Nesta terça-feira (03) a empresa chinesa DiDi Chuxing, maior companhia mundial de mobilidade urbana, comprou a empresa brasileira 99, uma plataforma para reserva de carros particulares e de táxis que já atua em mais de 500 cidade brasileiras.

O valor final da negociação não foi divulgado, porém, muitos acreditam que a aquisição tenha sido feita por 960 milhões de reais, cerca de US$ 294 milhões. No entanto, a compra ocorre exatamente um ano após a DiDi Chuxing realizar a aquisição de 10% da 99, quando realizou o primeiro investimento em solo brasileiro. Logo após o investidor japonês SoftBank da DiDi comprou mais 10% da 99, quando acumulou 20%.

Didi já havia adquirido 20% da companhia no ano passado
Didi já havia adquirido 20% da 99 no ano passado

Em agosto de 2016, a DiDi Chuxing demonstrou ousadia ao adquirir a operação da Uber na China. Desde então, o valor de mercado só cresceu, isso porque a companhia em meados de dezembro recebeu do próprio SoftBank e do fundo estatal Mubadala de Abu Dhabi US$ 4 bilhões. Desta forma, o valor de mercado da empresa é estimado em US$ 56 bilhões, aproximadamente US$ 70 bilhões da Uber.

De acordo com os chineses, a nova injeção de capital será utilizada para expansão internacional e também para pesquisas sobre inteligência artificial, além de outras ainda mais avançadas. A DiDi tem sua sede em Beijing, mas também conta com um centro de pesquisa e desenvolvimento no Vale do Silício.

Por enquanto, a companhia ainda não fez nenhum comunicado oficial no Brasil e na China, assim como nas redes sociais. Porém, desde a aquisição de uma fatia da 99 no ano passado, as duas empresas vinham demonstrando interesse em trocar conhecimento e manter-se mais próximas.

Os executivos das duas companhias em setembro do ano passado, participaram de diversas reuniões em Beijing, onde está situada a sede da DiDi Chuxing. Em umas das reuniões, o presidente da DiDi, Liu Qing disse a delegação brasileira durante um encontro aberto também para a imprensa "Somos responsáveis, só na China, por 20 milhões de corridas diárias, oferecendo não apenas soluções de transporte mais eficiente nas grandes cidades, mas produzindo dados sobre mobilidade e necessidades dos usuários que podem auxiliar nos controles de tráfego, ajudando os departamentos de trânsito das cidades a controlarem ou reduzirem os indesejáveis engarrafamentos".

Só em 2016, o setor movimentou US$ 500 bilhões na China
Só em 2016, o setor movimentou US$ 500 bilhões na China

Localizada em Zhongguancun, um bairro da capital chinesa que foi apelidada de Vale do Silício por reunir diversas companhias e startups da economia compartilhada, a DiDi conta com 7 mil funcionários, em que a metade destes são engenheiros e cientistas de dados. É considerada uma das principais startups chinesas da economia compartilhada. Só em 2016, o setor movimentou US$ 500 bilhões na China e chegou a 600 milhões de chineses. Vale salientar que este resultado não foi obtido somente com carros, caronas e corridas de táxi, mas também bicicletas, casas e apartamentos e até guarda-chuvas compartilhados.

A companhia chinesa DiDi segue com uma meta ambiciosa, almeja até 2020 se tornar líder global em transporte inteligente e tecnologia automotiva. Atualmente, a DiDi atua em mais de 400 cidades, produzindo um manancial de dados que ultrapassa 70 terabytes diariamente. Os serviços também são amplos, de aluguel de veículos e reserva de carros de luxo a compartilhamento de bicicletas. Entretanto, a ideia é ampliar para veículos autônomos.

A DiDi conta com vários parceiros, como Tencent, Alibaba e Apple, além de parcerias de investimento e trocas tecnológicas com companhias como Lyft, Grab, Ola, Uber e a própria 99, o que pode ser resultado da solidez que a companhia apresenta no mercado.

As duas empresas, DiDi e 99, operam de forma semelhante. Basta que o usuário baixe o aplicativo da companhia para pedir o carro na modalidade que desejar, como por exemplo, um táxi, um veículo particular padrão ou de luxo ou corridas compartilhadas.

Um aspecto a levar em consideração é a diferença na forma de pagamento das duas companhias. Na China, muita gente prefere usar os aplicativos para transferir dinheiro ao motorista via tecnologia digital, enquanto que no Brasil, os passageiros são dependentes do dinheiro em papel ou de cartões, tanto de crédito quanto de débito.

Fonte: TechCrunch