Desde que estreou na Netflix, em 15 de julho deste ano, a série Stranger Things caiu no gosto dos assinantes do serviço de streaming. Em poucas semanas ela entrou para a lista das melhores produções do canal, segundo nota do IMDb, um dos maiores sites sobre produções televisas do mundo, alcançando pontuação 9,2. Além disto, a série chegou a superar Game of Thrones na lista de seriados mais populares, do IMDb.

Ambientado na década de 80, o seriado tem apontado como receita de seu grande sucesso o resgate de elementos de filmes clássicos dos anos 80, em especial os de terror, ficção científica e suspense. Apostando cada vez mais em produções originais, a Netflix novamente acertou a mão e criou mais uma produção digna de maratona.

Para quem pensa que as produções são feitas e só depois de lançadas acabam caindo no gosto do público, não é exatamente assim que as coisas ocorrem. A realidade é que a Netflix tem se utilizado cada vez mais de um algoritmo capaz de identificar os gostos de seu público para criar filmes e séries que se encaixam exatamente com o que eles querem assistir. Ou seja, o caminho é inverso. Não é a empresa que pauta o que se tornará sucesso, mas sim seus próprios assinantes dão indícios do que pode ser bom.

Claro que o trabalho com roteiro, produção, direção e eficiência dos atores contratos também são muito importantes para garantir que o título caia nas graças de quem assiste. Mas o enredo é de extrema importância, por isso saber quais histórias prendem a atenção do público é meio caminho trilhado ao sucesso. Segundo a Folha de São Paulo, Stranger Things é o patamar máximo desta manipulação realizada pela Netflix. O jornal ressalta que a história em torno do sumiço de um garoto "se resume a copiar com habilidade elementos carismáticos de filmes clássicos dos anos 1980".

Mas a afirmação não deve ser encarada como uma crítica negativa. A mensagem passada é uma forma de ressaltar a precisão alcançada pelo algoritmo da Netflix, que pode ser percebido em Stranger Things, por seu tremendo sucesso em reunir em uma única história elementos de diversos clássicos do cinema, o que traz uma sensação de nostalgia em quem assiste.

Assim como o Facebook, que faz uso de um algoritmo para destrinchar o comportamento de seus usuários a partir de suas fotos, publicações e interesses para oferecer um conteúdo publicitário sob medida, a Netflix também utiliza a ferramenta que, de início, serviria apenas para melhorar a indicação de seus filmes e programas de TV, mas que agora serve como forma de aprimorar suas produções.

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Para isto, é observado o que os seus cerca de 83 milhões de assinantes, espalhados em 190 países, assistiram, deixaram de assistir, pausaram, criticaram, demoraram para ver ou elogiaram. Com base nestas informações colhidas, o serviço de streaming consegue entregar aos seus assinantes, produções que eles querem assistir, prendendo os usuários por mais tempo na plataforma e tornando o seu conteúdo viciante.

Esta estratégia, conforme ressalta a Folha de São Paulo, vem ganhando terreno. Segundo o periódico, em um ano, o número de indicações de produções da Netflix, ao principal prêmio da TV Americana (Emmy) passou de 34 para 54.

A nota média do público, dada a 74 obras do canal, no IMDb é de 7,5. Por enquanto, este sistema parece ainda não funcionar para filmes, cuja nota média neste mesmo site é de 6,1.