Review T-Dagger Bora | O teclado mecânico mais polêmico do Brasil

É a primeira vez que a T-Dagger aparece aqui, e é uma marca interessante. Os produtos brotam meio que "do nada" nas maiores lojas de e-commerce do Brasil, e junto de marcas como Hoopson, Multilaser, Fortrek e Warrior, compõe o cenário de periféricos ultra-baratos no Brasil.

Todos eles, é claro, são fabricados na China. No caso dos periféricos da T-Dagger, é possível encontrar produtos idênticos em sites como Amazon, mas com outro nome, como o mouse wireless da Victsing, vendido no Brasil como o T-Dagger Corporal. Esse foi o único que encontrei, mas tenho certeza que existem muitos outros.

Lançar produtos chineses no Brasil como marca própria não é novidade, mas é importante ter consciência de onde estamos nos metendo ao comprar periféricos extremamente baratos.

Existem dezenas de reviews sobre esse teclado em específico, o que não é estranho, já que é um produto barato e popular. O diferencial da nossa review é que eu utilizo esse teclado todos os dias há quase dois anos. Sim, senhoras e senhores, esse é o MEU teclado.

Mas por que diabos eu, que tenho acesso a diversos teclados gamers, utilizo diariamente o teclado mecânico de entrada mais barato do mercado? Te conto aí embaixo, na review!

Construção

Tudo normal aqui, o teclado é inteiramente de plástico. Apesar disso, foi usado bastante do material e não dá a impressão de ser mal construído. É relativamente pesado e não dobra ou entorta. As teclas são "flutuantes", expondo parte dos switches e facilitando a limpeza. Nenhuma parte do teclado "sobra", digamos assim. O design eu só não posso chamar de minimalista por causa da fonte grossa "gameficada", mas o teclado não possui nenhum excesso em sua estrutura: ele termina onde as teclas acabam, sem margem alguma.

Na parte inferior temos quatro pontos emborrachados, dois inferiores e dois superiores. A ponta dos pezinhos não possui nenhum material antiderrapante.

O cabo é comum, de borracha, Micro USB, um metro e meio de comprimento e removível. Essa última característica ajuda muito na hora de limpar o teclado ou transportá-lo.

Keycaps

As keycaps são em plástico ABS prensadas através do método double-shot injection, nada de incomum aqui, é o método mais comum de produzir keycaps de teclados mecânicos, pois garante que as marcações da tecla jamais sumam. O plástico ABS é conhecido por ficar brilhoso com o uso, e as keycaps do meu modelo já apresentam esse detalhe.

Aqui temos um dos maiores pontos negativos do teclado, na minha opinião, que são as letras em fonte "gamer". São gigantes e num estilo meio tosco. As funções secundárias pintadas em tinta branca também não me agradam, apesar de não terem desgastado ainda com o uso. Isso é gosto pessoal. Creio eu que se tivessem optado por fontes mais sérias e convencionais, o teclado ficaria com um aspecto menos "xing-ling".

Construção Interna

Ainda não sou experiente nessa parte, mas me parece que a PCB é comum, como esperado. Ao menos não há resíduo de solda, defeitos de fabricação aparentes, oxidação, ou outros detalhes que poderiam indicar falhas futuras.

Switches

Os switches são a parte mais polêmica deste e de muitos outros teclados mecânicos disponíveis no mercado terceiro-mundista. Os famigerados switches Outemu, fabricados pela empresa chinesa Gaote. Sobre eles, copiei e colei abaixo alguns comentários de usuários de teclados com switches Outemu:

Tenho um faz dois anos e já tive problema em várias teclas e tive que trocar os switches, paguei 199 na época.

Nem de graça, switches são muito ruim. Tive dois e os dois apresentaram o mesmo problema, isso em um intervalo de tempo de 2 meses aproximadamente

teclado bem de entrada, melhor que o kumara e mais barato que o normal único ponto negativo são os switches, que são uma caixa de pandora (às vezes duram, às vezes não)

Péssimo controle de qualidade da marca dos switches utilizados nesse teclado. Vale mais a pena investir seu dinheiro em outro teclado mecânico e evitar futuras frustações.

outemu to fora, pego meu cherry e vou embora

Fujam do Switch Outemu, a Terabyte nem menciona qual é o Switch pois sabe que é uma *****.

Se você quiser ver por sí mesmo, pode entrar em qualquer vídeo ou site de promoções que tenham espaço para comentários. Com certeza encontrará centenas de pessoas como as acima, afirmando que switch Outemu é a pior coisa do mundo, mas também de pessoas que juram ter o teclado a anos sem ter dado nenhum problema.

A internet brasileira simplesmente entrou num consenso de que switch Outemu é loteria, pode dar problema ou não. O motivo disso é o suposto péssimo controle de qualidade da empresa. A gente aqui no Brasil não tem como realmente saber o que está rolando lá dentro da DONGGUAN GAOTE ELECTRONICS, mas temos certeza de uma coisa: os switches Outemu são baratos e problemáticos. No meu caso, tive azar na loteria Outemu. O meu teclado começou a dar problema em poucos meses de uso, com teclas dando "duplo clique" ou simplesmente não registrando.

Mas por quê estou fazendo review de um produto defeituoso? Simples, todos os problemas que tive com os switches (acredite, foi um por mês, no mínimo), eu consegui consertar em segundos. Apesar do teclado ser barato, ele é hotswappable. Significa que você pode literalmente arrancar para fora os switches e substituí-los num piscar de olhos - sem solda. A própria T-Dagger envia junto com o teclado 5 switches avulsos para substituição, junto da ferramenta necessária para arrancá-los. Peguei bastante prática nisso, quando um switch apresenta o mínimo sinal de problema, eu o arranco pra fora, dou uma assoprada no PCB como se fosse um cartucho de Super Nintendo e o enfio de volta no slot, funcionando perfeitamente, como se nada tivesse acontecido.

Digitação

No momento, os switches brown ou marrons são os meus favoritos. Os azuis são muito barulhentos e os vermelhos lineares faltam "algo", e esse algo é a sensação táctil presente nos marrons. São bem confortáveis e satisfatórios na digitação, e, apesar de ser um teclado barato sem lubrificação, o som não é desagradável. Ninguém no escritório reclamou do barulho, mas te garanto que se fossem switches Outemu Blue eu não ia conseguir terminar um parágrafo dessa review antes de me botarem pra rua.

Iluminação

É comum os teclados nesta faixa de preço virem com luzes sólidas ou com um led de cada cor. Mas não com o Bora, o RGB é um ponto forte desse tecladinho. As luzes são bem fortes e refletem bem, cada tecla possui iluminação RGB própria. Os efeitos são configuráveis manualmente, utilizando a tecla FN em combinação com outras para alterar efeitos, cores, velocidade, etc. Também podemos configurar a iluminação através do software.

Software

O software é extremamente básico, disponível para download no site da T-Dagger. Só temos a opção de trocar as cores:

Apesar do Editor de Macro estar presente, não temos a opção de acioná-lo, inutilizando o recurso.

Veredito

Se eu tivesse a oportunidade de voltar no tempo e comprar esse teclado novamente pelo preço que paguei, R$ 189,90, eu faria. Mesmo agora estando ciente dos problemas nos switches (que não são problemas do teclado em sí, e sim da produção porca de switches Outemu).

É uma experiência interessante, pois quando o teclado funciona, ele é muito bom. Se eu não tivesse conhecimento desse recurso do hot swap, já o teria jogado no lixo. Em média, eu tenho de retirar um dos switches e limpar com alcool isopropilico uma vez ao mês. O que pra mim, entusiasta que gosta de fazer manutenção, é rápido e fácil. Mas pode parecer absurdo para alguns. É uma pena que muitas pessoas desconhecem esse processo de hotswap e simplesmente descartam os switches Outemu.

Agora, quais as alternativas que temos no mercado de hoje? Nessa faixa de preço temos dezenas de teclados mecânicos, e todos eles vão ser praticamente iguais ao Bora, como o popular Kumara (quase idêntico ao Bora), o Fortrek Black Hawk, Warrior Tero, Mancer Onyx e Ghoul, dezenas de teclados da Redragon, etc. Existem muitos teclados mecânicos nessa faixa de preço, e todos eles utilizam switches Outemu.

Se você quer muito fugir dos Outemu, vai ter que desembolsar um pouco mais de grana. Por cerca de R$ 100 a mais, temos o Sharkoon PureWriter RGB, com switches Kailh Red.

Dá pra levar também o teclado Gamdias Hermes E2, com switch Huano Brown. Outra alternativa são os switches fabricados pela Gateron. Mais caros que os Outemu, mas é incomum apresentarem problemas. Temos o Dazz Eclipse/Orion e o Husky Blizzard. Desses eu tenho o Dazz Eclipse com Switch Gateron Blue, paguei R$186,00 mas não o recomendaria. O RGB é muito feito e cada tecla é capaz de produzir apenas uma cor. Também não é hotswap e os switches Blue fazem MUITO barulho.

Você também pode tentar a sorte e garimpar algum teclado mecânico interessante no Aliexpress. São centenas de marcas, e é possível que você não consiga encontrar informações sobre elas, então preste bastante atenção nas especificações básicas do produto.

Para quem eu recomendaria o T-Dagger Bora?

Talvez no futuro, quando você estiver lendo essa review, o mercado brasileiro não esteja mais inundado com switches Outemu. Mas no momento, são o melhor custo benefício, e o T-Dagger Bora é um tecladinho que conquistou meu coração. Se você é entusiasta, deseja um teclado mêcanico de entrada que seja confortável de digitar, com RGB bonito e/ou é uma pessoa que não se importa de limpar os switches mensalmente, eu o recomendo.

• Tipo de switch: Mecânico
• Switch: Outemu Brown
• Anti-ghosting: Sim - Desconhecido
• Impressão das keycaps: Impressão Double-shot
• Material das keycaps: Plástico ABS
• Layout: ABNT2
• Tamanho: TKL ou 80%
• Possui software?: Sim
• Possui descanso para pulso?: Não
• Grava macros?: Não

T-Dagger Bora Brown - Veja aqui a ficha técnica completa