The Witcher, a adaptação da famosa franquia de Andrzej Sapkowski para a Netflix, chega ao seu terceiro ano com a missão de preparar para a saída de Henry Cavill. Nesta temporada, a série não consegue mostrar condições de contornar a ausência do carismático intérprete do Lobo Branco e acaba deixando uma mensagem negativa e preocupante com relação ao futuro.

Imagem: The Witcher - Terceira temporada
Imagem: The Witcher - Terceira temporada

Uma trama pouco interessante

A terceira temporada de The Witcher se apoia muito nos livros originais, chegando a reproduzir cenas e diálogos de forma extremamente fiel. No entanto, isso nos mostra que uma adaptação no audiovisual precisa de outros elementos para funcionar. Montagem, direção e outros aspectos são essenciais, e se não estiverem no mesmo nível da escrita original, toda a obra pode ser desperdiçada. Infelizmente, The Witcher da Netflix é um exemplo disso.

Nesta temporada, vemos a produção mergulhando mais na política do que nos anos anteriores. Tentando entregar um jogo de intrigas, planos e reviravoltas marcantes, a série falha em tornar o enredo envolvente de fato.

Diálogos e momentos com um ótimo potencial, são desperdiçados e se tornam cenas descartáveis e esquecíveis, enquanto a trama geral parece nunca avançar de verdade, e os personagens ficam presos em um loop de encontros e desencontros. A motivação de Geralt e Yennefer para proteger Ciri é clara, mas ela não é o suficiente para impulsionar o enredo de forma convincente. Inclusive, por vezes, o roteiro chega a repetir mais do que necessário a motivação dos protagonistas, parecendo subestimar a inteligência do público.

Em resumo, a terceira temporada de The Witcher não consegue aproveitar completamente o material existente, tornando-a arrastada e menos cativante do que deveria ser. Infelizmente, é mais um exemplo de adaptação que não alcança o mesmo nível de sucesso dos livros originais.

Não há um caminho definido

The Witcher da Netflix parece um tanto perdida, sem saber ao certo qual caminho seguir. Dividida entre uma abordagem próxima aos livros, uma conexão com os jogos ou até mesmo uma narrativa própria que se afaste das opções anteriores, a série não encontra seu rumo. Esse dilema acaba gerando um conteúdo com pouca personalidade, deixando a produção sem um tom definido. Às vezes, ela tenta se apresentar como algo pesado e dramático, mas em outros momentos parece não levar a sério sua própria proposta. Isso acaba prejudicando o ritmo e deixando o espectador confuso.

Esse dilema também se reflete no enredo, com a terceira temporada enfatizando a importância da união entre Geralt, Yennefer e Ciri como uma família, mas os mostrando encontros e desencontros que acabam criando uma sensação de falta de foco e clareza no desenvolvimento da trama. As reuniões e separações acontecem em um ritmo acelerado, sem que esses momentos sejam bem explorados e trabalhados.

Além disso, alguns diálogos parecem desnecessários, repetindo afirmações já feitas anteriormente, enquanto outros detalham situações que poderiam ser facilmente compreendidas sem a necessidade de uma explicação excessiva. Com isso temos diálogos pouco significativos, que não contribuem de fato para o desenvolvimento dos personagens ou da história.

A terceira temporada de The Witcher acaba não conseguindo encontrar seu ritmo, deixando a sensação de que este é um produto que não sabe de que maneira deseja aproveitar o excelente conteúdo original da obra na qual se baseia.

A transformação que deveria cativar

Enquanto se perde em um jogo político que não aproveita a qualidade da obra original, a terceira temporada é dividida em duas partes sem uma razão aparente, com essa escolha parecendo desconexa com o conteúdo que claramente não foi planejado dessa forma. A divisão acaba prejudicando a chegada de grandes reviravoltas, dando a sensação de que temos aqui uma pausa desnecessária entre os episódios.

Apesar disso, a série consegue usar os últimos episódios do terceiro ano para apresentar mudanças significativas na trama e nos protagonistas, embora isso já não pareça fazer tanta diferença nesta altura do campeonato.

No final da terceira temporada, presenciamos acontecimentos que mudam completamente o rumo e a personalidade de certos personagens, e por mais que esses momentos devessem impactar o público com surpresa e emoção, tudo é jogado fora devido aos problemas já citados. A falta de ritmo e a dificuldade em reproduzir momentos memoráveis resultam em um final de temporada que não alcança o potencial esperado.

É assim que The Witcher desperdiça a oportunidade de criar um grande final de temporada, deixando para o público a triste sensação de que o conteúdo é banal e simples, enquanto, mais uma vez, falha em acompanhar a qualidade narrativa da obra original.

Não há mais nada para oferecer?

Com a despedida de Henry Cavill, The Witcher passa uma mensagem preocupante aos fãs, e o terceiro ano pode ser prejudicial para o futuro da produção. A série da Netflix não conseguiu cativar ao adaptar acontecimentos importantes que deveriam ter um forte impacto.

Se a produção não aproveita um conteúdo original primoroso para desenvolver profundamente seus personagens e construí-los de forma marcante, como podemos esperar que as próximas temporadas sejam interessantes?

A série falhou no jogo político, falhou em reproduzir momentos marcantes e falhou na chance de aprofundar o desenvolvimento de seus personagens. Falhou, falhou e falhou. Agora, sem a presença de Henry Cavill como um atrativo para os telespectadores, não sobrou nada para The Witcher.