Talvez a empresa, marca e desenvolvedora de tecnologia em maior ascensão e evidência nos últimos anos, a Xiaomi, em apenas 10 anos de existência, já bate de frente com nomes gigantescos como Apple e Samsung. Fundada em 2010 por Lei Jun na China, a Xiaomi se lançou com a MIUI, que é uma skin sobreposta ao sistema operacional Android que todos os aparelhos da empresa hoje utilizam. A primeira MIUI foi lançada baseada no Android 2.2 Froyo em abril de 2010.

Xiaomi e MI, dois nomes e duas histórias:

A Xiaomi possui uma história interessante por trás de seu nome, que no caso não é o único adotado pela empresa. A Xiaomi é a marca mãe chinesa e original, enquanto foi criada a marca MI para o mercado internacional. Xiaomi significa algo como "pequeno arroz" em chinês, enquanto MI seria uma abreviação para Mobile Internet (internet móvel) e também faz referência à "Mission Impossible", ou missão impossível, em alusão às enormes dificuldades que a empresa enfrentou em seu primórdio. A partir de uma empresa e dois nomes, também duas marcas partem da gigante chinesa, a própria marca MI e a Redmi, submarcas da Xiaomi e que nomeiam a vasta maioria de seus produtos e todos seus produtos mobile.

A criação de um nome secundário para o mercado exterior se deu pela necessidade de uma maior fluência e facilidade de pronúncia para fora da China, em especial para o mercado indiano. Enquanto Xiaomi é um nome simples e acessível na China, outros países asiáticos não tem a mesma fluência. Por questões óbvias de marketing e publicidade, a MI foi criada para representar a Xiaomi em demais países. Contudo, não foi uma tarefa fácil. Justamente por se tratar de um nome curto e demasiado simples, as patentes e domínios que hoje existem em uma enorme quantidade de países ao redor do mundo custaram fortunas por parte da empresa, além de dar bastante trabalho em negociações e na justiça. Hoje, o portal oficial da Xiaomi aqui no Brasil é simplesmente mi.com, assim como nos demais mercados onde a empresa é presente, que somam mais de 90 países.

O nascimento:

A Xiaomi se dedica à inovação de maneira geral, porém desenvolve produtos inteligentes, smartphones e realizam parcerias com outras empresas e desenvolvedoras para lançarem os mais diversos produtos. A Xiaomi produz a parte inteligente dos produtos e produz por completo seus dispositivos móveis. Aqui no ocidente quase não temos acesso à produtos inteligentes Xiaomi, mas a empresa também desenvolve os mais inusitados aparelhos domésticos, vestimentas inteligentes e muitos outros, mas sempre em parceria com outras marcas. São os smartphones da Xiaomi que estão conquistando todo o mundo, fazendo da empresa chinesa a quarta maior marca de smartphones de todo o mundo.

O primeiro grande sucesso da marca foi seu primeiro hardware lançado em agosto de 2011. O Mi6, um smartphones com chip dual-core, surpreendeu o mercado chinês pela preço muito baixo e especificações boas, na época foi vendido por somente 18 dólares. Isso resultou em mais de 300 mil pedidos durante a pré-venda em menos de dois dias. Suas especificações eram 1GB de memória RAM, 1930mAh de bateria e um chip gráfico Adreno 220 com SoC Snapdragon S3. Em menos de um ano, em junho de 2012, a empresa chinesa já acumulava 306 milhões de dólares de investimentos de múltiplas fontes que compartilhavam da mesma crença de que a Xiaomi poderia decolar rapidamente. Dito e feito.

Em 2012, chegou o Mi 2, mais um com Snapdragon S4, 2GB de RAM e armazenamento de 32GB. Em 2013, a empresa ocupava o 14º lugar no ranking global em venda de smartphones, mas já chamava muita atenção internacionalmente. Nesse mesmo ano, em julho, houve o nascimento da série Redmi, que acabou por evoluir para uma submarca. Nessa mesma época, a Xiaomi criou também o Mitu, sua mascote, um coelho que veste uma toca russa (ushanka). Assim, a empresa já estava pronta para se desbravar para fora da China. Sua expansão internacional começou em 2014, inicialmente para Singapura e logo depois para a India. No mesmo ano, a Xiaomi comprou por quase 12 milhões de reais (na época) o domínio mi.com na China. Por outros U$ 1 bilhão de dólares, a Xiaomi passou a produzir conteúdo para Smart TVs a fim de fortalecer a marca MI. Contudo, o ano de 2014 também foi marcado por muitas acusações de cópias da Apple por parte da própria empresa americana. Quem respondeu tais críticas foi um brasileiro, Hugo Barra, que foi vice-presidente da Xiaomi por 3.5 anos, deixando a empresa em 2017. Ele afirmou que: "Os nossos designers e os nossos engenheiros são inspirados por grandes produtos e por grandes projetos lá fora. E, francamente, quem é que no mundo de hoje, não é? Aponte-me a um produto na nossa indústria, um produto novo que tenha saído e que tenha uma linguagem de design completamente original. Você não vai ser capaz de encontrar um. "

Além disso, ainda em 2014 a Xiaomi foi acusada de guardar dados de tráfego de usuários em servidores próprios chineses. Isso de fato era verdade, mas o verdadeiro problema em torno disso era a falta de confiabilidade do governo chinês e de seu rígido controle online. Por esses e muitos outros motivos, a Xiaomi se viu forçada a trocar seus servidores principais da China para os Estados Unidos e Singapura, dando mais segurança a usuários e também aquietando chuvas de críticas e teorias de conspiração que rondavam a empresa. Esses argumentos chegaram a ser usados até mesmo pelo governo Trump para criticar e atacar empresas chineses diversas, inclusive a Xiaomi, em meio a tomada de medidas protecionistas contra as mesmas, resultando em embargos contra a Huawei.

Xiaomi no Brasil:

Hugo Barra também trouxe a Xiaomi para sua pátria, o Brasil, em 2015. A chegada oficial da Xiaomi por aqui veio com o Redmi 2 por apenas R$500, competindo com nomes de peso na categoria baixa e média, como as séries Moto G e Zenfone. O aparelho possuía Tela IPS, Snapdragon 410, 1GB de RAM e 8GB de armazenamento interno. Câmera de 8MP na traseira e uma de 2MP na frontal. Tudo isso com uma bateria de 2.265 mAh. A versão Pro do aparelho chegou logo em seguida com um upgrade para 2GB de RAM. As Mi Band e Mi Power Bank chegaram no mesmo ano, por apenas 95 e 100 reais, respectivamente.

Mas o Brasil não recebeu muito bem a marca, com apenas o Redmi 2 e sem qualquer confiança por parte do consumidor brasileiro, em 2016 a Xiaomi desistiu do nosso mercado e passou a remodelar seu negócio. Na Índia a empresa também não atingiu suas expectativas, levando a um 2017 muito diferente e com correções de estratégias, marketing e desenvolvimento de produtos. Nesse ano a Xiaomi reentrou no ranking das cinco maiores marcas mundiais de smartphones por exportação. Contudo, nesse mesmo ano Hugo Barra deixa a chinesa por questões de saúde e também alegando interesse em um outro grande projeto que se revelou ser o desenvolvimento de soluções em realidade virtual do Facebook, no qual ele se tornou líder.

Atualmente:

Em 2019, a linha Redmi oficialmente se torna uma submarca que mira no baixo custo. A empresa retorna com tudo ao Brasil, de início por uma parceria com a DL Eletrônicos, inaugurando sua primeira loja física em junho, no shopping Ibirapuera em São Paulo capital. O site mi.com também chega ao Brasil em 2019 e o cenário atual da Xiaomi por aqui é bastante positivo.

A competitividade dos aparelhos está aumentando e o sucesso internacional funcionou para aumentar a confiabilidade do brasileiro para com a marca. Além disso, os preços dos aparelhos presentes já em um amplo catálogo são extremamente atraentes e desafia já queridinhos brasileiros, como a Motorola e a série Moto G.

Internacionalmente, a Xiaomi segue inovando e começa a adentrar mais e mais setores tecnológicos, sempre explorando produtos inteligentes. Atualmente a chinesa ingressou no mercado de casas inteligentes, desenvolvendo produtos domésticos conectados. Em junho de 2019, a Xiaomi entrou pela primeira vez no ranking das 100 Marcas Mais Valiosas do Mundo, em 74º lugar.