fabricante era um verdadeiro calcanhar de Aquiles, pesado e cheio de bugs, é ótimo notar que agora ele pode até ser colocado como ponto positivo, dada a limpeza feita na velha "Touchwiz", a interface anterior, já descontinuada. Às vezes, ainda acho que há cores demais em alguns lugares, explicações demasiadas em outros, mas a evolução nesse departamento é evidente.

O que não acompanha a boa performance do Galaxy S10e é sua bateria. Com 3100 mAh de capacidade, ela deixou muita gente com pé atrás e, em minha experiência, isso infelizmente se justificou. Em meu uso mais comum, de redes sociais, WhatsApp, Telegram, algumas fotos e vídeos no YouTube, e sem qualquer economia de energia habilitada, consegui algo em torno de 4 horas de tela ligada, com 12 ou 13 horas de uso total. Com mais horas de uso, os tempos de tela caíram ainda mais, deixando claro que, de fato, esse não é um ponto forte.

O aparelho é habilitado para carregamento rápido, o que é bom, e também possui a função de recarregar dispositivos via indução em sua traseira - é só colocar algum aparelho que suporte carregamento sem fio sobre as costas do S10e e ele usa sua própria energia para recarregá-lo. Em minha rotina, entretanto, não me empolguei muito para usar essa segunda funcionalidade, já que a primeira (a do carregamento rápido) foi sempre necessária. O S10e é um smartphone em que eu não pude confiar 100% para sair de casa sem carregador, principalmente nas ocasiões em que ele não tinha carga completa.

Alguns artifícios podem entrar em ação para aumentar a autonomia. Por exemplo, pode-se desabilitar o always on display, recurso que exibe notificações na tela quando está apagada. Não sou fã desta alternativa, principalmente quando considero que não há um LED de notificações como substituto. O mais comum vai ser investir nas opções de economia de energia disponibilizadas pela Samsung, que são competentes para se ter uma sobrevida. Que fique claro: os resultados não são um desastre, mas merecem atenção.

Especificações técnicas:

Samsung Galaxy S10e
GERAL
Status
Verificado
Data lançamento
20/02/2019
Preço de lançamento
R$ 4.299,00
Menor preço histórico
R$ 1.249,00
Preço atual
R$ 2.903,12
Outras informações
Peso
150g
Proteção Água
IP68
Plataforma
Sistema
Processador
GPU
Mali-G76 MP12
Memórias
Memória RAM
Armazenamento
Armazenamento Extra
512 GB
Tela
Tela - Tipo
Dynamic AMOLED
Tela - Tamanho
5,8"
Tela - Resolução
2280 x 1080
Tela - Proteção
Gorilla Glass 5
Câmera principal
Câmera principal
12MP e 16 MP
Vídeo
4K - 60fps
Câmera frontal
Câm. Selfie
10 MP
Bateria
Bateria
Redes de dados
3G
Sim
4G
Sim
5G
Não
Wi-Fi
Sim
Bluetooth
Sim
GPS
Sim
NFC
Sim
Som
Som
Estéreo e Dolby Atmos
3.5mm jack
Sim
Outros
Rádio FM
Sim

Câmeras: Boas, como sempre

A Samsung vem conseguindo se manter entre as principais fazedoras de câmeras há um bom tempo, e o S10e mantém a escrita. Ele não tem a lente zoom das outras duas variantes, mas a escolha pelo conjunto "lente normal + lente de ângulo aberto" foi acertada, e digo isso porque encontrei muito mais situações em que eu precisava capturar ambientes grandes, ou objetos muito próximos de mim, do que situações em que precisei aproximar a imagem antes de fazer a captura. Seria bom ter tudo? Sim. Mas, se fosse para escolher, essa seria a minha opção.

O celular tira fotos bastante nítidas e com cores vibrantes, o que tende a agradar o grande público. Em alguns cenários, ficou óbvio para mim que a foto capturada não traduzia com perfeição o que eu estava vendo, mas era provavelmente mais agradável para impressão ou redes sociais. O foco é rápido e as capturas não levam muito tempo, até mesmo à noite. E por falar em noite, a Samsung, liberou uma atualização que adicionou o famoso modo noturno ao S10e, ou seja, ele agora é capaz de "enxergar o que o olho humano não vê", assim como os Google Pixel, onde essa tendência foi introduzida. Os resultados são muito próximos aos conseguidos pelo Google, mas não é um modo do qual sou entusiasta, por comumente transformar noite em dia, mas é válido que exista.

Imagem da galeria
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A câmera frontal, por sua vez, fica numa linha média do que temos encontrado em aparelhos avançados. Cores um pouco menos vívidas e modo HDR menos eficiente, embora ainda capaz de fazer bons registros, com um ângulo aberto propício para selfies com muitas pessoas.

No aplicativo de câmera, estão disponíveis uma série de modos de fotografia, entre os quais eu destaco o modo "foco dinâmico" e o modo Instagram. O foco dinâmico é o famoso modo retrato, que borra o fundo das imagens para gerar fotografias com cara de profissionais. Julgo que, às vezes, ele se perde um pouco em contornos de braços e, principalmente, de cabelos muito esvoaçantes, mas é uma solução competentíssima, que é ajudada pela possibilidade de se controlar a intensidade do desfoque até mesmo depois de feita a captura.

O modo Instagram é uma novidade apresentada pela Samsung em conjunto com o referido aplicativo, visando a reduzir a diferença de qualidade que existe entre iPhones e Androids na produção de conteúdo para o app. Localizado dentro da câmera nativa, esse modo utiliza todos os recursos do hardware (HDR, estabilização) para processar fotos e vídeos, enviando-os automaticamente para o Instagram assim que são finalizados. É uma opção interessante, que gera materiais um pouco melhores que aqueles produzidos direto no próprio Instagram. Entretanto, ainda falta suporte para certos filtros e efeitos, o que descredita esse modo como a escolha definitiva. Em última análise, o Galaxy S10e é um aparelho que fica acima da média do Android para o Instagram, mas ainda não supera, ou sequer iguala, o que faz um iPhone XR ou XS nessa tarefa.

Os resultados em vídeos são bons, embora a estabilização da imagem e o ajuste automático de exposição ainda deixem margem para melhorias. É algo que cito apenas para ser detalhista, mas que satisfará a imensa maioria dos usuários. A gravação de áudio, aliás, é muito boa, gerando som encorpado e sem distorções até mesmo quando se captam fontes com volume alto - por exemplo, em shows.

Veredicto

É fácil perceber porque o Galaxy S10e acabou sendo o preferido de muitos nessa décima geração. Ele é bonito, tem ótima pegada por conta do tamanho e da tela "não Edge" e traz um leitor de digitais que, se não é perfeito, é bem mais eficiente que os atuais modelos embutidos na tela. As perdas, como a da memória RAM e da lente zoom, estão dentro de uma margem que vai do imperceptível ao aceitável.

A bateria é a exceção de toda essa abordagem, já que, nesse aspecto, uma ou duas horas de tela a menos já fazem diferença drástica. Cada usuário tem seu próprio modo de utilização e, por isso, a menor autonomia não inviabilizará a compra para muitos. Mas para quem foca nesse aspecto, o sinal de alerta deve estar ligado. De todo modo, esse foi um lançamento muito válido da Samsung, que se tornou ainda mais atraente agora, meses após seu lançamento oficial - se ele saiu custando acima dos 4 mil, já pode ser encontrado facilmente abaixo dos 3. Está bonito, e fica a expectativa de a Sammy mantenha um modelo com esses moldes nas próximas gerações.