Com o crescimento e popularização de plataformas de e-commerce chinesas como o Aliexpress, diversas empresas chinesas viram a oportunidade para diversos segmentos de produtos, incluindo o de fones de ouvido. Com isso, houve o "boom" de IEMs (in-ears monitor) chineses, onde diversas companhias lançaram inúmeros modelos em um ritmo frenético. Para estimular as vendas, houve algumas escolhas baseando-se no que era visto como o melhor no mercado de intra-auriculares e um destes aspectos era o projeto híbrido de in-ears.

Fones de ouvido híbridos são aqueles que possuem mais de uma tecnologia de driver (alto-falante) sendo utilizada em seu projeto. Atualmente, em fones in-ear utiliza-se as seguintes tecnologias de drivers:

  • Driver Dinâmico / Dynamic Driver (DD)
  • Driver Armadura balanceada / Balanced armature (BA)
  • Driver Planar magnético / Planar magnetic
  • Driver eletrostático / Electrostatic driver / Electrostatic Tweeter (EST)
  • Driver de condução óssea / Bone Conduction System
Estrutura explodida para mostrar os drivers (alto-falantes) do fone de ouvido in-ear custom (CIEM) Unique Melody Mest MKII. Fonte: Unique Melody
Estrutura "explodida" para mostrar os drivers (alto-falantes) do fone de ouvido in-ear custom (CIEM) Unique Melody Mest MKII. Fonte: Unique Melody

Por que utilizar mais de uma tecnologia de alto-falante (driver)?

Determinadas tecnologias de drivers possibilitam uma facilidade maior para a reprodução de determinadas faixas de frequência do som (sub graves, graves, médio graves, médios, médios agudos, agudos). Por exemplo: um driver planar magnético geralmente têm mais facilidade para reproduzir graves, entregando um excelente resultado em termos de extensão, textura, entre outros aspectos que podem variar de acordo com o desenvolvimento do alto-falante e do fone de ouvido em si.

Um projeto híbrido é sempre melhor para o in-ear?

Optar por desenvolver um projeto híbrido para um fone in-ear nem sempre é a melhor forma de se obter uma boa qualidade de som, pois há diversas variáveis para se chegar a um bom resultado. Embora a quantidade de drivers possa colaborar para entregar um resultado interessante na reprodução de sons, há um grande desafio em orquestrar a forma como cada alto-falante irá trabalhar para levar o som até o seu canal auditivo. Isso fica ainda mais difícil ao utilizar tecnologias diferentes de drivers.

Para que haja de fato um melhor desempenho utilizando um maior número de drivers, é necessário estudar como é o comportamento de cada driver no fone de ouvido e como ele interage com a estrutura e os sons gerados com os outros alto-falantes. Em termos físicos, temos a interação entre a shell (concha, house, corpo do fone de ouvido), os tubos (se houver) para guiar o som dos drivers e o(s) bore(s) do nozzle (região ou tubo por onde o som sai). Já em termos de comportamento das ondas de som produzidas, há uma diferença entre cada tecnologia de alto-falante (driver) utilizada, além de haver, em certos casos, diferenças geradas pelo próprio desenvolvimento do driver.

Nozzle do fone in-ear Audio Technica ATH-CK350M. Fonte: Vitor Valeri
Nozzle do fone in-ear Audio Technica ATH-CK350M. Fonte: Vitor Valeri
Nozzle de um fone in-ear custom (CIEM) com vários bores (buracos). Fonte: 94dio (Instagram)
Nozzle de um fone in-ear custom (CIEM) com vários bores (buracos). Fonte: 94dio (Instagram)

A maneira como um driver gera graves, médios e agudos pode ser consideravelmente diferente dependendo da tecnologia do alto-falante e da maneira como ele foi desenvolvido. Com isso, é necessário utilizar um crossover, um circuito elétrico que divide o sinal de áudio em várias partes para que cada driver seja responsável por reproduzir uma pequena faixa do espectro do som, conseguindo dessa forma uma reprodução com menos distorções.

Para que se consiga "talhar" o som até o resultado pretendido, além de utilizar crossovers, os desenvolvedores de fones de ouvido colocam filtros em distintos lugares ao longo dos tubos na tentativa de talhar o som de acordo com a intenção dos produtores. Abaixo uma imagem para ilustrar melhor o todo.

Estruturas internas do CIEM (custom in-ear monitor) JH Audio Layla. Fonte: 94dio (Instagram)
Estruturas internas do CIEM (custom in-ear monitor) JH Audio Layla. Fonte: 94dio (Instagram)

É interessante notar que existem empresas que desenvolvem seus próprios alto-falantes, mas a grande maioria compra de companhias especializadas na produção de drivers como, por exemplo, a Sonion e a Knowles. Ou seja, se você não desenvolve o seu próprio, há a necessidade ainda maior de se realizar testes durante o desenvolvimento de um fone de ouvido para chegar em um bom resultado. Considerando toda a dificuldade de ajustes para se obter uma boa qualidade de som, pense que o trabalho é ainda maior se cada um dos drivers apresentar um comportamento diferente.

Custo de um fone in-ear híbrido

Como você viu acima, não é nada fácil desenvolver com qualidade um fone de ouvido in-ear com mais de um driver, ainda mais se for um projeto híbrido, utilizando mais de uma tecnologia de alto-falante. Isso leva tempo e tem um alto custo, levando algumas empresas a optar por utilizar o bom e velho driver dinâmico (DD ou dynamic driver), pois é um tipo de alto-falante que não é caro no geral (desconsiderando o custo de desenvolvimento de um próprio) e, ao mesmo tempo, consegue reproduzir com facilidade dos graves até os agudos. Entretanto, isso está começando a mudar, pois estão surgindo intra-auriculares com um único driver planar magnético e apresentam bons resultados em certos modelos.

Para saber mais sobre as tecnologias de drivers (alto-falantes), acesse o artigo "Quais os tipos de tecnologias existentes em fones de ouvido".

Esse artigo é feito em parceria com o Grupo Fones de Ouvido High-End: