Um dos maiores problemas enfrentados por desenvolvedores e produtores de mídias (digitais ou físicas) é o constante crescimento da pirataria pelo mundo todo, um problema sério que desvaloriza os mercados de jogos, filmes, músicas e livros, praticamente obrigando o crescimento do valor de seus respectivos produtos para que este "rombo" seja coberto.

De acordo com uma pesquisa publicada no ano passado pela TruOptik, o Brasil é o segundo país do mundo com mais casos de pirataria. Foram cerca de 71.2 milhões de IP’s brasileiros registrados realizando downloads irregulares, somando uma quantidade de downloads de cerca de 1,2 bilhão. Números não tão absurdos se comparados ao líder do ranking, os Estados Unidos, com 108,7 milhões de IP’s que baixaram softwares fechados sem pagar por eles. O quão preocupantes podem ser estes números? Se somarmos o valor de cada mídia baixada, alcançamos o maior montante do mundo, US$99.6 bilhões.

Escute o podcast aqui:

Para tentar dificultar o acesso a pirataria, diversos tipos de segurança já foram desenvolvidos, no entanto, pouquíssimas delas foram tão eficientes quanto a tecnologia Denuvo Anti-Sabotagem, da austríaca Denuvo Software Solutions, que desenvolve sistemas de criptografia para a segurança de dados de e-books, softwares, jogos e filmes. Lançado em 2014, o Denuvo Anti-Tamper vem dando muita dor de cabeça aos crackers, que encontram cada vez mais dificuldades para descriptografar os códigos usados pela empresa.

Há anos os crackers vinham sendo extremamente eficientes no desenvolvimento de cracks para jogos e softwares, afinal, em alguns casos, antes mesmo de serem lançados os títulos já podiam ser encontrados em sites de conteúdo pirata. Hoje a eficácia dos criminosos já não é mais a mesma, principalmente graças a Denuvo, que vem fazendo um bom trabalho assim como, por exemplo, fez com Just Cause 3, que levou mais de um mês para ter um crack funcional lançado e gerou a completa exaustão de crackers pelo mundo todo.

Em uma postagem no Forum do site 3DM Game, uma mulher membro do grupo 3DM, o qual é conhecido como o maior grupo de crackers de todo o mundo, disse ser bem possível que em dois anos a pirataria de jogos seja extinta, em texto, "Bird Sister" disse:

Recentemente muitas pessoas têm perguntado sobre os cracks para Just Cause 3, então aqui vai uma resposta centralizada para esta pergunta: O estágio final está muito difícil e o Jun (melhor cracker do grupo) quase desistiu, mas na última quarta eu o encorajei a continuar. Eu ainda acredito que este jogo pode ser quebrado. Mas vendo as tendências atuais no desenvolvimento da tecnologia de criptografia, num período de 2 anos eu temo que não haverá mais jogos gratuitos (piratas) para se jogar no mundo."

Como é comum dizermos no meio computacional, nenhum tipo de segurança é impenetrável, no entanto, é possível aprimorá-la para que fique cada vez mais difícil para o cracker ter sucesso, e é exatamente nisso que a Denuvo está investindo, uma proteção tão complexa que os seus "inimigos" sejam vencidos pelo cansaço assim como quase aconteceu com Just Cause 3.

O que realmente é?

Embora muitas pessoas acreditem que o sistema Denuvo Anti-Sabotagem é um Digital Right Management (DRM), um conjunto de tecnologias utilizado para controlar a criação de cópias não autorizadas ao restringir a utilização, cópia ou conversão de certos arquivos cruciais para o funcionamento do jogo, a empresa já deixou bem claro que não trabalham com isso e o DRM de mídias é aplicado apenas pela própria produtora/desenvolvedora.

Em entrevista ao site DSO Gaming, a Denuvo afirmou claramente não utilizar soluções DRM, mas sim outro tipo de proteção: "Nossa tecnologia Anti-sabotagem impede a depuração, engenharia reversa e alteração de arquivos executáveis para reforçar ao máximo a segurança dos jogos. Denuvo não é um DRM (como não gerenciamos direitos e não atuamos com gerenciamento de licenças), mas sim, a Denuvo protege soluções DRM, como Origin Online Access e o sistema de gerenciamento de licenças da Steam, para que não sejam contornados".

Por segurança, a empresa nunca divulgou claramente como funciona o seu sistema de criptografia e proteção de DRM, portanto, não se sabe muito sobre o mesmo, o que se sabe é que ele é cada vez mais complexo e eficaz, pois está cumprindo o que promete ao tentar vencer os crackers pela fadiga.

E os rumores que a Denuvo prejudica o SSD?

Depois de algumas discussões em forums de hardware e games a respeito de jogadores que estavam tendo problemas com o seu SSD ao rodar Lords of The Fallen, ou então reclamações de que o próprio jogo não funcionava direito, um rumor surgiu a respeito da responsabilidade da Denuvo nestes casos, principalmente pelo game ter sido um dos primeiros a utilizar a tecnologia de segurança da empresa.

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Ainda em entrevista ao site DSO Gaming, a Denuvo deixou bem claro a sua posição sobre a polêmica de que o seu sistema prejudica o SSD ou o HD do usuário com um software por ela protegido. "Um rumor completamente errado que se repete uma e outra vez, embora muitos testes de terceiros (assim como os nossos) afirmam que a nossa solução não realiza operações de leitura ou de gravação para o HDD (daí não temos qualquer impacto negativo sobre a vida de SSDs ou qualquer outro componente de hardware)."

De fato, não existem evidencias de que a tecnologia pode, de alguma forma, prejudicar ou desgastar um SSD, o que pode não passar de mentiras espalhadas por crackers para que a Denuvo perca credibilidade com suas empresas parceiras, portanto, não há motivos para ficar receoso ao comprar um jogo protegido pela Denuvo Anti-Sabotagem.

Mas será que a Denuvo sobrevive?

Até o momento, 11 jogos já utilizam a tecnologia da Denuvo, dentre eles Dragon Age: Inquisition, Battlefield: Hardline, MGS V: The Phantom Pain, Star Wars Battlefront e Rise of The Tomb Raider, no entanto, a presença da mesma já está confirmada em Far Cry Primal. Por ter surpreendido nestes títulos de peso por sua eficiência, provavelmente outras desenvolvedoras, produtoras e editoras venham a contratar os serviços da empresa, que não são nem um pouco baratos.

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Caso o algoritmo de criptografia da Denuvo se torne tão complexo ao ponto de os crackers não terem paciência para tentar quebrá-lo, é provável vermos a tecnologia tornando-se mais presente no mercado e o número de jogos crackeados cair consideravelmente, o que pode ser excelente para a indústria e também para os consumidores, pois, não seria impossível vermos uma baixa nos preços após este "buraco" ser tapado nos cofres das desenvolvedoras.

Esperamos que a Denuvo Anti-Sabotagem seja aprimorada cada vez mais para finalmente colocarmos um fim na pirataria de jogos e softwares, assim como para e-books e filmes que, por não serem mídias tão complexas, podem ser copiadas com mais facilidade. O trabalho de quem desenvolve e publica estas mídias que tanto gostamos de consumir deve ser valorizado, e para isso a pirataria deve acabar.

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