O mercado de fones de ouvido conta hoje com uma quantidade enorme de diferentes modelos. Entretanto, há algumas fabricantes que marcaram a história de uma forma única e continuam em destaque até hoje devido a características que só elas entregam. Já pude ouvir muitos headphones e posso dizer que os feitos pela Grado apresentam é um destes casos, onde o fone te entrega uma experiência única.

O que uma fabricante que está no Brooklin em Nova Iorque desde 1953 tem a oferecer?

Fundada em 1953 pelo relojoeiro Joseph Grado, a Grado é uma fabricante famosa de fones de ouvido que começou sua história produzindo cápsulas fonocaptoras (phono cartridge) para leitores de vinil (vitrolas). É interessante notar que seu gerenciamento é feito até hoje pela família Grado e nunca se mudou do prédio onde surgiram seus primeiros produtos.

Joseph Grado. Fonte: eteknix
Joseph Grado. Fonte: eteknix

Além de ser uma companhia extremamente tradicional, a Grado tem duas coisas que podemos dizer que são sua "marca registrada", que torna seus fones de ouvido inconfundíveis: a dinâmica do som e o design rústico.

O que é essencial para um headphone ser utilizado? A ideia seguida à risca pela Grado

Pense nas peças essenciais que é preciso haver para se construir um headphone over-ear ou on-ear. Agora imagine como fazer isso da forma mais simples e "barata" possível. Pronto, você tem um fone de ouvido da Grado.

Os fones de ouvido da Grado são extremamente simples e utilizam muitas peças plásticas, duas hastes feitas em metal, uma haste fina, um par de ear pads de uma espuma dura e um cabo da grossura de uma furadeira. Alguns modelos chegam a contar com ear cups feitas em madeira ou metal, mas estes são voltados para aqueles que são fãs da marca, pois há um motivo para isso: o som.

A cereja do bolo da Grado que todos querem: o som

Eu já havia escutado alguns fones da Grado, incluindo o SR125i e o SR 225i de um amigo do estado de Alagoas, além do GS1000 e SR325 em um encontro de hobbystas que organizei em São Paulo-SP. Entretanto, é dificil avaliar devidamente os fones da Grado, pois eles são abertos (há grandes na lateral), fazendo com que praticamente não haja isolamento dos ruídos do ambiente, e por conta do posicionamento deles na orelha mudar consideravelmente o som.

Headphone Grado GS1000. Fonte: Vitor Valeri
Headphone Grado GS1000. Fonte: Vitor Valeri

Somente após eu comprar o meu próprio Grado que pude entender com clareza o que o som dos fones desta fabricante novaiorquina tem a oferecer. Ao escutar o Grado RS2e em meu sistema de mesa, composto pelo amplificador valvulado Woo Audio WA3 e pelo DAC Topping D70S, entendi a emoção que os usuários dos produtos da empresa tanto falam para mim.

Headphone Grado RS2e e amplificador Woo Audio WA3. Fonte: Vitor Valeri
Headphone Grado RS2e e amplificador Woo Audio WA3. Fonte: Vitor Valeri

Após ter o Grado RS2e em minha casa por aproximadamente dois anos e meio, posso dizer que ele não só é bom para gêneros de rock de artistas como, por exemplo, os das músicas utilizadas na trilha sonora dos filmes "Guardiões da Galaxia" e "Homem de Ferro", mas também para álbuns de jazz e música Clássica.

O brilho dos sons mais agudos é apresentado de forma muito natural, fazendo com que os pratos de uma bateria soem extremamente realistas, por exemplo. Já os graves apresentam uma boa dinâmica, com um bom nível de impacto e profundidade. Isso pode percebido de forma clara no álbum Jhon Williams: The Berlim Concert.

As vozes e os instrumentos de corda, especialmente guitarras e violões, também ganham muita emoção quando se escuta músicas em que estes instrumentos estão em destaque. Há uma sensação de fisicalidade, de proximidade, no Grado RS2e que fone de nenhuma outra marca conseguiu trazer da mesma forma. Um bom exemplo disso é o álbum Diana Krall Live in Paris, que considero ter uma excelente qualidade de gravação e masterização.

Grado RS2e. Fonte: Vitor Valeri
Headphone Grado RS2e. Fonte: Vitor Valeri

Vale a pena investir em um Grado?

Eu não diria para alguém investir em um fone de ouvido da Grado intermediário ou topo de linha da marca logo de cara. Entretanto, em minha opinião, vale a pena comprar ou experimentar os modelos de entrada da empresa: o SR60X e o SR80X.

É interessante notar que todos os fones da Grado, dos mais baratos aos mais caros, seguem uma assinatura sonora semelhante e é possível se ter uma ideia do que esperar ouvindo os modelos mais básicos da companhia. Desta forma, caso você goste do que ouviu, terá uma ideia se vale a pena avançar ou não na linha de headphones da Grado.

Headphone Grado RS2e. Fonte: Vitor Valeri
Headphone Grado RS2e. Fonte: Vitor Valeri

O RS2e da Grado em específico possui um timbre muito acertado nos médios e agudos, além de um grave bem gostoso de ouvido. Porém, tenha em mente que tanto ele quanto os modelos mais baratos não são fones tão confortáveis como, por exemplo, um Sennheiser HD560S, que avaliei aqui no Oficina da Net.

Em minha opinião, os fones da Grado conseguem compensar sua falta de qualidade no conforto e construção com seu som único. Mas como isso é algo muito pessoal, o melhor a ser feito é ouvir os modelos mais baratos da marca e ter sua própria experiência.

O que você acha dos fones de ouvido da Grado? Já escutou um modelo da marca? Comente abaixo e compartilhe conosco a sua opinião!