Sejam bem-vindos a continuação do artigo anterior! Na semana passada falamos, basicamente, sobre as diferenças entre o sinal analógico e digital, sobre conexões de linha (line-level) e sobre as diferenças entre os sistemas balanceados e single-ended (SE) que englobam a esfera analógica do sistema de fones de ouvido. Hoje será abordado sobre a seção digital do funcionamento do conjunto de equipamentos de áudio utilizado para se escutar um fone de ouvido com qualidade.

Muitos dão importância somente para o cabo que está conectado ao fone ou ao cabo que está conectado ao amplificador, que são cabos que transmitem o sinal analógico. Mas os cabos digitais também possuem certa influência na qualidade geral de um sistema de fones de ouvido. Se mal feitos, eles podem levar a interferências e oscilações no sinal que é recebido pelo DAC (Digital to Analog Converter).

A grande maioria dos cabos digitais não transmite ruído (se bem construídos) e são feitos de materiais acessíveis, mas de boa qualidade. Porém, as portas do seu computador e a interface de áudio interagem de maneira diferente dependendo dos tipos de cabos que você está utilizando e da maneira como você está realizando estas conexões. Quanto melhor o cabo (construção boa) e mais específica for a sua função, melhor será a transmissão das informações.

Basicamente há quatro tipos de conexão digital por meio de cabos nos sistemas de fones de ouvido. Abaixo uma imagem para visualizarmos melhor os tipos de conexões que foram abordadas no artigo passado e as que serão abordadas neste artigo que são: AES/EBU, S/PIDF (coaxial), TOSLink (optica) e USB.

Conexões analógicas e conexões digitais [Foto por/Photo by: Currawong]

Observando a imagem acima, percebe-se que algumas conexões são parecidas como a conexão S/PDIF e RCA ou AES/EBU e XLR. Entretanto, embora a aparência externa seja parecida, os cabos são projetados para diferentes resistências e não são intercambiáveis, ou seja, não é possível utilizar um cabo RCA como S/PDIF, por exemplo.

AES/EBU

Oficialmente chamado de AES3, foi desenvolvido pela Sociedade de Engenharia de Áudio (AES) e União Europeia de Radiodifusão (EBU) no início da década de 80 e posteriormente revisado nos anos de 1995 e 2003.

Este nome se refere a um tipo de sinal que pode funcionar por meio de um conector ótico ou BNC (S/PDIF coaxial) ou RCA ou XLR. Porém, no caso da conexão digital, o conector XLR de 3 pinos é utilizado para obter uma versão balanceada da S/PDIF(Sony/Phillips Digital Interface).

Para que seja transmitido um sinal digital através de um cabo balanceado, com conector XLR de 3 pinos, é necessário que o cabo tenha uma resistência de 110 Ohms. Então não tente utilizar um cabo analógico com conector XLR na entrada digital, pois não irá funcionar.

S/PDIF (entrada coaxial)

A conexão digital S/PDIF (Sony/Phillips Digital Interface) é o tipo de conexão mais comum disponível depois da USB. Para realizar esta conexão são utilizados cabos coaxiais com plugues BNC (Bayonet Neill Concelman) de 75 Ohms, mas, por motivos de conveniência, a maioria dos fabricantes utiliza entradas e cabos com plug RCA que se parecem muito com as conexões analógicas, porém com a diferença de possuir uma impedância diferente (75 Ohms).

Óptica

Este método de conexão digital é atualmente o padrão da S/PDIF. Ele transfere informações utilizando pulsos (ou flashes) de luz, o que torna esse tipo de cabo quase completamente imune a interferências.

Existem dois tipos de plugue e entrada para este tipo de conexão. O primeiro é o plugue quadrado conhecido como Toslink (Toshiba Link) e o segundo é o plugue 3,5mm (P2), conhecido como mini-óptico. Existem DAPs (Digital Áudio Players) que possuem em uma mesma entrada uma line out (para conectar a um amplificador) junto com coaxial e ótica utilizando-se de uma entrada P2 (3,5mm).

USB

Os cabos USB são utilizados tanto para a transmissão de dados da fonte (PC) para o DAC (Digital to Analog Converter) quanto para a transmissão de energia elétrica para o funcionamento dos dispositivos. Estes dois tipos de transmissão podem ser feitos de forma separada (para menor interferência) ou de forma unificada (através de um único cabo).

Há também a utilização de cabos USB em cabos de fones de ouvido, porém saiba que fones não tocam utilizando sinal digital, então obrigatoriamente existe um DAC (Digital to Analog Converter) e um circuito de amplificação (DAC não trabalha sozinho) no cabo ou no corpo do fone.

Conclusão

Espero que estes dois artigos, onde falamos tanto da conexão analógica quanto da conexão digital de um sistema de fones, tenha esclarecido algumas dúvidas sobre a temática. Há mais coisas a serem abordadas que envolvem as transmissões de um dispositivo para outro no sistema, mas para um melhor entendimento, será abordado aos poucos cada aspecto em outros artigos.

Qualquer dúvida ou sugestão comente abaixo ou nas redes sociais. Será um prazer ouvi-los meus caros leitores.

Esse artigo é feito em parceria com o Grupo Fones de Ouvido High-End: